[1] Os avanços tecnológicos são sempre
fundamentais ao progresso da Medicina e,
consequentemente, à melhoria da qualidade e
expectativa de vida.
[5] No campo da prevenção primária, visando à
remoção de fatores de risco, o avanço tecnológico das
imunizações, no século XX, permitiu a erradicação
mundial de doenças letais ou incapacitantes, como a
varíola, e, em muitos países, a do sarampo e da
[10] poliomielite. Atualmente, a discussão da inclusão da
vacina antivaricela, doença de evolução benigna, no
calendário brasileiro de imunizações, é pertinente e,
ainda mais recente, a da vacina anti-HPV, um
papilomavírus relacionado com o desenvolvimento de
[15] carcinoma de colo de útero.
Incorporar novos conhecimentos às áreas de
prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação traz
benefícios de pequeno ou grande impacto, nem sempre
mensuráveis no momento de sua aplicação.
[20] Na contemporaneidade, a implantação de novas
tecnologias a uma velocidade cada vez maior traz, no
seu bojo, um custo econômico muitas vezes incompatível
com o ganho obtido. Sabe-se que não existe exame a
custo zero. Ele será pago pelo sistema público de saúde,
[25] pelo plano ou seguro de saúde privado, ou pelo próprio
paciente. Quando esse custo ultrapassa o suportável
para o Estado, a sociedade ou o indivíduo, o bem obtido
em qualidade de vida é anulado. Assim sendo, o
equilíbrio entre custo versus benefício é, em última
[30] instância, o que irá determinar se uma nova tecnologia
resulta em melhor qualidade de vida a longo prazo.
O arsenal tecnológico atual propicia ao médico a
tentação de investigar “todas” as doenças, “cobrir todas
as possibilidades”, o que, como já foi sinalizado, se
[35] torna, não raro, caro demais. Além disso, quanto maior
o número de exames solicitados tanto maior o risco de
se obter um resultado falso positivo, o que leva à
solicitação de mais e mais exames.
A grande velocidade de renovação dos aparelhos
[40] usados no diagnóstico das doenças é o maior
componente do seu custo crescente. Equipamentos de
última geração surgem, muitas vezes, antes de o
equipamento anterior ter cumprido seu papel em número
de exames realizados.
[45] Desse modo, não obstante os enormes benefícios
delas advindos, novas tecnologias resultam, muitas
vezes, em procedimentos de alta complexidade.
GORENDER, Ethel Fernandes. Novas tecnologias em Medicina e qualidade de vida. p. 97-104. In:VILARTA, Roberto; GUTIERREZ, Gustavo Luis; CARVALHO, Tereza Helena Portela Freire de; GONÇALVES, Aguinaldo (Orgs.). Qualidade de vida e novas tecnologias. São Paulo: IPES Editorial, 2007. p. 97-104. Adaptado.
A análise do texto e seu questionamento sobre a relação entre o custo e os benefícios da utilização de novas tecnologias na área da medicina permitem inferir: