O cantor na biblioteca
Bob Dylan merece um Prêmio Nobel? E por quê? A pergunta foi feita a Sara Danius, secretária da Academia Sueca, instituição responsável pelo Nobel de Literatura, depois do anúncio, na quintafeira, 13, de que o vencedor deste ano não era um poeta, dramaturgo, mas um cantor, uma estrela do rock.
A conversa segue com os elogios convencionais próprios da ocasião – Dylan, segundo Sara Danius, “corporifica a tradição” e “sempre reinventou a si mesmo” -, até o momento em que o entrevistador pede à secretária que indique obras do compositor americano. Sara sugere que “se ouça ou leia” Blonde on Blonde, disco de 1966. Leitura? De um disco? O verbo “ler” pareceu estranhamente deslocado em uma conversa sobre o Nobel de Literatura.
Jerônimo Teixeira, Veja, 19/10/2016 – trecho
“A escolha de Bob Dylan para receber o Prêmio Nobel de Literatura de 2016 levantou reações puristas: se o prêmio é para realizações em literatura, cabe considerar letras de música?” O fragmento do texto que exemplifica esse tipo de reação está inscrito na alternativa