TEXTO:
Tão importante quanto conhecer a doença que
o homem tem é conhecer o homem que tem a
doença”. Esse conhecido aforismo, de autoria do
médico canadense Willian Osler, um dos pais da
[5] moderna medicina clínica, que atuou na virada do
século 19 para o século 20, resume a saúde na sua
dimensão coletiva e social.
As doenças e as condições de saúde dos seres
humanos só podem ser completamente entendidas
[10] quando os indivíduos são observados no contexto
social, econômico e cultural em que vivem.
Para nós, que vivemos no século 21, é difícil
imaginar outras explicações para as doenças,
diferentes daquelas a que estamos acostumados sob
[15] a ótica científica: microrganismos causando doenças
transmissíveis e fatores de risco, como obesidade,
tabagismo, sedentarismo, hipertensão arterial e
diabetes, entre outros, na origem das complicações
do envelhecimento. No entanto, a forma como as
[20] doenças e as epidemias foram abordadas ao longo
da História sempre foi definida pelas concepções a
respeito das origens dos problemas de saúde, ou seja,
a causa determina o tratamento.
Na Pré-História e na Antiguidade, as explicações
[25] para a doença eram de natureza mágico-religiosa,
compatíveis com o cotidiano daquelas sociedades.
Na Antiguidade e na Idade Média, os problemas
de saúde continuaram a ser explicados em termos
mágicos e religiosos.
[30] O homem passou a viver em vilas e cidades, e
as doenças infecciosas tornaram-se as grandes vilãs,
começando a ocorrer na forma de epidemias, que
eram resultado da ação divina, punindo os homens
por seus pecados, ou da possessão demoníaca. A
[35] Medicina e a Farmácia eram campos de atuação
unificados.
O século 19 foi também o momento da história
em que as distâncias se encurtaram, e o mundo ficou
menor, com a expansão das ferrovias e da navegação
[40] entre os continentes, nos barcos a vapor. A
consequência para a saúde pública foi que as doenças
passaram a se espalhar rapidamente entre regiões e
continentes, com os trens e os navios. Na segunda
metade do século 20 e no século 21, com a
[45] globalização da economia e o barateamento do
transporte aéreo, a difusão das doenças pelos
continentes tornou-se mais rápida ainda. Em poucos
anos, novas doenças tornaram-se globais, como a
zika e a dengue.
[50] Para entender as mudanças ao longo da História,
é necessário lembrar que as formas de viver e morrer
são determinadas por aspectos que fogem ao campo
estrito da biologia. A vida nos vilarejos e cidades, os
alimentos que ingerimos e o desgaste provocado pelo
[55] trabalho são aspectos fundamentais para explicar a
saúde e a doença nas sociedades. Mudanças
culturais, sociais e econômicas têm um papel
fundamental na definição da saúde humana,
avançando além das ciências da saúde, influenciando
[60] a vida e a morte da população no planeta. Essas
mudanças e os avanços tecnológicos frequentemente
trazem consequências boas e más para a saúde das
sociedades humanas. Um bônus quase sempre é
correspondido por um ônus.
TELAROLLI JÚNIOR, Rodolpho. A determinação social da saúde e da doença. Disponível em:. Acesso em: 30 abr. 2018. Adaptado.
Considerando-se as informações contidas no texto, quanto às questões de saúde e doença, no século 21, é correto afirmar: