Leia o texto de Marcelo Lopes de Souza para responder à questão.
A resposta padrão à pergunta O que é desenvolvimento? gira em torno da aceitação de que desenvolvimento e desenvolvimento econômico são sinônimos. Para muitos, esta é, ainda hoje, uma associação óbvia e imediata: tão óbvia e tão imediata que qualquer desconfiança a propósito de sua validade soa como uma impertinência. Seja lá como for, o presente autor tem sido, a esse respeito, radicalmente impertinente, tendo sua recusa da associação reducionista entre desenvolvimento e desenvolvimento econômico sido insistentemente martelada em vários trabalhos publicados anteriormente. Por que, entretanto, valeria a pena correr os riscos de semelhante afronta à opinião corrente?
Principie-se pelo esclarecimento do que seja desenvolvimento econômico. Ora, esse não se refere a outra coisa que não ao aumento da capacidade de uma sociedade produzir mais bens e de uma maneira melhor (isto é, produtos melhores produzidos mais eficientemente), de modo a satisfazer necessidades humanas. Logo, ele diz respeito, na melhor das hipóteses, a meios para se atingirem maiores qualidade de vida, justiça social etc. e não a fins.
No entanto, sob a guarida de uma certa ideologia do desenvolvimento, ainda hoje hegemônica, privilegia-se, na conceituação de desenvolvimento, exatamente sua dimensão econômica, levando a que se entronize um conceito que se define antes pelos meios, mediante os quais se pode aprimorar o modelo social capitalista, do que pelos fins que, de um ponto de vista social geral, deveriam nortear e dar concretude à expressão mudança para melhor. A referida ideologia, saliente-se, encobre interesses vinculados ao verdadeiro fim, que é a perpetuação desse modelo e, nesse contexto, dos benefícios de determinados grupos ou classes.
(O desafio metropolitano, 2000.)
Em sua argumentação, o texto