Questões de EFAF Português - Leitura e Interpretação de Texto - Variantes Linguísticas
Leia a crônica Brincadeira para responder à questão.
Brincadeira
Começou como uma brincadeira. Telefonou para um conhecido e disse:
- Eu sei de tudo.
Depois de um silêncio, o outro disse:
- Como é que você soube?
[5] - Não interessa. Sei de tudo.
- Me faz um favor. Não espalha.
- Vou pensar.
- Por amor de Deus.
- Está bem. Mas olhe lá, hein?
[10] Descobriu que tinha poder sobre as pessoas.
- Sei de tudo.
- Co-como?
- Sei de tudo.
- Tudo o quê?
[15] - Você sabe.
- Mas é impossível. Como é que você descobriu?
A reação das pessoas variava. Algumas perguntavam em seguida:
- Alguém mais sabe?
- Outras se tornavam agressivas:
[20] - Está bem, você sabe. E daí?
- Daí nada. Só queria que você soubesse que eu sei.
- Se você contar para alguém, eu...
- Depende de você.
- De mim, como?
[25] - Se você andar na linha, eu não conto.
- Certo
Uma vez, parecia ter encontrado um inocente.
- Eu sei de tudo.
- Tudo o quê?
[30] - Você sabe.
- Não sei. O que é que você sabe?
- Não se faça de inocente.
- Mas eu realmente não sei.
- Vem com essa.
[35] - Você não sabe de nada.
- Ah, quer dizer que existe alguma coisa pra saber, mas eu é que não sei o que é?
Não existe nada.
- Olha que eu vou espalhar...
- Pode espalhar que é mentira.
[40] - Como é que você sabe o que eu vou espalhar?
- Qualquer coisa que você espalhar será mentira.
- Está bem. Vou espalhar.
Mas dali a pouco veio um telefonema.
- Escute. Estive pensando melhor. Não espalha nada sobre aquilo.
[45] - Aquilo o quê?
- Você sabe.
Passou a ser temido e respeitado. Volta e meia alguém se aproximava dele e sussurrava:
- Você contou pra alguém?
- Ainda não.
[50] - Puxa. Obrigado.
Com o tempo, ganhou uma reputação. Era de confiança. Um dia, foi procurado por um amigo com
uma oferta de emprego. O salário era enorme.
- Por que eu? – quis saber.
- A posição é de muita responsabilidade – disse o amigo. – Recomendei você.
[55] - Por quê?
- Pela sua discrição.
Subiu na vida. Dele se dizia que sabia tudo sobre todos mas nunca abria a boca para falar de
ninguém. Além de bem-informado, um gentleman. Até que recebeu um telefonema. Uma voz
misteriosa que disse:
[60] - Sei de tudo.
- Co-como?
- Sei de tudo.
- Tudo o quê?
- Você sabe.
[65] Resolveu desaparecer. Mudou-se de cidade. Os amigos estranharam o seu desaparecimento repentino.
Investigaram. O que ele estaria tramando? Finalmente foi descoberto numa praia distante. Os
vizinhos contam que uma noite vieram muitos carros e cercaram a casa. Várias pessoas entraram na
casa. Ouviram-se gritos. Os vizinhos contam que a voz que se ouvia era a dele, gritando:
- Era brincadeira! Era brincadeira!
[70] Foi descoberto de manhã, assassinado. O crime nunca foi desvendado. Mas as pessoas que o
conheciam não têm dúvidas sobre o motivo.
Sabia demais.
VERÍSSIMO, Luís Fernando. Brincadeira In: Comédias da Vida Privada. Porto Alegre: L&PM, 1995, p.189-91. Adaptado.
O provérbio que melhor traduz a nova situação vivida pelo protagonista do texto é:
No anúncio, publicado em 1939, as diferenças de grafia em relação à língua padrão atual revelam que
A seguir, leia a canção Tanta mentira, do Jota Quest, para responder à questão.
Tanta mentira (Jota Quest)
Infantil meu pedido
Que me esperassem crescer
Pra ver tanta mentira
É tudo verdade
[5] A gente não aguenta mais tanta mentira!
Quero conversa sincera
Olhar bem pra tua cara e até te agradecer por
isso
É tudo verdade
[10] A gente não aguenta mais tanta mentira
Falta de opção
Falta de oração
Falta de amor
Você não tem noção
[15] É ambição demais
É reação de menos
Poluindo e não punindo
O óleo fica pra depois
Raimundos, pavilhões
[20] Submundos, multidões
Eu só não posso deixar pra depois
Filmes mudos, lados "B"
Lados bons, eu e você
Eu só não vou me deixar pra depois (4X)
[25] Só não vou me deixar...
É tudo verdade
A gente não aguenta mais
Falta de oração
Falta de opção
[30] Tanta falta de amor
Você não tem noção
É ambição demais
É reação de menos
Poluindo e não punindo
[35] O óleo fica pra você
Raimundos, pavilhões
Submundos, multidões
Eu só não posso deixar pra depois
Filmes mudos, lados "B"
[40] Lados bons, eu e você
Eu só não vou te deixar pra depois (4X)
Só não vou te deixar...
Eu só não vou me deixar pra depois
Eu só não vou te deixar pra depois
[45] Eu só não vou me deixar pra depois
Eu só não vou...
Pra depois não
Eu e você, eu e você
Você e eu, eu e você
[50] Nunca mais, pra depois
Disponível em: . Acesso em: 27 ago. 2017.
Na música, observa-se o uso recorrente da expressão “A gente”. A alternativa que justifica o propósito desse termo é:
A seguir, leia a canção Tanta mentira, do Jota Quest, para responder à questão.
Tanta mentira (Jota Quest)
Infantil meu pedido
Que me esperassem crescer
Pra ver tanta mentira
É tudo verdade
[5] A gente não aguenta mais tanta mentira!
Quero conversa sincera
Olhar bem pra tua cara e até te agradecer por
isso
É tudo verdade
[10] A gente não aguenta mais tanta mentira
Falta de opção
Falta de oração
Falta de amor
Você não tem noção
[15] É ambição demais
É reação de menos
Poluindo e não punindo
O óleo fica pra depois
Raimundos, pavilhões
[20] Submundos, multidões
Eu só não posso deixar pra depois
Filmes mudos, lados "B"
Lados bons, eu e você
Eu só não vou me deixar pra depois (4X)
[25] Só não vou me deixar...
É tudo verdade
A gente não aguenta mais
Falta de oração
Falta de opção
[30] Tanta falta de amor
Você não tem noção
É ambição demais
É reação de menos
Poluindo e não punindo
[35] O óleo fica pra você
Raimundos, pavilhões
Submundos, multidões
Eu só não posso deixar pra depois
Filmes mudos, lados "B"
[40] Lados bons, eu e você
Eu só não vou te deixar pra depois (4X)
Só não vou te deixar...
Eu só não vou me deixar pra depois
Eu só não vou te deixar pra depois
[45] Eu só não vou me deixar pra depois
Eu só não vou...
Pra depois não
Eu e você, eu e você
Você e eu, eu e você
[50] Nunca mais, pra depois
Disponível em: . Acesso em: 27 ago. 2017.
A partir da leitura da música Tanta mentira do Jota Quest, é CORRETO inferir que as escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem ao texto:
Leia a crônica Brincadeira para responder à questão.
Brincadeira
Começou como uma brincadeira. Telefonou para um conhecido e disse:
- Eu sei de tudo.
Depois de um silêncio, o outro disse:
- Como é que você soube?
[5] - Não interessa. Sei de tudo.
- Me faz um favor. Não espalha.
- Vou pensar.
- Por amor de Deus.
- Está bem. Mas olhe lá, hein?
[10] Descobriu que tinha poder sobre as pessoas.
- Sei de tudo.
- Co-como?
- Sei de tudo.
- Tudo o quê?
[15] - Você sabe.
- Mas é impossível. Como é que você descobriu?
A reação das pessoas variava. Algumas perguntavam em seguida:
- Alguém mais sabe?
- Outras se tornavam agressivas:
[20] - Está bem, você sabe. E daí?
- Daí nada. Só queria que você soubesse que eu sei.
- Se você contar para alguém, eu...
- Depende de você.
- De mim, como?
[25] - Se você andar na linha, eu não conto.
- Certo
Uma vez, parecia ter encontrado um inocente.
- Eu sei de tudo.
- Tudo o quê?
[30] - Você sabe.
- Não sei. O que é que você sabe?
- Não se faça de inocente.
- Mas eu realmente não sei.
- Vem com essa.
[35] - Você não sabe de nada.
- Ah, quer dizer que existe alguma coisa pra saber, mas eu é que não sei o que é?
Não existe nada.
- Olha que eu vou espalhar...
- Pode espalhar que é mentira.
[40] - Como é que você sabe o que eu vou espalhar?
- Qualquer coisa que você espalhar será mentira.
- Está bem. Vou espalhar.
Mas dali a pouco veio um telefonema.
- Escute. Estive pensando melhor. Não espalha nada sobre aquilo.
[45] - Aquilo o quê?
- Você sabe.
Passou a ser temido e respeitado. Volta e meia alguém se aproximava dele e sussurrava:
- Você contou pra alguém?
- Ainda não.
[50] - Puxa. Obrigado.
Com o tempo, ganhou uma reputação. Era de confiança. Um dia, foi procurado por um amigo com
uma oferta de emprego. O salário era enorme.
- Por que eu? – quis saber.
- A posição é de muita responsabilidade – disse o amigo. – Recomendei você.
[55] - Por quê?
- Pela sua discrição.
Subiu na vida. Dele se dizia que sabia tudo sobre todos mas nunca abria a boca para falar de
ninguém. Além de bem-informado, um gentleman. Até que recebeu um telefonema. Uma voz
misteriosa que disse:
[60] - Sei de tudo.
- Co-como?
- Sei de tudo.
- Tudo o quê?
- Você sabe.
[65] Resolveu desaparecer. Mudou-se de cidade. Os amigos estranharam o seu desaparecimento repentino.
Investigaram. O que ele estaria tramando? Finalmente foi descoberto numa praia distante. Os
vizinhos contam que uma noite vieram muitos carros e cercaram a casa. Várias pessoas entraram na
casa. Ouviram-se gritos. Os vizinhos contam que a voz que se ouvia era a dele, gritando:
- Era brincadeira! Era brincadeira!
[70] Foi descoberto de manhã, assassinado. O crime nunca foi desvendado. Mas as pessoas que o
conheciam não têm dúvidas sobre o motivo.
Sabia demais.
VERÍSSIMO, Luís Fernando. Brincadeira In: Comédias da Vida Privada. Porto Alegre: L&PM, 1995, p.189-91. Adaptado.
Com a leitura do texto Brincadeira, assinale a alternativa em que se percebem aspectos da composição estrutural ligados à linguagem coloquial como:
A seguir, leia o poema “Meninos carvoeiros”, de Manuel Bandeira, para responder à questão.
Meninos carvoeiros
Os meninos carvoeiros
Passam a caminho da cidade.
– Eh, carvoero!
E vão tocando os animais com um relho enorme.
Os burros são magrinhos e velhos.
Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
A aniagem é toda remendada.
Os carvões caem.
(Pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe, dobrando-se com um gemido.)
– Eh, carvoero! Só mesmo estas crianças raquíticas
Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
A madrugada ingênua parece feita para eles...
[15] Pequenina, ingênua miséria!
Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincásseis!
– Eh, carvoero!
Quando voltam, vêm mordendo num pão encarvoado,
Encarapitados nas alimárias,
[20] Apostando corrida,
Dançando, bamboleando nas cangalhas como espantalhos desamparados.
BANDEIRA, Manuel. Antologia poética: Manuel Bandeira. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1961. p. 56-57. Adaptado.
Ainda em relação a “Meninos carvoeiros”, uma leitura atenta de seus versos possibilita constatar que a linguagem empregada por Manuel Bandeira tem o objetivo principal de: