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O que nos torna pouco competitivos?
Renato Rozental
Lamentar a morte de mais de meio milhão de brasileiros por covid-19 é pouco. Esta é uma discussão de resposta muito clara,
quase óbvia. Se tivéssemos capacidade interna, poderíamos ter suprido parte das necessidades do mercado e reduzido o
impacto da pandemia no sistema de saúde em tempo hábil. O quadro de calamidade é resultado de décadas de políticas de
incentivo ___ mera reprodução em vez de estímulo ___ capacitação profissional e ao domínio do processo produtivo.
[5] Começar reproduzindo (‘copiando’) não é um problema. Basta lembrar da história do nylon, fibra têxtil sintética patenteada
pela empresa norte-americana DuPont em 1935 e usada para provocar a indústria japonesa e fazê-la exportar menos seda. A
resposta japonesa foi contundente e imediata: ‘copiar’ o processo de manufatura e produzir nylon 6 meses após a desfeita.
Atualmente, a China domina o mercado mundial de nylon, seguida por Estados Unidos, Japão e Tigres Asiáticos. Os chineses
perceberam que, na era tecnológica, “o caminho mais curto para crescer é apostar em três frentes: inovação, inovação e
[10] inovação”.
Nesse contexto, pergunto: qual é o perfil da nossa indústria farmacêutica? Produzimos genéricos… até hoje. Mas a política
de ‘genéricos’ tem como fragilidade o fato de incluir apenas medicamentos cujas patentes já tenham expirado. O problema do
conhecimento tecnológico insuficiente e a dificuldade do nosso país em evoluir de ‘copiar’ para ‘inovar’ precisa ser tratado com
prioridade e sem demagogia para romper o ciclo vicioso da dependência tecnológica e trazer um diferencial competitivo.
[15] O projeto de cranioplastia, reparo craniano extenso, pode ilustrar tanto a inovação estimulada pela demanda como os
entraves burocráticos ao desenvolvimento do produto. Pelo lado clínico, ___ cirurgias de reconstrução do crânio após remoção
da calota craniana envolvem um alto custo, incluindo a malha de titânio e porcelanato usada atualmente, totalizando um gasto
entre R$ 120 mil e R$ 200 mil por paciente, o que torna sua realização no Sistema Único de Saúde (SUS) economicamente
inviável. A cranioplastia faz-se necessária não somente por razões estéticas – o que, por si só, já justificaria o procedimento –,
[20] mas também para assegurar que o cérebro do paciente fique mais protegido e com melhor irrigação sanguínea, resultando em
melhoras cognitivas e comportamentais e facilitando ___ reintrodução do indivíduo na sociedade. No momento, infelizmente, a
implantação de próteses cranianas é realizada pelo SUS somente mediante doação ou após sentença judicial, considerando
que o paciente corre risco de vida.
Nossa equipe desenvolveu uma solução utilizando uma prótese de polimetilmetacrilato (PMMA) confeccionada durante o
[25] período da cirurgia, com resultados semelhantes e até superiores aos das próteses de titânio e porcelanato disponíveis, mas
com custo cerca de 20 vezes menor que o praticado no mercado, tornando o tratamento, em teoria, viável e acessível à rede
SUS. Estamos confiantes nos resultados das próteses feitas de PMMA, na análise dos custos e na adequabilidade do produto
para o mercado.
A ciência translacional não é algo que possa se embutir no sistema por decreto. Grandes organizações, públicas e privadas,
[30] estão amarradas nas suas próprias burocracias, o que dificulta o processo criativo e de inovação. No contexto da inovação em
saúde, precisamos inserir formas de gestão flexíveis, ágeis, que envolvam tomadas de decisão descentralizadas, permitindo a
responsabilização de todos os atores envolvidos, de modo a ampliar os espaços de criatividade e de ousadia na busca e na
implementação de soluções. O que não dá para aceitar é continuar ___ andar com o ‘freio de mão puxado’ e na contramão do
desenvolvimento sustentável.
[35] Por fim, a dicotomia entre público e privado já deveria ter sido ultrapassada. A saúde é direito de todos e dever do Estado.
Quem trabalha com inovação quer ver o produto funcionando no mercado global. Certa vez, em 1995, tive a oportunidade de
ouvir de Eric Kandel (Universidade Columbia), Rodolfo Llinás (Universidade de Nova York) e Torsten Wiesel (Universidade
Rockfeller) uma previsão sobre o cenário de concessões nos Institutos Nacionais da Saúde (NIH) em 2015-2020: “quem não
desenvolvesse uma ‘pílula’ para a sociedade como resultado do seu projeto de pesquisa estaria fora do pool”. Tal visão está se
[40] tornando uma realidade global. Pessoalmente, acredito que um dos compromissos mais preciosos que temos com a nossa
população é o de proporcionar hoje, e não amanhã, uma solução para que todos possam ser atendidos a tempo e desfrutem
de boa qualidade de vida.
(ROZENTAL, Renato.O que nos torna pouco competitivos? [Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde. Fundação Oswaldo Cruz e Instituto de Ciências Biomédicas. Universidade Federal do Rio de Janeiro]. Matéria publicada em Ciência Hoje de 20 de agosto de 2021. Disponível em: https://cienciahoje.org.br/artigo/o-que-nos-torna-pouco-competitivos/. Acesso em 18 de setembro de 2021). Texto adaptado para esta prova.
Ao serem considerados os sentidos do texto, é incorreto o que se afirma em:
O que nos torna pouco competitivos?
Renato Rozental
Lamentar a morte de mais de meio milhão de brasileiros por covid-19 é pouco. Esta é uma discussão de resposta muito clara,
quase óbvia. Se tivéssemos capacidade interna, poderíamos ter suprido parte das necessidades do mercado e reduzido o
impacto da pandemia no sistema de saúde em tempo hábil. O quadro de calamidade é resultado de décadas de políticas de
incentivo ___ mera reprodução em vez de estímulo ___ capacitação profissional e ao domínio do processo produtivo.
[5] Começar reproduzindo (‘copiando’) não é um problema. Basta lembrar da história do nylon, fibra têxtil sintética patenteada
pela empresa norte-americana DuPont em 1935 e usada para provocar a indústria japonesa e fazê-la exportar menos seda. A
resposta japonesa foi contundente e imediata: ‘copiar’ o processo de manufatura e produzir nylon 6 meses após a desfeita.
Atualmente, a China domina o mercado mundial de nylon, seguida por Estados Unidos, Japão e Tigres Asiáticos. Os chineses
perceberam que, na era tecnológica, “o caminho mais curto para crescer é apostar em três frentes: inovação, inovação e
[10] inovação”.
Nesse contexto, pergunto: qual é o perfil da nossa indústria farmacêutica? Produzimos genéricos… até hoje. Mas a política
de ‘genéricos’ tem como fragilidade o fato de incluir apenas medicamentos cujas patentes já tenham expirado. O problema do
conhecimento tecnológico insuficiente e a dificuldade do nosso país em evoluir de ‘copiar’ para ‘inovar’ precisa ser tratado com
prioridade e sem demagogia para romper o ciclo vicioso da dependência tecnológica e trazer um diferencial competitivo.
[15] O projeto de cranioplastia, reparo craniano extenso, pode ilustrar tanto a inovação estimulada pela demanda como os
entraves burocráticos ao desenvolvimento do produto. Pelo lado clínico, ___ cirurgias de reconstrução do crânio após remoção
da calota craniana envolvem um alto custo, incluindo a malha de titânio e porcelanato usada atualmente, totalizando um gasto
entre R$ 120 mil e R$ 200 mil por paciente, o que torna sua realização no Sistema Único de Saúde (SUS) economicamente
inviável. A cranioplastia faz-se necessária não somente por razões estéticas – o que, por si só, já justificaria o procedimento –,
[20] mas também para assegurar que o cérebro do paciente fique mais protegido e com melhor irrigação sanguínea, resultando em
melhoras cognitivas e comportamentais e facilitando ___ reintrodução do indivíduo na sociedade. No momento, infelizmente, a
implantação de próteses cranianas é realizada pelo SUS somente mediante doação ou após sentença judicial, considerando
que o paciente corre risco de vida.
Nossa equipe desenvolveu uma solução utilizando uma prótese de polimetilmetacrilato (PMMA) confeccionada durante o
[25] período da cirurgia, com resultados semelhantes e até superiores aos das próteses de titânio e porcelanato disponíveis, mas
com custo cerca de 20 vezes menor que o praticado no mercado, tornando o tratamento, em teoria, viável e acessível à rede
SUS. Estamos confiantes nos resultados das próteses feitas de PMMA, na análise dos custos e na adequabilidade do produto
para o mercado.
A ciência translacional não é algo que possa se embutir no sistema por decreto. Grandes organizações, públicas e privadas,
[30] estão amarradas nas suas próprias burocracias, o que dificulta o processo criativo e de inovação. No contexto da inovação em
saúde, precisamos inserir formas de gestão flexíveis, ágeis, que envolvam tomadas de decisão descentralizadas, permitindo a
responsabilização de todos os atores envolvidos, de modo a ampliar os espaços de criatividade e de ousadia na busca e na
implementação de soluções. O que não dá para aceitar é continuar ___ andar com o ‘freio de mão puxado’ e na contramão do
desenvolvimento sustentável.
[35] Por fim, a dicotomia entre público e privado já deveria ter sido ultrapassada. A saúde é direito de todos e dever do Estado.
Quem trabalha com inovação quer ver o produto funcionando no mercado global. Certa vez, em 1995, tive a oportunidade de
ouvir de Eric Kandel (Universidade Columbia), Rodolfo Llinás (Universidade de Nova York) e Torsten Wiesel (Universidade
Rockfeller) uma previsão sobre o cenário de concessões nos Institutos Nacionais da Saúde (NIH) em 2015-2020: “quem não
desenvolvesse uma ‘pílula’ para a sociedade como resultado do seu projeto de pesquisa estaria fora do pool”. Tal visão está se
[40] tornando uma realidade global. Pessoalmente, acredito que um dos compromissos mais preciosos que temos com a nossa
população é o de proporcionar hoje, e não amanhã, uma solução para que todos possam ser atendidos a tempo e desfrutem
de boa qualidade de vida.
(ROZENTAL, Renato.O que nos torna pouco competitivos? [Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde. Fundação Oswaldo Cruz e Instituto de Ciências Biomédicas. Universidade Federal do Rio de Janeiro]. Matéria publicada em Ciência Hoje de 20 de agosto de 2021. Disponível em: https://cienciahoje.org.br/artigo/o-que-nos-torna-pouco-competitivos/. Acesso em 18 de setembro de 2021). Texto adaptado para esta prova.
Considere as seguintes informações:
I. Ao serem examinadas as finalidades comunicativas do texto, verifica-se que a única função da linguagem nele presente é a conativa, visto que, antes mesmo de pretender informar por meio da função referencial, seu objetivo é persuadir o destinatário e influenciar seu comportamento.
II. No enunciado “Grandes organizações, públicas e privadas, estão amarradas nas suas próprias burocracias, o que dificulta o processo criativo e de inovação.” (linhas 29 e 30), há uma construção em sentido figurado, claramente revelada pelo polissíndeto, segundo o qual "grandes organizações estão amarradas".
III. Os efeitos de parcialidade e de imparcialidade construídos nos textos também têm a ver com a maneira como o locutor escolhe veicular sua voz: se em 1ª ou em 3ª pessoa, por exemplo. No caso em questão, pode-se dizer que o locutor não procurou "esconder-se" atrás de tal efeito de imparcialidade, uma vez que introduziu sua voz em 1ª pessoa, como em "pergunto" (linha 11) e "pessoalmente, acredito" (linha 40)]
IV. Ao mesmo tempo em que se identificam características das tipologias dissertativa e injuntiva no texto, é a narração, explicitamente, o tipo textual predominante nesta matéria da revista Ciência Hoje.
Está correto o que se afirma em:
O que nos torna pouco competitivos?
Renato Rozental
Lamentar a morte de mais de meio milhão de brasileiros por covid-19 é pouco. Esta é uma discussão de resposta muito clara,
quase óbvia. Se tivéssemos capacidade interna, poderíamos ter suprido parte das necessidades do mercado e reduzido o
impacto da pandemia no sistema de saúde em tempo hábil. O quadro de calamidade é resultado de décadas de políticas de
incentivo ___ mera reprodução em vez de estímulo ___ capacitação profissional e ao domínio do processo produtivo.
[5] Começar reproduzindo (‘copiando’) não é um problema. Basta lembrar da história do nylon, fibra têxtil sintética patenteada
pela empresa norte-americana DuPont em 1935 e usada para provocar a indústria japonesa e fazê-la exportar menos seda. A
resposta japonesa foi contundente e imediata: ‘copiar’ o processo de manufatura e produzir nylon 6 meses após a desfeita.
Atualmente, a China domina o mercado mundial de nylon, seguida por Estados Unidos, Japão e Tigres Asiáticos. Os chineses
perceberam que, na era tecnológica, “o caminho mais curto para crescer é apostar em três frentes: inovação, inovação e
[10] inovação”.
Nesse contexto, pergunto: qual é o perfil da nossa indústria farmacêutica? Produzimos genéricos… até hoje. Mas a política
de ‘genéricos’ tem como fragilidade o fato de incluir apenas medicamentos cujas patentes já tenham expirado. O problema do
conhecimento tecnológico insuficiente e a dificuldade do nosso país em evoluir de ‘copiar’ para ‘inovar’ precisa ser tratado com
prioridade e sem demagogia para romper o ciclo vicioso da dependência tecnológica e trazer um diferencial competitivo.
[15] O projeto de cranioplastia, reparo craniano extenso, pode ilustrar tanto a inovação estimulada pela demanda como os
entraves burocráticos ao desenvolvimento do produto. Pelo lado clínico, ___ cirurgias de reconstrução do crânio após remoção
da calota craniana envolvem um alto custo, incluindo a malha de titânio e porcelanato usada atualmente, totalizando um gasto
entre R$ 120 mil e R$ 200 mil por paciente, o que torna sua realização no Sistema Único de Saúde (SUS) economicamente
inviável. A cranioplastia faz-se necessária não somente por razões estéticas – o que, por si só, já justificaria o procedimento –,
[20] mas também para assegurar que o cérebro do paciente fique mais protegido e com melhor irrigação sanguínea, resultando em
melhoras cognitivas e comportamentais e facilitando ___ reintrodução do indivíduo na sociedade. No momento, infelizmente, a
implantação de próteses cranianas é realizada pelo SUS somente mediante doação ou após sentença judicial, considerando
que o paciente corre risco de vida.
Nossa equipe desenvolveu uma solução utilizando uma prótese de polimetilmetacrilato (PMMA) confeccionada durante o
[25] período da cirurgia, com resultados semelhantes e até superiores aos das próteses de titânio e porcelanato disponíveis, mas
com custo cerca de 20 vezes menor que o praticado no mercado, tornando o tratamento, em teoria, viável e acessível à rede
SUS. Estamos confiantes nos resultados das próteses feitas de PMMA, na análise dos custos e na adequabilidade do produto
para o mercado.
A ciência translacional não é algo que possa se embutir no sistema por decreto. Grandes organizações, públicas e privadas,
[30] estão amarradas nas suas próprias burocracias, o que dificulta o processo criativo e de inovação. No contexto da inovação em
saúde, precisamos inserir formas de gestão flexíveis, ágeis, que envolvam tomadas de decisão descentralizadas, permitindo a
responsabilização de todos os atores envolvidos, de modo a ampliar os espaços de criatividade e de ousadia na busca e na
implementação de soluções. O que não dá para aceitar é continuar ___ andar com o ‘freio de mão puxado’ e na contramão do
desenvolvimento sustentável.
[35] Por fim, a dicotomia entre público e privado já deveria ter sido ultrapassada. A saúde é direito de todos e dever do Estado.
Quem trabalha com inovação quer ver o produto funcionando no mercado global. Certa vez, em 1995, tive a oportunidade de
ouvir de Eric Kandel (Universidade Columbia), Rodolfo Llinás (Universidade de Nova York) e Torsten Wiesel (Universidade
Rockfeller) uma previsão sobre o cenário de concessões nos Institutos Nacionais da Saúde (NIH) em 2015-2020: “quem não
desenvolvesse uma ‘pílula’ para a sociedade como resultado do seu projeto de pesquisa estaria fora do pool”. Tal visão está se
[40] tornando uma realidade global. Pessoalmente, acredito que um dos compromissos mais preciosos que temos com a nossa
população é o de proporcionar hoje, e não amanhã, uma solução para que todos possam ser atendidos a tempo e desfrutem
de boa qualidade de vida.
(ROZENTAL, Renato.O que nos torna pouco competitivos? [Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde. Fundação Oswaldo Cruz e Instituto de Ciências Biomédicas. Universidade Federal do Rio de Janeiro]. Matéria publicada em Ciência Hoje de 20 de agosto de 2021. Disponível em: https://cienciahoje.org.br/artigo/o-que-nos-torna-pouco-competitivos/. Acesso em 18 de setembro de 2021). Texto adaptado para esta prova.
Sabe-se que a constituição do sentido global de um texto decorre, dentre outros fatores, das relações sintático-semânticas estabelecidas entre entidades linguísticas, tais como palavras, enunciados e parágrafos. Com base em princípios que regem a coesão e a coerência textuais, analise as seguintes afirmações e identifique-as como verdadeiras (V) ou falsas (F):
( ) Em termos quantitativos, o operador pouco − em "O que nos torna pouco competitivos?" − indica uma pequena quantidade e orienta negativamente os sentidos que o seguem. Se o substituirmos, entretanto, pelo operador um pouco, manteremos o sentido de pequena quantidade, mas acrescentaremos uma orientação argumentativa muito mais positiva ao texto.
( ) O pronome demonstrativo "nesse" − no enunciado "Nesse contexto, pergunto: qual é o perfil da nossa indústria farmacêutica?" (linha 11) − é catafórico, pois retoma informações do parágrafo anterior. Portanto, para que fossem mantidos adequadamente os padrões referenciais do texto, teria sido necessário substituí-lo pelo demonstrativo "neste".
( ) Os usos de "até" − em "Produzimos genéricos… até hoje" (linha 11) e em "e até superiores aos das próteses de titânio e porcelanato disponíveis" (linha 25) − são neutros de valoração, visto que não marcam nenhum tipo de posicionamento do autor, embora desempenhem importante função argumentativa.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:
O que nos torna pouco competitivos?
Renato Rozental
Lamentar a morte de mais de meio milhão de brasileiros por covid-19 é pouco. Esta é uma discussão de resposta muito clara,
quase óbvia. Se tivéssemos capacidade interna, poderíamos ter suprido parte das necessidades do mercado e reduzido o
impacto da pandemia no sistema de saúde em tempo hábil. O quadro de calamidade é resultado de décadas de políticas de
incentivo ___ mera reprodução em vez de estímulo ___ capacitação profissional e ao domínio do processo produtivo.
[5] Começar reproduzindo (‘copiando’) não é um problema. Basta lembrar da história do nylon, fibra têxtil sintética patenteada
pela empresa norte-americana DuPont em 1935 e usada para provocar a indústria japonesa e fazê-la exportar menos seda. A
resposta japonesa foi contundente e imediata: ‘copiar’ o processo de manufatura e produzir nylon 6 meses após a desfeita.
Atualmente, a China domina o mercado mundial de nylon, seguida por Estados Unidos, Japão e Tigres Asiáticos. Os chineses
perceberam que, na era tecnológica, “o caminho mais curto para crescer é apostar em três frentes: inovação, inovação e
[10] inovação”.
Nesse contexto, pergunto: qual é o perfil da nossa indústria farmacêutica? Produzimos genéricos… até hoje. Mas a política
de ‘genéricos’ tem como fragilidade o fato de incluir apenas medicamentos cujas patentes já tenham expirado. O problema do
conhecimento tecnológico insuficiente e a dificuldade do nosso país em evoluir de ‘copiar’ para ‘inovar’ precisa ser tratado com
prioridade e sem demagogia para romper o ciclo vicioso da dependência tecnológica e trazer um diferencial competitivo.
[15] O projeto de cranioplastia, reparo craniano extenso, pode ilustrar tanto a inovação estimulada pela demanda como os
entraves burocráticos ao desenvolvimento do produto. Pelo lado clínico, ___ cirurgias de reconstrução do crânio após remoção
da calota craniana envolvem um alto custo, incluindo a malha de titânio e porcelanato usada atualmente, totalizando um gasto
entre R$ 120 mil e R$ 200 mil por paciente, o que torna sua realização no Sistema Único de Saúde (SUS) economicamente
inviável. A cranioplastia faz-se necessária não somente por razões estéticas – o que, por si só, já justificaria o procedimento –,
[20] mas também para assegurar que o cérebro do paciente fique mais protegido e com melhor irrigação sanguínea, resultando em
melhoras cognitivas e comportamentais e facilitando ___ reintrodução do indivíduo na sociedade. No momento, infelizmente, a
implantação de próteses cranianas é realizada pelo SUS somente mediante doação ou após sentença judicial, considerando
que o paciente corre risco de vida.
Nossa equipe desenvolveu uma solução utilizando uma prótese de polimetilmetacrilato (PMMA) confeccionada durante o
[25] período da cirurgia, com resultados semelhantes e até superiores aos das próteses de titânio e porcelanato disponíveis, mas
com custo cerca de 20 vezes menor que o praticado no mercado, tornando o tratamento, em teoria, viável e acessível à rede
SUS. Estamos confiantes nos resultados das próteses feitas de PMMA, na análise dos custos e na adequabilidade do produto
para o mercado.
A ciência translacional não é algo que possa se embutir no sistema por decreto. Grandes organizações, públicas e privadas,
[30] estão amarradas nas suas próprias burocracias, o que dificulta o processo criativo e de inovação. No contexto da inovação em
saúde, precisamos inserir formas de gestão flexíveis, ágeis, que envolvam tomadas de decisão descentralizadas, permitindo a
responsabilização de todos os atores envolvidos, de modo a ampliar os espaços de criatividade e de ousadia na busca e na
implementação de soluções. O que não dá para aceitar é continuar ___ andar com o ‘freio de mão puxado’ e na contramão do
desenvolvimento sustentável.
[35] Por fim, a dicotomia entre público e privado já deveria ter sido ultrapassada. A saúde é direito de todos e dever do Estado.
Quem trabalha com inovação quer ver o produto funcionando no mercado global. Certa vez, em 1995, tive a oportunidade de
ouvir de Eric Kandel (Universidade Columbia), Rodolfo Llinás (Universidade de Nova York) e Torsten Wiesel (Universidade
Rockfeller) uma previsão sobre o cenário de concessões nos Institutos Nacionais da Saúde (NIH) em 2015-2020: “quem não
desenvolvesse uma ‘pílula’ para a sociedade como resultado do seu projeto de pesquisa estaria fora do pool”. Tal visão está se
[40] tornando uma realidade global. Pessoalmente, acredito que um dos compromissos mais preciosos que temos com a nossa
população é o de proporcionar hoje, e não amanhã, uma solução para que todos possam ser atendidos a tempo e desfrutem
de boa qualidade de vida.
(ROZENTAL, Renato.O que nos torna pouco competitivos? [Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde. Fundação Oswaldo Cruz e Instituto de Ciências Biomédicas. Universidade Federal do Rio de Janeiro]. Matéria publicada em Ciência Hoje de 20 de agosto de 2021. Disponível em: https://cienciahoje.org.br/artigo/o-que-nos-torna-pouco-competitivos/. Acesso em 18 de setembro de 2021). Texto adaptado para esta prova.
Quanto ao emprego da pontuação, é correto o que se afirma em:
O que nos torna pouco competitivos?
Renato Rozental
Lamentar a morte de mais de meio milhão de brasileiros por covid-19 é pouco. Esta é uma discussão de resposta muito clara,
quase óbvia. Se tivéssemos capacidade interna, poderíamos ter suprido parte das necessidades do mercado e reduzido o
impacto da pandemia no sistema de saúde em tempo hábil. O quadro de calamidade é resultado de décadas de políticas de
incentivo ___ mera reprodução em vez de estímulo ___ capacitação profissional e ao domínio do processo produtivo.
[5] Começar reproduzindo (‘copiando’) não é um problema. Basta lembrar da história do nylon, fibra têxtil sintética patenteada
pela empresa norte-americana DuPont em 1935 e usada para provocar a indústria japonesa e fazê-la exportar menos seda. A
resposta japonesa foi contundente e imediata: ‘copiar’ o processo de manufatura e produzir nylon 6 meses após a desfeita.
Atualmente, a China domina o mercado mundial de nylon, seguida por Estados Unidos, Japão e Tigres Asiáticos. Os chineses
perceberam que, na era tecnológica, “o caminho mais curto para crescer é apostar em três frentes: inovação, inovação e
[10] inovação”.
Nesse contexto, pergunto: qual é o perfil da nossa indústria farmacêutica? Produzimos genéricos… até hoje. Mas a política
de ‘genéricos’ tem como fragilidade o fato de incluir apenas medicamentos cujas patentes já tenham expirado. O problema do
conhecimento tecnológico insuficiente e a dificuldade do nosso país em evoluir de ‘copiar’ para ‘inovar’ precisa ser tratado com
prioridade e sem demagogia para romper o ciclo vicioso da dependência tecnológica e trazer um diferencial competitivo.
[15] O projeto de cranioplastia, reparo craniano extenso, pode ilustrar tanto a inovação estimulada pela demanda como os
entraves burocráticos ao desenvolvimento do produto. Pelo lado clínico, ___ cirurgias de reconstrução do crânio após remoção
da calota craniana envolvem um alto custo, incluindo a malha de titânio e porcelanato usada atualmente, totalizando um gasto
entre R$ 120 mil e R$ 200 mil por paciente, o que torna sua realização no Sistema Único de Saúde (SUS) economicamente
inviável. A cranioplastia faz-se necessária não somente por razões estéticas – o que, por si só, já justificaria o procedimento –,
[20] mas também para assegurar que o cérebro do paciente fique mais protegido e com melhor irrigação sanguínea, resultando em
melhoras cognitivas e comportamentais e facilitando ___ reintrodução do indivíduo na sociedade. No momento, infelizmente, a
implantação de próteses cranianas é realizada pelo SUS somente mediante doação ou após sentença judicial, considerando
que o paciente corre risco de vida.
Nossa equipe desenvolveu uma solução utilizando uma prótese de polimetilmetacrilato (PMMA) confeccionada durante o
[25] período da cirurgia, com resultados semelhantes e até superiores aos das próteses de titânio e porcelanato disponíveis, mas
com custo cerca de 20 vezes menor que o praticado no mercado, tornando o tratamento, em teoria, viável e acessível à rede
SUS. Estamos confiantes nos resultados das próteses feitas de PMMA, na análise dos custos e na adequabilidade do produto
para o mercado.
A ciência translacional não é algo que possa se embutir no sistema por decreto. Grandes organizações, públicas e privadas,
[30] estão amarradas nas suas próprias burocracias, o que dificulta o processo criativo e de inovação. No contexto da inovação em
saúde, precisamos inserir formas de gestão flexíveis, ágeis, que envolvam tomadas de decisão descentralizadas, permitindo a
responsabilização de todos os atores envolvidos, de modo a ampliar os espaços de criatividade e de ousadia na busca e na
implementação de soluções. O que não dá para aceitar é continuar ___ andar com o ‘freio de mão puxado’ e na contramão do
desenvolvimento sustentável.
[35] Por fim, a dicotomia entre público e privado já deveria ter sido ultrapassada. A saúde é direito de todos e dever do Estado.
Quem trabalha com inovação quer ver o produto funcionando no mercado global. Certa vez, em 1995, tive a oportunidade de
ouvir de Eric Kandel (Universidade Columbia), Rodolfo Llinás (Universidade de Nova York) e Torsten Wiesel (Universidade
Rockfeller) uma previsão sobre o cenário de concessões nos Institutos Nacionais da Saúde (NIH) em 2015-2020: “quem não
desenvolvesse uma ‘pílula’ para a sociedade como resultado do seu projeto de pesquisa estaria fora do pool”. Tal visão está se
[40] tornando uma realidade global. Pessoalmente, acredito que um dos compromissos mais preciosos que temos com a nossa
população é o de proporcionar hoje, e não amanhã, uma solução para que todos possam ser atendidos a tempo e desfrutem
de boa qualidade de vida.
(ROZENTAL, Renato.O que nos torna pouco competitivos? [Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde. Fundação Oswaldo Cruz e Instituto de Ciências Biomédicas. Universidade Federal do Rio de Janeiro]. Matéria publicada em Ciência Hoje de 20 de agosto de 2021. Disponível em: https://cienciahoje.org.br/artigo/o-que-nos-torna-pouco-competitivos/. Acesso em 18 de setembro de 2021). Texto adaptado para esta prova.
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas das linhas 4, 16, 21 e 33, nessa ordem.
O que nos torna pouco competitivos?
Renato Rozental
Lamentar a morte de mais de meio milhão de brasileiros por covid-19 é pouco. Esta é uma discussão de resposta muito clara,
quase óbvia. Se tivéssemos capacidade interna, poderíamos ter suprido parte das necessidades do mercado e reduzido o
impacto da pandemia no sistema de saúde em tempo hábil. O quadro de calamidade é resultado de décadas de políticas de
incentivo ___ mera reprodução em vez de estímulo ___ capacitação profissional e ao domínio do processo produtivo.
[5] Começar reproduzindo (‘copiando’) não é um problema. Basta lembrar da história do nylon, fibra têxtil sintética patenteada
pela empresa norte-americana DuPont em 1935 e usada para provocar a indústria japonesa e fazê-la exportar menos seda. A
resposta japonesa foi contundente e imediata: ‘copiar’ o processo de manufatura e produzir nylon 6 meses após a desfeita.
Atualmente, a China domina o mercado mundial de nylon, seguida por Estados Unidos, Japão e Tigres Asiáticos. Os chineses
perceberam que, na era tecnológica, “o caminho mais curto para crescer é apostar em três frentes: inovação, inovação e
[10] inovação”.
Nesse contexto, pergunto: qual é o perfil da nossa indústria farmacêutica? Produzimos genéricos… até hoje. Mas a política
de ‘genéricos’ tem como fragilidade o fato de incluir apenas medicamentos cujas patentes já tenham expirado. O problema do
conhecimento tecnológico insuficiente e a dificuldade do nosso país em evoluir de ‘copiar’ para ‘inovar’ precisa ser tratado com
prioridade e sem demagogia para romper o ciclo vicioso da dependência tecnológica e trazer um diferencial competitivo.
[15] O projeto de cranioplastia, reparo craniano extenso, pode ilustrar tanto a inovação estimulada pela demanda como os
entraves burocráticos ao desenvolvimento do produto. Pelo lado clínico, ___ cirurgias de reconstrução do crânio após remoção
da calota craniana envolvem um alto custo, incluindo a malha de titânio e porcelanato usada atualmente, totalizando um gasto
entre R$ 120 mil e R$ 200 mil por paciente, o que torna sua realização no Sistema Único de Saúde (SUS) economicamente
inviável. A cranioplastia faz-se necessária não somente por razões estéticas – o que, por si só, já justificaria o procedimento –,
[20] mas também para assegurar que o cérebro do paciente fique mais protegido e com melhor irrigação sanguínea, resultando em
melhoras cognitivas e comportamentais e facilitando ___ reintrodução do indivíduo na sociedade. No momento, infelizmente, a
implantação de próteses cranianas é realizada pelo SUS somente mediante doação ou após sentença judicial, considerando
que o paciente corre risco de vida.
Nossa equipe desenvolveu uma solução utilizando uma prótese de polimetilmetacrilato (PMMA) confeccionada durante o
[25] período da cirurgia, com resultados semelhantes e até superiores aos das próteses de titânio e porcelanato disponíveis, mas
com custo cerca de 20 vezes menor que o praticado no mercado, tornando o tratamento, em teoria, viável e acessível à rede
SUS. Estamos confiantes nos resultados das próteses feitas de PMMA, na análise dos custos e na adequabilidade do produto
para o mercado.
A ciência translacional não é algo que possa se embutir no sistema por decreto. Grandes organizações, públicas e privadas,
[30] estão amarradas nas suas próprias burocracias, o que dificulta o processo criativo e de inovação. No contexto da inovação em
saúde, precisamos inserir formas de gestão flexíveis, ágeis, que envolvam tomadas de decisão descentralizadas, permitindo a
responsabilização de todos os atores envolvidos, de modo a ampliar os espaços de criatividade e de ousadia na busca e na
implementação de soluções. O que não dá para aceitar é continuar ___ andar com o ‘freio de mão puxado’ e na contramão do
desenvolvimento sustentável.
[35] Por fim, a dicotomia entre público e privado já deveria ter sido ultrapassada. A saúde é direito de todos e dever do Estado.
Quem trabalha com inovação quer ver o produto funcionando no mercado global. Certa vez, em 1995, tive a oportunidade de
ouvir de Eric Kandel (Universidade Columbia), Rodolfo Llinás (Universidade de Nova York) e Torsten Wiesel (Universidade
Rockfeller) uma previsão sobre o cenário de concessões nos Institutos Nacionais da Saúde (NIH) em 2015-2020: “quem não
desenvolvesse uma ‘pílula’ para a sociedade como resultado do seu projeto de pesquisa estaria fora do pool”. Tal visão está se
[40] tornando uma realidade global. Pessoalmente, acredito que um dos compromissos mais preciosos que temos com a nossa
população é o de proporcionar hoje, e não amanhã, uma solução para que todos possam ser atendidos a tempo e desfrutem
de boa qualidade de vida.
(ROZENTAL, Renato.O que nos torna pouco competitivos? [Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde. Fundação Oswaldo Cruz e Instituto de Ciências Biomédicas. Universidade Federal do Rio de Janeiro]. Matéria publicada em Ciência Hoje de 20 de agosto de 2021. Disponível em: https://cienciahoje.org.br/artigo/o-que-nos-torna-pouco-competitivos/. Acesso em 18 de setembro de 2021). Texto adaptado para esta prova.
Observe as afirmações abaixo, considerando a função sintática desempenhada pelos elementos destacados nas orações, e assinale a alternativa correta.