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Leia o trecho do Cap. 1 para responder às questões
Capítulo I
[...]
Nem bem teve seis anos deram água num chocalho pra ele e Macunaíma principiou falando como todos. E pediu pra mãe que largasse da mandioca ralando na cevadeira e levasse ele passear no mato. A mãe não quis porque não podia largar da mandioca não. Macunaíma choramingou dia inteiro. De-noite continuou chorando. No outro dia esperou com o olho esquerdo dormindo que a mãe principiasse o trabalho. Então pediu pra ela que largasse de tecer o paneiro de guarumá-membeca e levasse ele no mato passear. A mãe não quis porque não podia largar o paneiro não. E pediu pra nora, companheira de Jiguê, que levasse o menino. A companheira de Jiguê era bem moça e chamava Sofará. Foi se aproximando ressabiada porém desta vez Macunaíma ficou muito quieto sem botar a mão na graça de ninguém. A moça carregou o piá nas costas e foi até o pé de aninga na beira do rio. A água parara pra inventar um ponteio de gozo nas folhas do javari. O longe estava bonito com muitos biguás e biguatingas avoando na estrada do furo. A moça botou Macunaíma na praia porém ele principiou choramingando, que tinha muita formiga!... e pediu pra Sofará que o levasse até o derrame do morro lá dentro do mato. A moça fez. Mas assim que deitou o curumim nas tiriricas, tajás e trapoerabas da serrapilheira, ele botou corpo num átimo e ficou um príncipe lindo. Andaram por lá muito.
[...]
Andrade, M. Macunaíma. São Paulo: Ótima, 2015.
A obra Macunaíma apresenta uma exploração criativa da linguagem, em nível oral e popular, que se distancia da linguagem padrão.
No trecho acima, essa subversão linguística é marcada pelo(a)
Leia o trecho do Cap. 1 para responder às questões
Capítulo I
[...]
Nem bem teve seis anos deram água num chocalho pra ele e Macunaíma principiou falando como todos. E pediu pra mãe que largasse da mandioca ralando na cevadeira e levasse ele passear no mato. A mãe não quis porque não podia largar da mandioca não. Macunaíma choramingou dia inteiro. De-noite continuou chorando. No outro dia esperou com o olho esquerdo dormindo que a mãe principiasse o trabalho. Então pediu pra ela que largasse de tecer o paneiro de guarumá-membeca e levasse ele no mato passear. A mãe não quis porque não podia largar o paneiro não. E pediu pra nora, companheira de Jiguê, que levasse o menino. A companheira de Jiguê era bem moça e chamava Sofará. Foi se aproximando ressabiada porém desta vez Macunaíma ficou muito quieto sem botar a mão na graça de ninguém. A moça carregou o piá nas costas e foi até o pé de aninga na beira do rio. A água parara pra inventar um ponteio de gozo nas folhas do javari. O longe estava bonito com muitos biguás e biguatingas avoando na estrada do furo. A moça botou Macunaíma na praia porém ele principiou choramingando, que tinha muita formiga!... e pediu pra Sofará que o levasse até o derrame do morro lá dentro do mato. A moça fez. Mas assim que deitou o curumim nas tiriricas, tajás e trapoerabas da serrapilheira, ele botou corpo num átimo e ficou um príncipe lindo. Andaram por lá muito.
[...]
Andrade, M. Macunaíma. São Paulo: Ótima, 2015.
As metamorfoses experimentadas pelo herói no percurso da obra concorrem para a solidez do epíteto “herói sem nenhum caráter”.
Além dessas transformações, Macunaíma apresenta, ao longo da narrativa, indícios de sua falta de caráter, tal como se comprova no trecho:
O tempo, na arte literária, opera diversificado conforme os gêneros. Analise os fragmentos extraídos dos capítulos 3 e 4, de Macunaíma
Cap. 3
No outro dia quando Macunaíma foi visitar o túmulo do filho, viu que nascera do corpo uma plantinha. Trataram dela com muito cuidado e foi o guaraná.
Cap. 4
No outro dia bem cedo o herói padecendo saudades de Ci, a companheira pra sempre inesquecível, furou o beiço inferior e fez da muiraquitã um tembetá.
A expressão “no outro dia”, exemplificada acima, é frequentemente usada pelo narrador ao longo da obra Macunaíma.
A recorrência desse marcador temporal mostra a intencionalidade do narrador em
Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, é um ser que alegoricamente traz em si ambiguidades, ironias e diversas marcas como um mosaico da cultura original do Brasil.
Há correspondência entre o fragmento do texto e o sentimento expresso pela palavra dos parênteses em:
Mario Quintana, poeta gaúcho, foi um dos maiores expoentes da literatura brasileira. Com estilo eclético, estreou em 1940, desafiando os críticos literários por se ter tornado um poeta popular. Sua poesia é compreensível sem ser banal; sua originalidade é natural; suas metáforas são claras, mas, ao mesmo tempo, surpreendentes.
Leia o poema Solau à moda antiga para responder à questão.
Senhora, eu vos amo tanto
Que até por vosso marido
Me dá um certo quebranto...
Pois que tem que a gente inclua
No mesmo alastrante amor
Pessoa animal ou cousa
Ou seja lá o que for,
Só porque os banha o esplendor
Daquela a quem se ama tanto?
E sendo desta maneira,
Não me culpeis, por favor,
Da chama que ardente abrasa
O nome de vossa rua,
Vossa gente e vossa casa
E vossa linda macieira
Que ainda ontem deu flor...
QUINTANA, M. Esconderijos do tempo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
Nesse poema, marcado pelo senso de humor, reconhece-se, fortemente, características da poesia medieval trovadoresca nos versos:
Leia o poema a seguir para responder à questão.
Se um poeta falar num gato
Se o poeta falar num gato, numa flor,
num vento que anda por descampados e desvios
e nunca chegou à cidade...
se falar numa esquina mal e mal iluminada...
numa antiga sacada... num jogo de dominó...
se falar naqueles obedientes soldadinhos de chumbo que morriam de verdade...
se falar na mão decepada no meio de uma escada
de caracol...
Se não falar em nada
e disser simplesmente tralalá... Que importa?
Todos os poemas são de amor!
QUINTANA, M. Esconderijos do tempo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
No poema, nota-se a presença reiterada da preposição "em", que se liga ao verbo falar, acrescentando-lhe um termo nominal dependente. Em alguns versos, seu emprego dá-se em contração com artigos definidos e indefinidos e com pronome demonstrativo.
Considerando o sentido contextual que essa preposição apresenta no poema, a relação semântica que se estabelece entre os termos que ela liga é de