Famílias trocaram a cidade pelo campo para ter uma vida simples
Trocar o campo pela cidade à procura de uma vida melhor sempre foi a opção mais comum. Porém, algumas famílias, cansadas do caos urbano, estão fazendo o caminho inverso, deixando os grandes centros para viver literalmente no meio do mato.
São pessoas que cursaram faculdade, desfrutavam de certo conforto na cidade, mas não aguentavam mais a correria, falta de liberdade, o trânsito e o excesso de consumo. Em busca de uma vida mais simples e saudável, elas não têm medo de encarar a enxada e descobrir um novo modo de sobreviver.
Para a mineira Manuella Melo Franco, 34, a chegada do primeiro filho foi o empurrão que faltava para deixar a cidade e, finalmente, experimentar uma vida mais tranquila e autossustentável, ao lado do companheiro Hugo Ruax. "O nascimento do Tomé reforçou esse nosso desejo. Queríamos oferecer a ele uma infância mais próxima da natureza, longe dos valores consumistas e da loucura da cidade", diz a fotógrafa e jornalista.
A mudança da família de Lagoa Santa (MG) para uma fazenda em Piatã, na Chapada Diamantina (BA), aconteceu em agosto do ano passado, quando Manuella estava grávida de sete meses de Nina, a segunda filha do casal. Porém, esse fato não foi motivo de preocupação.
O que mais pesava na decisão era a falta de dinheiro. O casal trabalhava para juntar o máximo possível, entretanto, nunca parecia suficiente, já que os gastos não diminuíam. "Era como correr atrás do rabo. Então decidimos vender o carro, os móveis da casa, tudo o que tínhamos e ir embora. Porque se a gente ficasse esperando o dinheiro ele não ia chegar nunca", conta Manuella.
O catarinense Marinaldo Pegoraro, 54, também não demorou muito para deixar o apartamento em Curitiba (PR), onde residiu nos últimos 11 anos, para ir viver com a mulher e as duas filhas adolescentes no Sítio Serra Dourada em Delfim Moreira, no extremo sul de Minas Gerais. Depois de decidir pela mudança, a família organizou tudo em 13 dias.
Pegoraro vendeu sua parte na sociedade de uma empresa do ramo imobiliário e passou a cultivar oliveiras, morangos e hortaliças. "Não queria passar a vida inteira fazendo a mesma coisa. E também tinha essa vontade de produzir meu próprio alimento, de viver mais em contato com a natureza", conta o empresário que virou agricultor orgânico.
A violência e a desigualdade também o incomodavam. "Não permitia que minhas filhas saíssem do prédio. Existe um esgotamento desse modelo de vida urbano", diz Marinaldo Pegoraro, sem sentir falta dos shoppings e feliz de poder trabalhar na terra e ouvir o canto dos pássaros.
D´ELBOUX, Yannik. In: Mulher UOL 18/04/2014. Disponível em: ). Acesso em: 02 mar. 2015 (texto adaptado).
Sobre a saída das pessoas das grandes cidades para morar no campo, marque a alternativa que NÃO apresenta um motivo elencado no texto.