Leia o excerto abaixo, do texto “No cipó das falações: a forma difícil da poética modernista”, de Roberto Zular, presente no livro “Modernismos: 1922-2022”:
“a oralidade permite tratar de um dos pontos mais sensíveis e incompreendidos do modernismo: a coloquialidade, muitas vezes confundida com a cordialidade e com a ilusão de que não se trataria de textos escritos. No entanto, trata-se de um artifício da escrita, artifício tão potente que é capaz de colocar em xeque a própria divisão estanque entre fala e escrita. Sejamos ainda mais explícitos: a atenção à linguagem falada, brasileira, os mil erros da fala, o ‘somos como falamos’, nossas brasilidades, nossos jeitinhos, nossa maneira de nos expressarmos – não importa por onde se tente pegar essa questão –, o fato é que, literariamente, no modernismo, o mecanismo para captar essas pulsões é a escrita, ainda que a gente escreva o que ouve e nunca o que houve, como propunha Oswald.”
Quanto ao trecho acima, é possível afirmar que
I. a coloquialidade não existe, de fato, no modernismo brasileiro, pois, como se trata de textos escritos, estes são incapazes de imitar a fala.
II. a oralidade se faz presente na poesia modernista brasileira na escrita que se utiliza da linguagem falada, dos “brasileirismos” do nosso idioma.
III. muitas vezes a coloquialidade da linguagem poética no nosso modernismo é confundida com a fala real, como se não fossem textos escritos.
IV. a poesia modernista brasileira até tentou imitar a fala, mas não conseguiu, pois é impossível registrar em poemas escritos uma linguagem coloquial.
V. mesmo tentando se materializar enquanto linguagem oral, a poesia modernista brasileira, sendo escrita, é artificial, de modo que não conseguiu o que pretendia.
Está correto o que se afirma apenas nas proposições