Leia o texto para responder à questão.
S. Pedro de Roma não tem saído muito das arcas nestes últimos anos. É que, ao contrário do que geralmente acredita o vulgo ignaro, os reis são tal e qual os homens comuns, crescem, amadurecem, variam-se-lhes os gostos com a idade, quando por comprazimento público se não ocultam de propósito, outros por necessidade política se vão às vezes fingindo. Além disso, é da sabedoria das nações e da experiência dos particulares que a repetição traz a saciedade. A basílica de S. Pedro já não tem segredos para D. João V. Poderia armá-la e desarmá-la de olhos fechados, sozinho ou com ajuda, começando pelo norte ou pelo sul, pela colunata ou pela abside, peça por peça ou em partes conjuntas, mas o resultado final é sempre o mesmo, uma construção de madeira, um legos, um meccano, um lugar de fingimento onde nunca serão rezadas missas verdadeiras, embora Deus esteja em todo o lado.
(José Saramago. Memorial do convento, 1995.)
No texto, o primeiro motivo apresentado para justificar por que “S. Pedro de Roma não tem saído muito das arcas nestes últimos anos.” associa-se correta e coerentemente aos seguintes versos do poeta Camões: