Questões
Você receberá a resposta de cada questão assim que responder, e NÃO terá estatísticas ao finalizar sua prova.
Responda essa prova como se fosse um simulado, e veja suas estatísticas no final, clique em Modo Prova
Os dois lados do livro digital
Poucas invenções humanas foram tão importantes
para o desenvolvimento da espécie quanto a
escrita. Alfabetos, desde o cuneiforme, se responsabilizaram
pela nobre tarefa de preservar e perpetuar
as ideias e histórias além das restrições de tempo e
espaço.
Para transportar essas descobertas, surgiu outra
ideia grandiosa: o livro encadernado. Descobertas
científicas, textos sagrados, tratados comerciais, leis
e documentos cartoriais diversos foram acumulados
ao longo dos anos, transformando bibliotecas de meros
depósitos em verdadeiros santuários, cultuados
e temidos.
A edição bibliográfica sempre foi uma indústria
parcialmente democrática. Se, por um lado, qualquer
pessoa poderia submeter seu manuscrito para publicação,
a produção e a distribuição eram um negócio de
risco. Na forma de cópias caligráficas em pergaminhos
de pele de ovelha ou, mais tarde, impressa em
tipos móveis, fotolitos ou chapas digitais, a produção
era cara e precisava se pagar.
Para minimizar o risco dessa produção, surge o
conselho editorial, em várias empresas, que decide
o que seria publicado. Se é verdade que alguns de
seus erros relegaram histórias e invenções brilhantes
ao anonimato, não se pode negar seu valor em buscar
exatidão científica e apuro literário.
Símbolos de status intelectual, estantes de livros
em casa são cultuadas, a ponto de decoradores buscarem
as encadernações mais belas em sebos para
adornar as bibliotecas de abastados cuja profundidade
literária não costuma ir além das revistas de celebridades.
Fazendas de ácaros e cupins, livros acumulam
poeira e ocupam espaço. Suas páginas mofam, enrugam,
rasgam, amarelam e incham com água. Qualquer
anotação nas páginas de um livro passa a fazer
parte dele, obstruindo a leitura posterior, inacessível
para quem o anotou se não lembrar a página em que
a anotação foi feita. Estava na hora de uma atualização
digital do formato.
Os e-books não são apenas livros. São uma espécie
de software. Como tal, podem ser consumidos
em diversos aparelhos, desde os tablets que adoramos
hoje até os “lidos”, em forma de áudio, por sistemas
de narração. Podem ser alugados, baixados,
armazenados em bolsos, discos rígidos e na nuvem.
Acessíveis a qualquer hora, podem ser compartilhados,
buscados, anotados sem comprometer o original
e ter todos os destaques compilados. Acima de tudo,
podem ser compartilhados à vontade, sem que se
perca a posse do original. O que, aliás, é um original?
Como a música, o vídeo e outras formas de produção
cultural convertida em software, há questões
de formato e propriedade que precisam ser discutidas.
Mas não há dúvida de que logo surgirão dispositivos
leves, dobráveis e de altíssima definição, que
reproduzirão todas as vantagens que saudosistas
teimam em ver nos livros em papel, acrescidas de
dicionários, links, referências bibliográficas e outras
formas de acesso direto à web.
Mas não se pode esquecer que o livro é mais do
que um objeto. Ele também é um formato de comunicação,
importantíssimo, cuja extinção é preocupante.
Por demandar uma leitura contínua, concentrada e
dedicada, o livro estimula a reflexão. Seu raciocínio
estruturado e envolvente cria uma pausa quase meditativa
na correria do cotidiano.
Se a popularização dos e-books é bem-vinda,
ela é preocupante por colocar em risco o formato literário,
longo, reflexivo e profundo, fundamental em
tempos de excesso de informação e decisões por
impulso. Pontos de referência em um universo de estímulos,
livros editados representam a curadoria do
conhecimento acumulado ao longo da história, que
não pode ser ignorada.
Se o objeto livro já vai tarde, o formato livro —
com sua fundamentação de ideias e curadoria de
conteúdo — deve ser preservado no mundo digital.
Sem livros o mundo é minúsculo, pouco importa o tamanho
da rede.
RADFAHRER, L. Folha de São Paulo, 5 ago. 2013. Adaptado.
O fragmento do Texto I que explica o título “Os dois lados do livro digital” é
Os dois lados do livro digital
Poucas invenções humanas foram tão importantes
para o desenvolvimento da espécie quanto a
escrita. Alfabetos, desde o cuneiforme, se responsabilizaram
pela nobre tarefa de preservar e perpetuar
as ideias e histórias além das restrições de tempo e
espaço.
Para transportar essas descobertas, surgiu outra
ideia grandiosa: o livro encadernado. Descobertas
científicas, textos sagrados, tratados comerciais, leis
e documentos cartoriais diversos foram acumulados
ao longo dos anos, transformando bibliotecas de meros
depósitos em verdadeiros santuários, cultuados
e temidos.
A edição bibliográfica sempre foi uma indústria
parcialmente democrática. Se, por um lado, qualquer
pessoa poderia submeter seu manuscrito para publicação,
a produção e a distribuição eram um negócio de
risco. Na forma de cópias caligráficas em pergaminhos
de pele de ovelha ou, mais tarde, impressa em
tipos móveis, fotolitos ou chapas digitais, a produção
era cara e precisava se pagar.
Para minimizar o risco dessa produção, surge o
conselho editorial, em várias empresas, que decide
o que seria publicado. Se é verdade que alguns de
seus erros relegaram histórias e invenções brilhantes
ao anonimato, não se pode negar seu valor em buscar
exatidão científica e apuro literário.
Símbolos de status intelectual, estantes de livros
em casa são cultuadas, a ponto de decoradores buscarem
as encadernações mais belas em sebos para
adornar as bibliotecas de abastados cuja profundidade
literária não costuma ir além das revistas de celebridades.
Fazendas de ácaros e cupins, livros acumulam
poeira e ocupam espaço. Suas páginas mofam, enrugam,
rasgam, amarelam e incham com água. Qualquer
anotação nas páginas de um livro passa a fazer
parte dele, obstruindo a leitura posterior, inacessível
para quem o anotou se não lembrar a página em que
a anotação foi feita. Estava na hora de uma atualização
digital do formato.
Os e-books não são apenas livros. São uma espécie
de software. Como tal, podem ser consumidos
em diversos aparelhos, desde os tablets que adoramos
hoje até os “lidos”, em forma de áudio, por sistemas
de narração. Podem ser alugados, baixados,
armazenados em bolsos, discos rígidos e na nuvem.
Acessíveis a qualquer hora, podem ser compartilhados,
buscados, anotados sem comprometer o original
e ter todos os destaques compilados. Acima de tudo,
podem ser compartilhados à vontade, sem que se
perca a posse do original. O que, aliás, é um original?
Como a música, o vídeo e outras formas de produção
cultural convertida em software, há questões
de formato e propriedade que precisam ser discutidas.
Mas não há dúvida de que logo surgirão dispositivos
leves, dobráveis e de altíssima definição, que
reproduzirão todas as vantagens que saudosistas
teimam em ver nos livros em papel, acrescidas de
dicionários, links, referências bibliográficas e outras
formas de acesso direto à web.
Mas não se pode esquecer que o livro é mais do
que um objeto. Ele também é um formato de comunicação,
importantíssimo, cuja extinção é preocupante.
Por demandar uma leitura contínua, concentrada e
dedicada, o livro estimula a reflexão. Seu raciocínio
estruturado e envolvente cria uma pausa quase meditativa
na correria do cotidiano.
Se a popularização dos e-books é bem-vinda,
ela é preocupante por colocar em risco o formato literário,
longo, reflexivo e profundo, fundamental em
tempos de excesso de informação e decisões por
impulso. Pontos de referência em um universo de estímulos,
livros editados representam a curadoria do
conhecimento acumulado ao longo da história, que
não pode ser ignorada.
Se o objeto livro já vai tarde, o formato livro —
com sua fundamentação de ideias e curadoria de
conteúdo — deve ser preservado no mundo digital.
Sem livros o mundo é minúsculo, pouco importa o tamanho
da rede.
RADFAHRER, L. Folha de São Paulo, 5 ago. 2013. Adaptado.
De acordo com o Texto I, a importância atribuída aos e-books deve-se à
Os dois lados do livro digital
Poucas invenções humanas foram tão importantes
para o desenvolvimento da espécie quanto a
escrita. Alfabetos, desde o cuneiforme, se responsabilizaram
pela nobre tarefa de preservar e perpetuar
as ideias e histórias além das restrições de tempo e
espaço.
Para transportar essas descobertas, surgiu outra
ideia grandiosa: o livro encadernado. Descobertas
científicas, textos sagrados, tratados comerciais, leis
e documentos cartoriais diversos foram acumulados
ao longo dos anos, transformando bibliotecas de meros
depósitos em verdadeiros santuários, cultuados
e temidos.
A edição bibliográfica sempre foi uma indústria
parcialmente democrática. Se, por um lado, qualquer
pessoa poderia submeter seu manuscrito para publicação,
a produção e a distribuição eram um negócio de
risco. Na forma de cópias caligráficas em pergaminhos
de pele de ovelha ou, mais tarde, impressa em
tipos móveis, fotolitos ou chapas digitais, a produção
era cara e precisava se pagar.
Para minimizar o risco dessa produção, surge o
conselho editorial, em várias empresas, que decide
o que seria publicado. Se é verdade que alguns de
seus erros relegaram histórias e invenções brilhantes
ao anonimato, não se pode negar seu valor em buscar
exatidão científica e apuro literário.
Símbolos de status intelectual, estantes de livros
em casa são cultuadas, a ponto de decoradores buscarem
as encadernações mais belas em sebos para
adornar as bibliotecas de abastados cuja profundidade
literária não costuma ir além das revistas de celebridades.
Fazendas de ácaros e cupins, livros acumulam
poeira e ocupam espaço. Suas páginas mofam, enrugam,
rasgam, amarelam e incham com água. Qualquer
anotação nas páginas de um livro passa a fazer
parte dele, obstruindo a leitura posterior, inacessível
para quem o anotou se não lembrar a página em que
a anotação foi feita. Estava na hora de uma atualização
digital do formato.
Os e-books não são apenas livros. São uma espécie
de software. Como tal, podem ser consumidos
em diversos aparelhos, desde os tablets que adoramos
hoje até os “lidos”, em forma de áudio, por sistemas
de narração. Podem ser alugados, baixados,
armazenados em bolsos, discos rígidos e na nuvem.
Acessíveis a qualquer hora, podem ser compartilhados,
buscados, anotados sem comprometer o original
e ter todos os destaques compilados. Acima de tudo,
podem ser compartilhados à vontade, sem que se
perca a posse do original. O que, aliás, é um original?
Como a música, o vídeo e outras formas de produção
cultural convertida em software, há questões
de formato e propriedade que precisam ser discutidas.
Mas não há dúvida de que logo surgirão dispositivos
leves, dobráveis e de altíssima definição, que
reproduzirão todas as vantagens que saudosistas
teimam em ver nos livros em papel, acrescidas de
dicionários, links, referências bibliográficas e outras
formas de acesso direto à web.
Mas não se pode esquecer que o livro é mais do
que um objeto. Ele também é um formato de comunicação,
importantíssimo, cuja extinção é preocupante.
Por demandar uma leitura contínua, concentrada e
dedicada, o livro estimula a reflexão. Seu raciocínio
estruturado e envolvente cria uma pausa quase meditativa
na correria do cotidiano.
Se a popularização dos e-books é bem-vinda,
ela é preocupante por colocar em risco o formato literário,
longo, reflexivo e profundo, fundamental em
tempos de excesso de informação e decisões por
impulso. Pontos de referência em um universo de estímulos,
livros editados representam a curadoria do
conhecimento acumulado ao longo da história, que
não pode ser ignorada.
Se o objeto livro já vai tarde, o formato livro —
com sua fundamentação de ideias e curadoria de
conteúdo — deve ser preservado no mundo digital.
Sem livros o mundo é minúsculo, pouco importa o tamanho
da rede.
RADFAHRER, L. Folha de São Paulo, 5 ago. 2013. Adaptado.
Para desenvolver sua argumentação, o autor seguiu uma determinada ordem de apresentação das ideias. O Texto I, depois de detalhar o caráter inovador dos e-books, aborda
Os dois lados do livro digital
Poucas invenções humanas foram tão importantes
para o desenvolvimento da espécie quanto a
escrita. Alfabetos, desde o cuneiforme, se responsabilizaram
pela nobre tarefa de preservar e perpetuar
as ideias e histórias além das restrições de tempo e
espaço.
Para transportar essas descobertas, surgiu outra
ideia grandiosa: o livro encadernado. Descobertas
científicas, textos sagrados, tratados comerciais, leis
e documentos cartoriais diversos foram acumulados
ao longo dos anos, transformando bibliotecas de meros
depósitos em verdadeiros santuários, cultuados
e temidos.
A edição bibliográfica sempre foi uma indústria
parcialmente democrática. Se, por um lado, qualquer
pessoa poderia submeter seu manuscrito para publicação,
a produção e a distribuição eram um negócio de
risco. Na forma de cópias caligráficas em pergaminhos
de pele de ovelha ou, mais tarde, impressa em
tipos móveis, fotolitos ou chapas digitais, a produção
era cara e precisava se pagar.
Para minimizar o risco dessa produção, surge o
conselho editorial, em várias empresas, que decide
o que seria publicado. Se é verdade que alguns de
seus erros relegaram histórias e invenções brilhantes
ao anonimato, não se pode negar seu valor em buscar
exatidão científica e apuro literário.
Símbolos de status intelectual, estantes de livros
em casa são cultuadas, a ponto de decoradores buscarem
as encadernações mais belas em sebos para
adornar as bibliotecas de abastados cuja profundidade
literária não costuma ir além das revistas de celebridades.
Fazendas de ácaros e cupins, livros acumulam
poeira e ocupam espaço. Suas páginas mofam, enrugam,
rasgam, amarelam e incham com água. Qualquer
anotação nas páginas de um livro passa a fazer
parte dele, obstruindo a leitura posterior, inacessível
para quem o anotou se não lembrar a página em que
a anotação foi feita. Estava na hora de uma atualização
digital do formato.
Os e-books não são apenas livros. São uma espécie
de software. Como tal, podem ser consumidos
em diversos aparelhos, desde os tablets que adoramos
hoje até os “lidos”, em forma de áudio, por sistemas
de narração. Podem ser alugados, baixados,
armazenados em bolsos, discos rígidos e na nuvem.
Acessíveis a qualquer hora, podem ser compartilhados,
buscados, anotados sem comprometer o original
e ter todos os destaques compilados. Acima de tudo,
podem ser compartilhados à vontade, sem que se
perca a posse do original. O que, aliás, é um original?
Como a música, o vídeo e outras formas de produção
cultural convertida em software, há questões
de formato e propriedade que precisam ser discutidas.
Mas não há dúvida de que logo surgirão dispositivos
leves, dobráveis e de altíssima definição, que
reproduzirão todas as vantagens que saudosistas
teimam em ver nos livros em papel, acrescidas de
dicionários, links, referências bibliográficas e outras
formas de acesso direto à web.
Mas não se pode esquecer que o livro é mais do
que um objeto. Ele também é um formato de comunicação,
importantíssimo, cuja extinção é preocupante.
Por demandar uma leitura contínua, concentrada e
dedicada, o livro estimula a reflexão. Seu raciocínio
estruturado e envolvente cria uma pausa quase meditativa
na correria do cotidiano.
Se a popularização dos e-books é bem-vinda,
ela é preocupante por colocar em risco o formato literário,
longo, reflexivo e profundo, fundamental em
tempos de excesso de informação e decisões por
impulso. Pontos de referência em um universo de estímulos,
livros editados representam a curadoria do
conhecimento acumulado ao longo da história, que
não pode ser ignorada.
Se o objeto livro já vai tarde, o formato livro —
com sua fundamentação de ideias e curadoria de
conteúdo — deve ser preservado no mundo digital.
Sem livros o mundo é minúsculo, pouco importa o tamanho
da rede.
RADFAHRER, L. Folha de São Paulo, 5 ago. 2013. Adaptado.
A correspondência entre o pronome que e a palavra ou a expressão a que ele se refere está adequadamente indicada em:
Os dois lados do livro digital
Poucas invenções humanas foram tão importantes
para o desenvolvimento da espécie quanto a
escrita. Alfabetos, desde o cuneiforme, se responsabilizaram
pela nobre tarefa de preservar e perpetuar
as ideias e histórias além das restrições de tempo e
espaço.
Para transportar essas descobertas, surgiu outra
ideia grandiosa: o livro encadernado. Descobertas
científicas, textos sagrados, tratados comerciais, leis
e documentos cartoriais diversos foram acumulados
ao longo dos anos, transformando bibliotecas de meros
depósitos em verdadeiros santuários, cultuados
e temidos.
A edição bibliográfica sempre foi uma indústria
parcialmente democrática. Se, por um lado, qualquer
pessoa poderia submeter seu manuscrito para publicação,
a produção e a distribuição eram um negócio de
risco. Na forma de cópias caligráficas em pergaminhos
de pele de ovelha ou, mais tarde, impressa em
tipos móveis, fotolitos ou chapas digitais, a produção
era cara e precisava se pagar.
Para minimizar o risco dessa produção, surge o
conselho editorial, em várias empresas, que decide
o que seria publicado. Se é verdade que alguns de
seus erros relegaram histórias e invenções brilhantes
ao anonimato, não se pode negar seu valor em buscar
exatidão científica e apuro literário.
Símbolos de status intelectual, estantes de livros
em casa são cultuadas, a ponto de decoradores buscarem
as encadernações mais belas em sebos para
adornar as bibliotecas de abastados cuja profundidade
literária não costuma ir além das revistas de celebridades.
Fazendas de ácaros e cupins, livros acumulam
poeira e ocupam espaço. Suas páginas mofam, enrugam,
rasgam, amarelam e incham com água. Qualquer
anotação nas páginas de um livro passa a fazer
parte dele, obstruindo a leitura posterior, inacessível
para quem o anotou se não lembrar a página em que
a anotação foi feita. Estava na hora de uma atualização
digital do formato.
Os e-books não são apenas livros. São uma espécie
de software. Como tal, podem ser consumidos
em diversos aparelhos, desde os tablets que adoramos
hoje até os “lidos”, em forma de áudio, por sistemas
de narração. Podem ser alugados, baixados,
armazenados em bolsos, discos rígidos e na nuvem.
Acessíveis a qualquer hora, podem ser compartilhados,
buscados, anotados sem comprometer o original
e ter todos os destaques compilados. Acima de tudo,
podem ser compartilhados à vontade, sem que se
perca a posse do original. O que, aliás, é um original?
Como a música, o vídeo e outras formas de produção
cultural convertida em software, há questões
de formato e propriedade que precisam ser discutidas.
Mas não há dúvida de que logo surgirão dispositivos
leves, dobráveis e de altíssima definição, que
reproduzirão todas as vantagens que saudosistas
teimam em ver nos livros em papel, acrescidas de
dicionários, links, referências bibliográficas e outras
formas de acesso direto à web.
Mas não se pode esquecer que o livro é mais do
que um objeto. Ele também é um formato de comunicação,
importantíssimo, cuja extinção é preocupante.
Por demandar uma leitura contínua, concentrada e
dedicada, o livro estimula a reflexão. Seu raciocínio
estruturado e envolvente cria uma pausa quase meditativa
na correria do cotidiano.
Se a popularização dos e-books é bem-vinda,
ela é preocupante por colocar em risco o formato literário,
longo, reflexivo e profundo, fundamental em
tempos de excesso de informação e decisões por
impulso. Pontos de referência em um universo de estímulos,
livros editados representam a curadoria do
conhecimento acumulado ao longo da história, que
não pode ser ignorada.
Se o objeto livro já vai tarde, o formato livro —
com sua fundamentação de ideias e curadoria de
conteúdo — deve ser preservado no mundo digital.
Sem livros o mundo é minúsculo, pouco importa o tamanho
da rede.
RADFAHRER, L. Folha de São Paulo, 5 ago. 2013. Adaptado.
O trecho do Texto I em que a vírgula tem a mesma função que em “ela é preocupante por colocar em risco o formato literário, longo, reflexivo e profundo (l. 70-71)” é
Os dois lados do livro digital
Poucas invenções humanas foram tão importantes
para o desenvolvimento da espécie quanto a
escrita. Alfabetos, desde o cuneiforme, se responsabilizaram
pela nobre tarefa de preservar e perpetuar
as ideias e histórias além das restrições de tempo e
espaço.
Para transportar essas descobertas, surgiu outra
ideia grandiosa: o livro encadernado. Descobertas
científicas, textos sagrados, tratados comerciais, leis
e documentos cartoriais diversos foram acumulados
ao longo dos anos, transformando bibliotecas de meros
depósitos em verdadeiros santuários, cultuados
e temidos.
A edição bibliográfica sempre foi uma indústria
parcialmente democrática. Se, por um lado, qualquer
pessoa poderia submeter seu manuscrito para publicação,
a produção e a distribuição eram um negócio de
risco. Na forma de cópias caligráficas em pergaminhos
de pele de ovelha ou, mais tarde, impressa em
tipos móveis, fotolitos ou chapas digitais, a produção
era cara e precisava se pagar.
Para minimizar o risco dessa produção, surge o
conselho editorial, em várias empresas, que decide
o que seria publicado. Se é verdade que alguns de
seus erros relegaram histórias e invenções brilhantes
ao anonimato, não se pode negar seu valor em buscar
exatidão científica e apuro literário.
Símbolos de status intelectual, estantes de livros
em casa são cultuadas, a ponto de decoradores buscarem
as encadernações mais belas em sebos para
adornar as bibliotecas de abastados cuja profundidade
literária não costuma ir além das revistas de celebridades.
Fazendas de ácaros e cupins, livros acumulam
poeira e ocupam espaço. Suas páginas mofam, enrugam,
rasgam, amarelam e incham com água. Qualquer
anotação nas páginas de um livro passa a fazer
parte dele, obstruindo a leitura posterior, inacessível
para quem o anotou se não lembrar a página em que
a anotação foi feita. Estava na hora de uma atualização
digital do formato.
Os e-books não são apenas livros. São uma espécie
de software. Como tal, podem ser consumidos
em diversos aparelhos, desde os tablets que adoramos
hoje até os “lidos”, em forma de áudio, por sistemas
de narração. Podem ser alugados, baixados,
armazenados em bolsos, discos rígidos e na nuvem.
Acessíveis a qualquer hora, podem ser compartilhados,
buscados, anotados sem comprometer o original
e ter todos os destaques compilados. Acima de tudo,
podem ser compartilhados à vontade, sem que se
perca a posse do original. O que, aliás, é um original?
Como a música, o vídeo e outras formas de produção
cultural convertida em software, há questões
de formato e propriedade que precisam ser discutidas.
Mas não há dúvida de que logo surgirão dispositivos
leves, dobráveis e de altíssima definição, que
reproduzirão todas as vantagens que saudosistas
teimam em ver nos livros em papel, acrescidas de
dicionários, links, referências bibliográficas e outras
formas de acesso direto à web.
Mas não se pode esquecer que o livro é mais do
que um objeto. Ele também é um formato de comunicação,
importantíssimo, cuja extinção é preocupante.
Por demandar uma leitura contínua, concentrada e
dedicada, o livro estimula a reflexão. Seu raciocínio
estruturado e envolvente cria uma pausa quase meditativa
na correria do cotidiano.
Se a popularização dos e-books é bem-vinda,
ela é preocupante por colocar em risco o formato literário,
longo, reflexivo e profundo, fundamental em
tempos de excesso de informação e decisões por
impulso. Pontos de referência em um universo de estímulos,
livros editados representam a curadoria do
conhecimento acumulado ao longo da história, que
não pode ser ignorada.
Se o objeto livro já vai tarde, o formato livro —
com sua fundamentação de ideias e curadoria de
conteúdo — deve ser preservado no mundo digital.
Sem livros o mundo é minúsculo, pouco importa o tamanho
da rede.
RADFAHRER, L. Folha de São Paulo, 5 ago. 2013. Adaptado.
No trecho do Texto I “Se o objeto livro já vai tarde, o formato livro — com sua fundamentação de ideias e curadoria de conteúdo — deve ser preservado no mundo digital” (l. 77-79), a palavra destacada estabelece uma relação lógica entre as partes do enunciado. Isso é observado nos trechos abaixo, EXCETO em: