Assinale a frase em que existem palavras que ilustram os conceitos de heteronímia e hiponímia:
“A comercialização da borracha foi provavelmente o maior fenômeno ocorrido na Amazônia. La Condamine tinha enviado uma amostra para a Europa em 1736, sendo o gênero classificado pelo botânico Aublet em 1762. Todavia, o produto continuou sendo apenas uma curiosidade até cerca de 1839. Nesse ano o processo de vulcanização inventado por Charles Goodyear (1800-1860) deu repentinamente à borracha uma alta utilidade, ao impedir que se tornasse dura e friável. Já em 1850 esse processo estava sendo largamente adotado. Não obstante, e embora fosse intensa a procura, não se cuidou do plantio de seringueiras. O aumento da produção baseava-se, por conseguinte, na exploração cada vez mais intensa levada a efeito por levas sempre crescentes de imigrantes”.
O texto acima foi tirado do livro A Selva amazônica: do inferno verde ao deserto vermelho?, de Robert Goodland e Howard Irwin. Dentre as características que um texto científico pode possuir, percebe-se, principalmente, na parte reproduzida:
Os sonhos cobrem-se de pó.
Um último esforço de concentração
morre no meu peito de homem enforcado.
Tenho no meu quarto manequins corcundas
onde me reproduzo
e me contemplo em silêncio.
O poema transcrito é “Os Manequins”, do pernambucano João Cabral de Melo Neto, que possui, entre as características próprias ao texto literário:
“Vários escritores referem-se a um chamado ‘complexo de fidalguia’ existente no Brasil. O esforço físico, no século passado, era apanágio exclusivo da casta de peões-escravos e dos recém-alforriados e, mesmo depois da libertação, o trabalho continuou a ser um símbolo de baixa posição social. À medida que as pessoas subiam na escala social, adotavam as atitudes dos antigos senhores de terras e donos de escravos e, ainda hoje, no Brasil contemporâneo, existe um sentimento de desprezo por qualquer forma de trabalho braçal”.
(WAGLEY, Charles. Uma comunidade amazônica. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1977)
Considerando o contexto linguístico em que está inserida, a palavra “apanágio” poderia ser substituída, sem alteração de sentido, pelo seguinte termo, o qual funcionaria como sinônimo:
Leia o texto abaixo, início da crônica “Um dia na vida de um chapéu”, de Domingos Pellegrini (São Paulo: Ática, 2006):
“O homem chega em casa e não deixa o chapéu no cabide, fala que vai deixar de usar chapéu. A mulher se espanta:
– Por quê? Desde mocinho você usa, continuou a usar quando todo mundo deixou, e agora...
– Tá virando moda – ele olha com nojo o chapéu. – Os chapéus estão voltando! Vi um sujeito de chapéu outro dia, jovem demais pra ser do tempo do chapéu, e depois vi outro, mais outro, aí perguntei numa loja, o vendedor falou ah, chapéu voltou a vender bem.
A clientela chapeleira, conforme o vendedor, vinha diminuindo ano a ano, morrendo; mas, agora, jovens e até adolescentes começam a usar chapéu, inclusive mulheres”.
A linguagem oral se diferencia da linguagem escrita por várias marcas de espontaneidade, o que o texto acima procura reproduzir. No caso, uma das marcas da oralidade que nele se observa é a seguinte:
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados
O poema acima é “Vício na fala”, do escritor modernista Oswald de Andrade. Nele, observa-se que Oswald trabalha com a seguinte variação linguística: