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Leia o texto a seguir para responder à questão:
Dizem que a tatuagem data do paleolítico, quando era usada por povos nativos da Ásia. Além da beleza das formas e cores, há algo de simbólico nesses desenhos corporais. Os índios pintam o corpo em cerimônias, festas e rituais de guerra. Os marinheiros, cujas pátrias são os portos e os oceanos, ostentam em sua pele símbolos que evocam a breve permanência em terra firme e a longa travessia marítima: âncoras, ilhas, mapas, peixes, pássaros, bússolas. Em nosso tempo, os jovens exibem tatuagens; os velhos, também. Uso o verbo exibir porque talvez haja uma ponta de exibicionismo nessa arte antiga de fazer da pele uma pintura para toda a vida. Deve haver também uma dose de coragem, quem já foi tatuado sabe como são terríveis as agulhadas na carne. A dor, sendo humana e universal, não é menos terrível para uma bailarina, um soldado ou um nadador.
(Milton Hatoum, “Poema gravado na pele”, no livro Um solitário à espreita, p. 122. Texto adaptado.)
Sobre o texto, foram feitas as seguintes afirmativas:
I. No quarto período, o trecho “cujas pátrias são os portos e os oceanos” é uma oração adjetiva restritiva.
II. Em “uso o verbo exibir porque talvez haja uma ponta de exibicionismo”, a conjunção “porque” é causal.
III. No último período, há duas orações, com a principal sendo intercalada por uma oração reduzida.
IV.Em “os jovens exibem tatuagens; os velhos, também”, verifica-se a existência da figura de construção denominada zeugma.
Assinale a alternativa correta:
Leia o trecho a seguir para responder à questão:
Caro leitor: se tivesses nascido na década de 50, ou antes, certamente terias ouvido falar de uma das figuras públicas que se opuseram à ditadura militar: João Saldanha. Por ocasião de sua morte, as tevês não mostraram as fotos em que ele aparecia abraçado a Ho Chi Min e Mao Tse-Tung. Nem poderiam. Foram queimadas por sua filha Rutinha, em 1972. É preciso dizer quais eram as paranoias de 1972? E se a imprensa não lhe poupou elogios, por ocasião de sua passagem como técnico da seleção brasileira, não chegou a contar muito de sua história – uma rica, atribulada e longa história, intrinsecamente ligada à própria História de nosso tempo. João Saldanha era um arquivo vivo de acontecimentos, como aquele em que teria viajado ao México, não fosse trocado por outro técnico, graças à imposição do ditador Médici. João adorava relembrar esses acontecimentos, em narrações que dariam para entreter os seus ouvintes por mil e uma noites. Foi assim que o conheci um pouco mais em Maricá, no litoral fluminense, sempre que passávamos um fim de semana na casa de sua filha. E ali, numa mesa à sombra de um avarandado, dávamos os trabalhos por iniciados, significando isso o destampar da primeira garrafa de cerveja, para destravar o seu baú de memórias. João Saldanha: não percamos da memória a vida desse botafoguense, mas, acima de tudo, desse comentarista esportivo preocupado com as questões sociais, coisa mais importante que o futebol.
(Antônio Torres, “Foi um prazer te ouvir, João”, no livro Sobre pessoas, p. 116. Texto adaptado.)
Os verbos em destaque no texto estão conjugados, respectivamente, nos seguintes tempos e modos:
Leia o trecho a seguir para responder à questão:
Cansado de rodar o dia inteiro em cima de uma bicicleta com uma pasta na garupa, recheada de mostruários, um talão de pedidos e um maço de promissórias vencidas, sentei-me naquele banco para fazer um balanço. Eu não estava preocupado com as vendas que fizera nem tampouco com as que faria para bodegueiros endividados, aos quais já me afeiçoara, a ponto de me render aos seus desesperados apelos: se ficassem sem mercadorias, aí é que não iam poder pagar as contas atrasadas. Porém, de modo algum, essa não iria ser a lógica do patrão, que jamais acreditaria nas boas intenções dos devedores e, naturalmente me poria a correr em busca de outra ocupação, já que como vendedor não passava de uma nulidade. Foi então que chegou o comunista, com um pacote do jornal “Novos Rumos”, que lhe era enviado do Rio para distribuição nestas bandas. Chamava-se Mário. Pigarreou para puxar conversa, mas eu não queria falar primeiro.
(Antônio Torres, “Tributo a um comunista”, no livro Sobre pessoas, p. 148-149. Texto adaptado.)
Assinale a alternativa em que há advérbio ou locução adverbial expressando, simultaneamente, ideia de negação e de tempo:
Leia a frase a seguir:
Mário, o comunista, não puxou conversa. Eu estava a fim de ouvi-lo.
Considerando a relação de sentido entre os dois enunciados, assinale a alternativa correspondente à conjunção ou expressão equivalente que poderia ser usada para reuni-los em um período composto por subordinação.
Leia o trecho a seguir para responder à questão:
Ontem falamos de você, e me lembrei daquela tarde tão distante em que nós dois, sem um tostão no bolso, desanimados e calados, vínhamos pela avenida. Parecia que os ventos da penúria sopravam contra nós. De repente, vimos aquela velhinha recebendo dinheiro. Você se lembra? Já estava escurecendo, mas ainda não tinham acendido as luzes, e paramos um instante na esquina de uma dessas ruas estreitas que cortam a avenida. No guichê de uma casa de câmbio e viagens, ainda aberta, uma velhinha recebia maços de notas grandes. Foi atulhando tudo, apressadamente, na bolsa; depois saiu, com um passo miúdo, entrou pela ruazinha, onde as casas do comércio atacadista já estavam fechadas. A velhinha andava a nossa frente, na noite quente. Naquela idade, para que a velhinha de vestido preto precisava de tanto dinheiro? Seria coisa de um segundo: arrancar a bolsa, tirar um daqueles maços de dinheiro. Nunca ninguém desconfiaria de nós – dois jornalistas pobres, mas de nome limpo.
(Rubem Braga, “A Velha”, no livro 200 crônicas escolhidas, p. 211. Texto adaptado.)
Assinale a alternativa que contém conotação:
Leia o trecho a seguir para responder à questão:
Um dia vou contar numa crônica a lenta agonia do meu gato amazonense quando tive de me separar dele para viver em São Paulo. Agora a história é outra: um cachorro... Um cão de raça, com pedigree, como se diz. Forte, belo, musculoso, de pelagem castanha, focinho altivo e dentes perfeitos: em suma, um animal vultoso. Um príncipe de quatro patas. Uma corrente de aço amarrava-o a um poste, enquanto o dono se sortia de brioches numa das boas padarias de São Paulo. Gania como um louco. Às vezes parecia chorar de dor, saudade, solidão ou desamparo, como se quisesse ratificar seu abandono. Rodeava o poste no sentido horário, mas o curto cumprimento da coleira o imobilizava; depois, ele repetia os movimentos no outro sentido. Como era uma cena que não podia passar despercebida, alguém se revoltou com tamanha insensibilidade do dono.
(Milton Hatoum, “Domingo sem cachorro”, no livro Um solitário à espreita, p. 129. Texto adaptado.)
Assinale a alternativa em que a palavra destacada no texto NÃO foi corretamente empregada, sendo necessária a sua substituição pelo parônimo correspondente, o qual está colocado entre parênteses: