Questões
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Há versos célebres que se transmitem através das idades do homem, como roteiros, bandeiras, cartas de marcar, sinais de trânsito, bússolas – ou segredos. Este, que veio ao mundo muito depois de mim, pelas mãos de Carlos Drummond de Andrade, acompanha-me desde que nasci, por um desses misteriosos acasos que fazem do que viveu já, do que vive e do que ainda não vive, um mesmo nó apertado e vertiginoso de tempo sem medida. Considero previlégio meu dispor deste verso, porque me chamo José e muitas vezes na vida me tenho interrogado: “E agora?” Foram aquelas horas em que o mundo escureceu, em que o desânimo se fez muralha, fosso de víboras e giboias, em que as mãos ficaram vazias e atônitas. Foram aquelas horas de uma total miscelânia interior. “E agora, José?” Um oceano ruge agitado em nós; grande, porém, é o poder da poesia para que aconteça, como juro que acontece, que esta pergunta simples aja como um tônico, um golpe de espora, e não seja, como poderia ser, tentação, o começo da interminável ladainha que é a piedade por nós próprios.
Em todo o caso, há situações de tal modo absurdas (ou que o pareceriam vinte e quatro horas antes), que não se pode censurar a ninguém um instante de desconforto total. Não se pode censurar um segundo em que tudo dentro de nós pede socorro, ainda que saibamos que logo a seguir a mola pisada, violentada, se vai distender vibrante e verticalmente afirmar a anticâmara do horror. Nesse átimo de tempo, marchamos desorientados. Nesse momento veloz toca-se o fundo do poço.
Sobre aspectos sintáticos do texto foram feitas as seguintes afirmativas:
I. O último período do texto é simples e o sujeito é indeterminado.
II. O primeiro período do segundo parágrafo (que tem início com “Em todo caso”) apresenta três orações e uma só frase.
III. No penúltimo período do texto, a única oração apresenta predicado verbo-nominal.
IV.Na oração “Um oceano ruge agitado em nós”, o predicado é verbo-nominal.
Assinale a alternativa correta:
Há versos célebres que se transmitem através das idades do homem, como roteiros, bandeiras, cartas de marcar, sinais de trânsito, bússolas – ou segredos. Este, que veio ao mundo muito depois de mim, pelas mãos de Carlos Drummond de Andrade, acompanha-me desde que nasci, por um desses misteriosos acasos que fazem do que viveu já, do que vive e do que ainda não vive, um mesmo nó apertado e vertiginoso de tempo sem medida. Considero previlégio meu dispor deste verso, porque me chamo José e muitas vezes na vida me tenho interrogado: “E agora?” Foram aquelas horas em que o mundo escureceu, em que o desânimo se fez muralha, fosso de víboras e giboias, em que as mãos ficaram vazias e atônitas. Foram aquelas horas de uma total miscelânia interior. “E agora, José?” Um oceano ruge agitado em nós; grande, porém, é o poder da poesia para que aconteça, como juro que acontece, que esta pergunta simples aja como um tônico, um golpe de espora, e não seja, como poderia ser, tentação, o começo da interminável ladainha que é a piedade por nós próprios.
Em todo o caso, há situações de tal modo absurdas (ou que o pareceriam vinte e quatro horas antes), que não se pode censurar a ninguém um instante de desconforto total. Não se pode censurar um segundo em que tudo dentro de nós pede socorro, ainda que saibamos que logo a seguir a mola pisada, violentada, se vai distender vibrante e verticalmente afirmar a anticâmara do horror. Nesse átimo de tempo, marchamos desorientados. Nesse momento veloz toca-se o fundo do poço.
Assinale a alternativa que apresenta a palavra, dentre as que foram postas em destaque no texto, que está CORRETAMENTE grafada:
Assinale, dentre as alternativas a seguir, a que NÃO se refere de modo correto a respeito da língua portuguesa:
Leia o trecho a seguir para responder à questão:
Todos tinham-se ido, e eu dormi. Mesmo no sonho me picava, como um inseto venenoso, a presença daquela mulher. Via os seus joelhos dobrados; sentada sobre as pernas, na poltrona, descalça, ela ria e falava alguma coisa que não podia perceber, mas era a meu respeito. E havia muitas vozes, de homens e de outras mulheres, ruído de copos, música – uma sintaxe absurda. Mas isso tudo era vago: eu fixava a jovem mulher da poltrona, atento ao jogo de sombra e luz em sua testa, em sua garganta, nos braços: seus lábios moviam-se, eu via os dentes brancos, ela falava alegremente.
(Rubem Braga, “Madrugada”, no livro 200 crônicas escolhidas, p. 278)
Assinale a alternativa em que todas as palavras apresentam encontro consonantal:
Leia o trecho a seguir para responder à questão:
Ao entrar no consultório, observei o psiquiatra, que me pareceu circunspecto além do desejável. E é necessário sublinhar que, por um excesso de cautela, não me dirigi de modo abrupto a ele; por isso, ficamos calados um bom tempo. Por algum motivo desconhecido, veio-me à mente o poema “Pneumotórax”, de Manuel Bandeira. Na sala, nenhuma maquinaria. Só o sofá, a mesa do médico e ele, do outro lado. Meio reservado, eu não pensava em nenhum voo de minha alma, nenhuma abertura para quem queria devassar-me.
(MADEIRA, J. M. Crônicas indesejáveis, p. 37)
Assinale a alternativa em que as palavras apresentam CORRETA divisão silábica:
Leia o trecho a seguir para responder à questão:
Um casal tinha almoçado comigo e saíra. Fiquei sozinho em casa, pensando numas coisas que tinham me dito sobre aquele casal, imaginando o que seria verdade, o que seria exagero. Era hora de fazer crônica, mas eu estava sem vontade nenhuma de escrever. Então bateram à porta e eu abri.
Era morena e parecia ter vindo diretamente do saguão do edifício. Tinha um lenço na cabeça, óculos escuro, uma blusa de cores alegres, saia branca, as pernas nuas, sandálias sem salto. De seu corpo vinha um cheiro fresco de água-de-colônia. “Você não me conhece não”. Morava no bairro, já tinha me visto uma vez na água do mar e era casada: “Vivo muito bem com meu marido, mas se ele soubesse que eu vim aqui ficaria furioso, você não acha?”
– Claro.
Aí, perguntou se eu só sabia dizer “claro”. Bem lhe haviam dito que eu às vezes sou inteligente escrevendo, mas falando sou muito burro.
(Rubem Braga, “Visita de uma senhora do bairro”, no livro 200 crônicas escolhidas, p. 375)
Sobre aspectos linguísticos do texto foram feitas as seguintes afirmativas:
I. Na palavra “saguão” (“parecia ter vindo diretamente do saguão”) existe um ditongo nasal
II. Na palavra “muito” (“Vivo muito bem”) observa-se também a presença de um ditongo nasal
III. No último período do primeiro parágrafo há duas orações, sendo indeterminado o sujeito da primeira
IV.No vocábulo “água” (“já tinha me visto uma vez na água do mar”) observa-se a presença de um ditongo decrescente oral.
V. O termo que introduz a primeira oração do último parágrafo constitui uma marca de oralidade no discurso do narrador.
Assinale a alternativa correta: