No início da noite de 7 de agosto de 1940, Heitor Villa-Lobos estava próximo ao cais do porto, na praça Mauá, soltando baforadas de seu charuto. Aguardava a chegada de um luxuoso transatlântico norte-americano ao Rio de Janeiro. O “ss Uruguay” – que fazia a rota Nova York-Rio-Montevidéu-Buenos Aires, numa espécie de circum-navegação oceânica – trazia uma celebridade artística internacional a bordo: o maestro inglês, de ascendência polonesa, Leopold Stokowski. Ele e VillaLobos se conheciam desde a época em que o músico brasileiro residira em Paris.
Stokowski tinha escrito ao colega, no início de julho, para avisar que estava de viagem marcada para o Rio. Queria aproveitar a ocasião para gravar, com o auxílio de técnicos da matriz da Columbia e sob a devida curadoria de Villa, o maior número possível de músicas populares do Brasil. O material deveria ser apresentado em um futuro congresso pambrasileiro e, mais que isso, panamericano de folclore, evento planejado dentro do programa geral da Política da Boa Vizinhança, implementada por Washington, no início da Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de promover a aproximação diplomática, militar e cultural dos Estados Unidos com os países da América Latina.
(Do livro “Uma História do Samba: as origens”, de Lira Neto, p. 18-19. Texto adaptado.)
Leia as afirmativas a seguir, feitas sobre fenômenos linguísticos e sintáticos do texto:
I. As palavras “norte-americano”, “circum-navegação” e “pambrasileiro” estão corretamente escritas, pois só as duas primeiras exigem o emprego do hífen.
II. “Um luxuoso transatlântico norte-americano” exerce a função de sujeito do segundo período do texto.
III. No início do segundo parágrafo, “tinha escrito” está conjugado no pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo.
IV. “Luxuoso”, “geral” e “polonesa” são adjetivos biformes.
V. O “que” (no trecho “que fazia a rota Nova York-Rio-Montevidéu-Buenos Aires”) é um pronome relativo.
Assinale a alternativa correta: