Leia o trecho inicial da crônica “Adivinhe quem veio para jantar”, de Paulo Francis, para responder à questão.
Bernardo Bertolucci, o diretor de O último tango em Paris, filme que a censura brasileira com a sua sapiência costumeira proibiu a 100 milhões de adultos em nosso país (aqui passa em TV), para não corromper-lhes a moral, está em Nova Iorque, ultimando o lançamento de uma versão reduzida a quatro horas e vinte minutos de seu 1900, de um original de seis horas.
Houve uma briga intensa entre Bertolucci e Grimaldi, o produtor, que queria uma versão de três horas e meia. Os motivos da briga, aprendi ontem, são literalmente impublicáveis. Bertolucci ganhou. O filme será exibido como ele quer no Festival de Cinema de Nova Iorque, em outubro, e distribuído por um consórcio que reúne a Fox e a CBS-TV.
Domingo à noite jantei com Bertolucci e a mulher, num pequeno grupo, e depois na minha casa conversamos até três horas da manhã. Uma experiência agradável e instrutiva e, para mim, uma quebra na monotonia do burocratês eufemístico de políticos e similares, que é a minha dieta diária de conversas com pessoas importantes. Apesar disso, devo dizer que me vali da oportunidade cheio de cautelas. Meus contatos com celebridades internacionais, a quem entrevistei ou não, nem sempre foram estimulantes. Em geral, evito-as como a praga. O egocentrismo dessa gente supera o meu, o que talvez explique a má vontade. E o simples fato de que são internacionais — e eu não — provavelmente é outro irritante, dada a minha vaidade.
(Diário da corte, 2012.)
“filme que a censura brasileira com a sua sapiência costumeira proibiu a 100 milhões de adultos em nosso país (aqui passa em TV), para não corromper-lhes a moral” (1º parágrafo)
É correto afirmar que ocorre