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Nós humanos às vezes somos histéricos
Luciano Magalhães Melo
No pronto-socorro de um hospital, um jovem recebia atendimento por se debater continuamente. Aparentava estar inconsciente, de olhos quase sempre cerrados. Por vezes deixava de balançar seus braços para agarrar e agitar as grades da maca. Os que tentavam socorrê-lo não se recordavam de outra convulsão tão dramática. Para agravar a situação, as tentativas de medicar quase sempre eram rechaçadas por chutes e socos. E os espasmos continuavam...
Andares acima, uma mulher dizia estar com as pernas paralisadas. Vigiada por familiares, tentava exaustivamente mover seus membros inferiores, mas não conseguia contrair um único músculo abaixo da cintura. Horas após, incentivada pelo médico, levantou-se e caminhou cambaleante até a porta de seu quarto. Em nenhum momento perigou cair.
Esses dois casos supostamente diferentes têm algo em comum, a inconsciência. Pois é impossível a alguém, inconsciente durante uma crise epiléptica, conseguir agarrar algo e agredir a quem se aproxima de seringa na mão. E também ninguém incapaz de mover minimamente as pernas conseguirá caminhar. Inconsistência é uma pista para o diagnóstico de transtorno funcional, a condição que faz os sintomas iludirem pela falsa sugestão de haver uma doença específica que não existe.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/luciano-melo/2020/09/nos-humanos-asvezes-somos-histericos.shtml. Acesso em: 27 fev. 2021.
Com base na relação entre o título e a progressão temática desse texto, considerando-se os dois casos apresentados, conclui-se que “nós humanos às vezes somos histéricos”