Leia o trecho de uma entrevista concedida ao jornal O Estado de S.Paulo pelo historiador Patrick Zilberman, para responder a questão.
O Estado de S. Paulo: Há dois anos o senhor afirmou que a humanidade tem “temores ancestrais de grandes epidemias”. Como se explica esse medo?
Patrick Zilberman: O medo, o terror acompanha a memória surda das epidemias. Não esqueçamos que a peste negra talvez tenha ceifado, em alguns anos, 50 milhões de vidas em uma Europa que, em meados do século 14, tinha 80 milhões de habitantes. Esse gostinho de cataclismo sobreviveu em nossa cultura até recentemente. O historiador grego Tucídides foi o primeiro a descrever a desintegração social causada por uma epidemia violenta: o esfacelamento das autoridades, a desorganização brutal das estruturas sociais e mentais, o rebaixamento do Estado, uma sociedade humana no limite de suas forças. De uma precisão fantástica, sua pintura nunca foi superada. A “peste” de Atenas, em 430 a.C. e em 427-26 a.C., não foi apenas uma crise sanitária, mas foi também uma crise moral de grande amplitude. A infecção não destrói apenas o corpo – ela também destrói as instituições, os costumes, uma sociedade. A destruição é maciça, com desorganização maciça; esse é o duplo resultado de uma crise epidêmica.
(O Estado de S.Paulo, 10.04.2016. Adaptado.)
Assinale a afirmação que está de acordo com o que diz o entrevistado.