Questões
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Leia o trecho de Senhora, de José de Alencar, para responder à questão.
Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.
Tornou-se a deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade. Era rica e formosa – duas opulências que se realçam como a flor em vaso de alabastro.
Tinha Aurélia Camargo dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e logo buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do dia.
Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois a seu tempo saberemos a verdade, sem os comentos malévolos de que usam vesti-la os noveleiros.
Aurélia era órfã; e tinha em sua companhia uma velha parenta, viúva, D. Firmina Mascarenhas, que sempre a acompanhava na sociedade. Mas essa parenta não passava de mãe de encomenda, para condescender com os escrúpulos da sociedade brasileira, que naquele tempo não tinha admitido ainda certa emancipação feminina.
Guardando com a viúva as deferências devidas à idade, a moça não declinava um instante do firme propósito de governar sua casa e dirigir suas ações como entendesse.
Cercada de adoradores, no meio das esplêndidas reverberações de sua beleza, Aurélia bem longe de inebriar-se da adoração produzida por sua formosura, e do culto que lhe rendiam, ao contrário parecia unicamente possuída de indignação por essa turba vil e abjeta. No íntimo sentia-se profundamente humilhada pensando que para toda essa gente que a cercava, ela, a sua pessoa, não merecia uma só das bajulações que tributavam a cada um de seus mil contos de réis.
Convencida de que todos os seus inúmeros apaixonados, sem exceção de um, a pretendiam unicamente pela riqueza, Aurélia costumava indicar o merecimento de cada um dos pretendentes, dando-lhes certo valor monetário. Em linguagem financeira, Aurélia cotava os seus adoradores pelo preço que razoavelmente poderiam obter no mercado matrimonial.
Uma noite, no Cassino, a Lísia Soares, que fazia-se íntima com ela, e desejava ardentemente vê-la casada, dirigiu-lhe um gracejo acerca do Alfredo Moreira, rapaz elegante que chegara recentemente da Europa:
— É um moço muito distinto, respondeu Aurélia sorrindo; vale bem como noivo cem contos de réis; mas eu tenho dinheiro para pagar um marido de maior preço, Lísia; não me contento com esse.
Riam-se todos destes ditos de Aurélia, e os lançavam à conta de gracinhas de moça espirituosa; porém a maior parte das senhoras, sobretudo aquelas que tinham filhas moças, não cansavam de criticar esses modos desenvoltos, impróprios de meninas bem-educadas.
(Senhora, 1975. Adaptado.)
De acordo com o trecho, Aurélia
Leia o trecho de Senhora, de José de Alencar, para responder à questão.
Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.
Tornou-se a deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade. Era rica e formosa – duas opulências que se realçam como a flor em vaso de alabastro.
Tinha Aurélia Camargo dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e logo buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do dia.
Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois a seu tempo saberemos a verdade, sem os comentos malévolos de que usam vesti-la os noveleiros.
Aurélia era órfã; e tinha em sua companhia uma velha parenta, viúva, D. Firmina Mascarenhas, que sempre a acompanhava na sociedade. Mas essa parenta não passava de mãe de encomenda, para condescender com os escrúpulos da sociedade brasileira, que naquele tempo não tinha admitido ainda certa emancipação feminina.
Guardando com a viúva as deferências devidas à idade, a moça não declinava um instante do firme propósito de governar sua casa e dirigir suas ações como entendesse.
Cercada de adoradores, no meio das esplêndidas reverberações de sua beleza, Aurélia bem longe de inebriar-se da adoração produzida por sua formosura, e do culto que lhe rendiam, ao contrário parecia unicamente possuída de indignação por essa turba vil e abjeta. No íntimo sentia-se profundamente humilhada pensando que para toda essa gente que a cercava, ela, a sua pessoa, não merecia uma só das bajulações que tributavam a cada um de seus mil contos de réis.
Convencida de que todos os seus inúmeros apaixonados, sem exceção de um, a pretendiam unicamente pela riqueza, Aurélia costumava indicar o merecimento de cada um dos pretendentes, dando-lhes certo valor monetário. Em linguagem financeira, Aurélia cotava os seus adoradores pelo preço que razoavelmente poderiam obter no mercado matrimonial.
Uma noite, no Cassino, a Lísia Soares, que fazia-se íntima com ela, e desejava ardentemente vê-la casada, dirigiu-lhe um gracejo acerca do Alfredo Moreira, rapaz elegante que chegara recentemente da Europa:
— É um moço muito distinto, respondeu Aurélia sorrindo; vale bem como noivo cem contos de réis; mas eu tenho dinheiro para pagar um marido de maior preço, Lísia; não me contento com esse.
Riam-se todos destes ditos de Aurélia, e os lançavam à conta de gracinhas de moça espirituosa; porém a maior parte das senhoras, sobretudo aquelas que tinham filhas moças, não cansavam de criticar esses modos desenvoltos, impróprios de meninas bem-educadas.
(Senhora, 1975. Adaptado.)
O narrador
Marriage à la mode é uma série de seis pinturas concebidas pelo artista inglês William Hogarth no século XVIII. Considere a primeira pintura intitulada “O contrato de casamento”.
A cena retrata as negociações entre o conde de Squander e um rico comerciante para o casamento de seus filhos. O comerciante deseja uma posição social mais elevada para sua família e, portanto, está comprando seu caminho para a aristocracia, enquanto Squander precisa de dinheiro para financiar seu estilo de vida demasiadamente extravagante.
O noivo, vestindo casaca azul, olha-se no espelho indiferente ao que acontece, enquanto um advogado sussurra algo ao ouvido da noiva.
(www.tate.org.uk. Adaptado.)
Pode-se relacionar a pintura de Hogarth ao trecho de Senhora, porque Aurélia
Leia o trecho reescrito a partir das ideias do sétimo parágrafo do texto.
Aurélia estava ciente de que muitos adoradores que a . No entanto, sentia-se indignada e julgava-os porque seus milhares de contos de réis o que unicamente lhes interessava.
As lacunas desse trecho são preenchidas, correta e respectivamente, por:
Leia o poema “Fim”, do poeta português Mário de Sá-Carneiro, para responder à questão.
Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!
Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza1...
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro!
(Antônio Soares Amora et al. Presença da literatura portuguesa, vol 3, 1961.)
1ajaezado à andaluza: enfeitado seguindo a tradição da região espanhola de Andaluzia.
No poema, o eu lírico
Leia o poema “Fim”, do poeta português Mário de Sá-Carneiro, para responder à questão.
Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!
Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza1...
A um morto nada se recusa,
Eu quero por força ir de burro!
(Antônio Soares Amora et al. Presença da literatura portuguesa, vol 3, 1961.)
1ajaezado à andaluza: enfeitado seguindo a tradição da região espanhola de Andaluzia.
Para exprimir o desejo de não ser contrariado no dia de sua morte, o eu lírico emprega