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ROLEZINHOS
Uma amiga me diz que ela passeia pelos shoppings para ter a impressão de estar fora do Brasil, ou seja, num espaço público que não seja ansiógeno* e violento. Claro, é uma ilusão fugaz; basta olhar para as vitrines para constatar que tudo é brutalmente mais caro do que no exterior - pelos impostos, pela produtividade medíocre ou pela corrupção endêmica, tanto faz. Mesmo assim, insiste minha amiga, a ilusão de civilidade é um alívio.
Hoje, à brutalidade de impostos, corrupção e mediocridade produtiva acrescentam- se os “rolezinhos” dos jovens da periferia. O que eles querem, afinal?
Talvez eles gostem de apavorar. Não seria de se estranhar. É um axioma**: para quem vive na incerteza (de seu status, do reconhecimento dos outros, de seu lugar no mundo), apavorar é um jeito de encontrar no medodos outros uma confirmação de sua própria relevância. Apavoro, logo existo: espelho-me na preocupação dos seguranças e na cara fechada dos clientes que voltam correndo para o estacionamento.
Mas apavorar é um efeito colateral. Os jovens dos «rolezinhos» pedem sobretudo uma bola branca: a admissão ao clube. A prova, a roupa que eles preferem e que grita para ser reconhecida como luxo.Tudo bem, alguém perguntará, eles pedem acesso a quê? À classe privilegiada? Ao consumo de quem tem grana?
Não acredito em nada disso, aposto que eles pedem acesso ao próprio lugar para o qual eles vão: eles pedem acesso ao shopping. O que esse lugar tem de mágico? De desejável? Qual é seu valor simbólico?
Na nossa cultura (justamente pela quase inexistência de espaços públicos minimamente frequentáveis, ou seja, pelo horror que a rua é para todos, ricos e pobres), os shoppings integram a lista histórica dos refúgios.
(Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo, 06.02.2014, adaptado)
*ansiógeno: que gera ansiedade.
**axioma: premissa admitida universalmente como verdadeira, sem exigência de demonstração; máxima; sentença.
Segundo o texto, o autor:
ROLEZINHOS
Uma amiga me diz que ela passeia pelos shoppings para ter a impressão de estar fora do Brasil, ou seja, num espaço público que não seja ansiógeno* e violento. Claro, é uma ilusão fugaz; basta olhar para as vitrines para constatar que tudo é brutalmente mais caro do que no exterior - pelos impostos, pela produtividade medíocre ou pela corrupção endêmica, tanto faz. Mesmo assim, insiste minha amiga, a ilusão de civilidade é um alívio.
Hoje, à brutalidade de impostos, corrupção e mediocridade produtiva acrescentam- se os “rolezinhos” dos jovens da periferia. O que eles querem, afinal?
Talvez eles gostem de apavorar. Não seria de se estranhar. É um axioma**: para quem vive na incerteza (de seu status, do reconhecimento dos outros, de seu lugar no mundo), apavorar é um jeito de encontrar no medodos outros uma confirmação de sua própria relevância. Apavoro, logo existo: espelho-me na preocupação dos seguranças e na cara fechada dos clientes que voltam correndo para o estacionamento.
Mas apavorar é um efeito colateral. Os jovens dos «rolezinhos» pedem sobretudo uma bola branca: a admissão ao clube. A prova, a roupa que eles preferem e que grita para ser reconhecida como luxo.Tudo bem, alguém perguntará, eles pedem acesso a quê? À classe privilegiada? Ao consumo de quem tem grana?
Não acredito em nada disso, aposto que eles pedem acesso ao próprio lugar para o qual eles vão: eles pedem acesso ao shopping. O que esse lugar tem de mágico? De desejável? Qual é seu valor simbólico?
Na nossa cultura (justamente pela quase inexistência de espaços públicos minimamente frequentáveis, ou seja, pelo horror que a rua é para todos, ricos e pobres), os shoppings integram a lista histórica dos refúgios.
(Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo, 06.02.2014, adaptado)
*ansiógeno: que gera ansiedade.
**axioma: premissa admitida universalmente como verdadeira, sem exigência de demonstração; máxima; sentença.
Ainda segundo o texto, o autor entende que:
ROLEZINHOS
Uma amiga me diz que ela passeia pelos shoppings para ter a impressão de estar fora do Brasil, ou seja, num espaço público que não seja ansiógeno* e violento. Claro, é uma ilusão fugaz; basta olhar para as vitrines para constatar que tudo é brutalmente mais caro do que no exterior - pelos impostos, pela produtividade medíocre ou pela corrupção endêmica, tanto faz. Mesmo assim, insiste minha amiga, a ilusão de civilidade é um alívio.
Hoje, à brutalidade de impostos, corrupção e mediocridade produtiva acrescentam- se os “rolezinhos” dos jovens da periferia. O que eles querem, afinal?
Talvez eles gostem de apavorar. Não seria de se estranhar. É um axioma**: para quem vive na incerteza (de seu status, do reconhecimento dos outros, de seu lugar no mundo), apavorar é um jeito de encontrar no medodos outros uma confirmação de sua própria relevância. Apavoro, logo existo: espelho-me na preocupação dos seguranças e na cara fechada dos clientes que voltam correndo para o estacionamento.
Mas apavorar é um efeito colateral. Os jovens dos «rolezinhos» pedem sobretudo uma bola branca: a admissão ao clube. A prova, a roupa que eles preferem e que grita para ser reconhecida como luxo.Tudo bem, alguém perguntará, eles pedem acesso a quê? À classe privilegiada? Ao consumo de quem tem grana?
Não acredito em nada disso, aposto que eles pedem acesso ao próprio lugar para o qual eles vão: eles pedem acesso ao shopping. O que esse lugar tem de mágico? De desejável? Qual é seu valor simbólico?
Na nossa cultura (justamente pela quase inexistência de espaços públicos minimamente frequentáveis, ou seja, pelo horror que a rua é para todos, ricos e pobres), os shoppings integram a lista histórica dos refúgios.
(Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo, 06.02.2014, adaptado)
*ansiógeno: que gera ansiedade.
**axioma: premissa admitida universalmente como verdadeira, sem exigência de demonstração; máxima; sentença.
O autor acredita que o shopping:
No terceiro século do domínio português é que temos um afluxo maior de imigrantes para além da faixa litorânea, com o descobrimento do ouro das Gerais (...) E mesmo essa emigração faz-se largamente a despeito de ferozes obstruções artificialmente instituídas pelo governo; os estrangeiros, então, estavam decididamente excluídos delas (apenas eram tolerados – mal tolerados – os súditos das nações amigas: ingleses e holandeses), bem assim como os monges; considerados piores contraventores das determinações régias, os padres sem emprego, os negociantes estalajadeiros, todos os indivíduos enfim que pudessem não ir exclusivamente a serviço da insaciável avidez da metrópole.
Em 1720 pretendeu-se mesmo fazer uso de um derradeiro recurso, o da proibição de passagens para o Brasil. Só as pessoas investidas de cargo público poderiam embarcar com destino à colônia. Não acompanhariam esses funcionários mais do que os criados indispensáveis. Dentre os eclesiásticos podiam vir os bispos e missionários, bem como os religiosos que já tivessem professado no Brasil e precisassem regressar aos seus conventos. Finalmente seria dada a licença excepcionalmente a particulares que conseguissem justificar a alegação de terem negócios importantes, e comprometendo-se a voltar dentro de prazo certo.
(Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil)
Do texto, pode-se afirmar que a política de colonização:
No terceiro século do domínio português é que temos um afluxo maior de imigrantes para além da faixa litorânea, com o descobrimento do ouro das Gerais (...) E mesmo essa emigração faz-se largamente a despeito de ferozes obstruções artificialmente instituídas pelo governo; os estrangeiros, então, estavam decididamente excluídos delas (apenas eram tolerados – mal tolerados – os súditos das nações amigas: ingleses e holandeses), bem assim como os monges; considerados piores contraventores das determinações régias, os padres sem emprego, os negociantes estalajadeiros, todos os indivíduos enfim que pudessem não ir exclusivamente a serviço da insaciável avidez da metrópole.
Em 1720 pretendeu-se mesmo fazer uso de um derradeiro recurso, o da proibição de passagens para o Brasil. Só as pessoas investidas de cargo público poderiam embarcar com destino à colônia. Não acompanhariam esses funcionários mais do que os criados indispensáveis. Dentre os eclesiásticos podiam vir os bispos e missionários, bem como os religiosos que já tivessem professado no Brasil e precisassem regressar aos seus conventos. Finalmente seria dada a licença excepcionalmente a particulares que conseguissem justificar a alegação de terem negócios importantes, e comprometendo-se a voltar dentro de prazo certo.
(Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil)
A proibição que se pretendeu impor em 1720 isentava apenas:
No terceiro século do domínio português é que temos um afluxo maior de imigrantes para além da faixa litorânea, com o descobrimento do ouro das Gerais (...) E mesmo essa emigração faz-se largamente a despeito de ferozes obstruções artificialmente instituídas pelo governo; os estrangeiros, então, estavam decididamente excluídos delas (apenas eram tolerados – mal tolerados – os súditos das nações amigas: ingleses e holandeses), bem assim como os monges; considerados piores contraventores das determinações régias, os padres sem emprego, os negociantes estalajadeiros, todos os indivíduos enfim que pudessem não ir exclusivamente a serviço da insaciável avidez da metrópole.
Em 1720 pretendeu-se mesmo fazer uso de um derradeiro recurso, o da proibição de passagens para o Brasil. Só as pessoas investidas de cargo público poderiam embarcar com destino à colônia. Não acompanhariam esses funcionários mais do que os criados indispensáveis. Dentre os eclesiásticos podiam vir os bispos e missionários, bem como os religiosos que já tivessem professado no Brasil e precisassem regressar aos seus conventos. Finalmente seria dada a licença excepcionalmente a particulares que conseguissem justificar a alegação de terem negócios importantes, e comprometendo-se a voltar dentro de prazo certo.
(Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil)
As medidas em relação ao clero: