Questões de Sociologia
Atente para o seguinte excerto: “[...] O golpe de estado, na grande maioria dos casos, é uma reação contra as soluções revolucionárias ou reformistas, em andamento ou projetadas. Por isso, envolve a restauração e o endurecimento de estruturas arcaicas. Isto é, o golpe de estado sempre inaugura um estilo de poder autoritário e implica na cristalização da estrutura de apropriação”.
(IANNI, Octavio. O colapso do populismo no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.)
Com base nesse texto de Ianni, assinale a afirmação verdadeira
Charles Wright Mills, sociólogo norte-americano que produziu sua obra entre os anos 1940 e 1950, buscava estudar, a partir dos conceitos de classe social e status, os processos, estratégias e mecanismos de dominação em uma sociedade. Mills em suas pesquisas demonstrava as lógicas sociais das estruturas de poder e como estas eram mantidas pelas elites norte-americanas para a manutenção da sociedade que lhes favorecia.
Considerando essa perspectiva de Mills, avalie as seguintes proposições sociológicas:
I. As elites são compostas por pessoas cujas posições de classe social lhes permitem influenciar e tomar decisões que afetam toda a sociedade.
II. As elites do poder não são solitárias e necessitam de conselheiros, políticos e formadores de opinião para capitanearem seus interesses e escolhas.
III. O status social das elites tem uma íntima relação com a posição na estrutura social e com o reconhecimento de que são uma classe superior na sociedade.
IV. Os estratos sociais dominantes conseguem se manter como elite do poder porque buscam uniões matrimoniais com todas as outras classes sociais.
É correto o que se afirma em
TEXTO
Atravessamos tempos cruciais para os destinos da humanidade. O contexto da pandemia escancarou a
crise do capitalismo, o fracasso do projeto ultraneoliberal, o capitalismo do desastre, da universalização do
mal-estar com o agravamento das desigualdades e com aumento exponencial da fome e da miséria, que
poderá atingir mais 1 bilhão de pessoas além dos 3 bilhões de seres humanos em insegurança alimentar,
[5] aumento da concentração de renda, crise climática extrema, avanço da extrema-direita global e ameaças às
democracias.
Essa realidade exige um amplo diálogo entre as forças democráticas e populares para a construção de uma
nova governança global em torno de uma agenda de enfrentamento das desigualdades, da crise climática
e do avanço da extrema-direita no mundo.
[10] A América Latina tem se constituído como epicentro de grandes batalhas políticas no século XXI por ter
sido a região que teve os mais radicais experimentos de governos neoliberais, das ditaduras da década de
1970 até a aplicação do consenso econômico neoliberal, o chamado Consenso de Washington, com seu
ideário, entre outros, de disciplina fiscal, redução de gastos públicos, abertura comercial, juros de mercado,
câmbio de mercado, privatização das estatais, desregulamentação das leis econômicas e trabalhistas, direito
[15] à propriedade intelectual encarados como forças naturais, inexoráveis, às quais todos os países devem se
subordinar.
As disputas políticas na região marcaram a emergência de governos antineoliberais, que impulsionaram
uma agenda de enfrentamento das desigualdades intoleráveis para os interesses do capital.
Busca-se uma perspectiva da gestão social da riqueza, uma revisão até mesmo do regime de propriedade, a
[20] democratização do acesso aos bens – da sua propriedade, do seu controle e de sua gestão.
A pandemia da covid-19, para além de evidenciar a crise do capitalismo, colocou na agenda global
o enfrentamento da desigualdade abissal, a luta por políticas de direitos universais, sintetizada no
entendimento mais amplo de que o direito universal à saúde é estratégico e deve ser compreendido como
bem comum, a saúde como direito universal, e não como mercadoria.
[25] A situação inadmissível da iniquidade da distribuição das vacinas condenará a humanidade a uma pandemia
perene com o recorrente surgimento de novas cepas. Essa realidade impõe a urgência não apenas de medidas
como suspensão e/ou quebra das patentes como uma das dimensões estratégicas para o enfrentamento das
desigualdades e proteção da saúde dos povos, mas, principalmente, uma direção participativa e coordenada
de todas as nações na gestão dos estoques existentes de imunizantes.
[30] País de passado colonial e escravista, o Brasil carrega vivo o peso desse passado. Após quase 400 anos da
escravidão como base do sistema produtivo, o País não se livrou das feridas que moldam a sua alma. A
mudança na base produtiva e nas relações de trabalho não foram suficientes para solucionar os problemas
decorrentes da escravidão e do modelo extrativista e agroexportador. Ainda estão abertas as chagas da
injustiça, da exploração, da crueldade e do preconceito. A conformação das estruturas fundiárias e urbanas,
[35] as relações sociais, o arcabouço institucional e as interações com o ambiente são marcas de uma sociedade
extremamente desigual, predatória e sem projeto para além da exaustão dos recursos disponíveis, incluindo
aí as pessoas reduzidas à categoria de peças de uma grande engrenagem que moe vidas, paisagens, sonhos
e afetos.
Ainda estão entre nós, e bastante atuantes, as figuras execráveis do capitão do mato e do bandeirante. Os
[40] poderes materiais e simbólicos que operavam a manutenção de uma ordem oligárquica e patrimonialista,
não obstante o verniz de uma frágil democracia, permanecem intocados e resistentes ao avanço de uma
democracia de fato.
Com a pandemia da covid-19, houve a um só passo a aceleração e a deslegitimação do projeto liberal-
conservador. Por um lado, o embrutecimento de um capitalismo de desastre intensificou o vínculo orgânico
[45] das corporações de mercado com as forças militarizadas, cada vez mais presentes na conjuntura política do
país; por outro, o drama da pandemia tornou possível que o SUS viesse ao centro da consciência democrática
de milhões de brasileiras e brasileiros. Sem dúvida, esse deslocamento abriu a oportunidade para que a
cultura democrática sanitarista amplie os sentidos do seu programa no cotidiano das trabalhadoras e dos
trabalhadores.
[50] Neste início de século XXI, o princípio universalista da tradição sanitária brasileira, fortemente consciente
das opressões materiais classistas, tem um encontro a ser consolidado com as novas formas de luta por
cidadania, como o antirracismo, o antipatriarcalismo e a resistência ao colonialismo. A luta socialista contra
as várias formas de opressão humana deve ter na tradição sanitarista brasileira o seu momento máximo
de afirmação, formando uma luta coerentemente anticapitalista, antipatriarcal e antirracialista, ampliando
[55] assim o seu elo com o poder radical popular.
Centro Brasileiro de Estudos em Saúde. Disponível em: https://cebes.org.br/tese-2021-22-cebes-reafirma-a-luta-civilizacao-contra-barbarie/28043/. Acesso em 20 dez.2023. (Fragmento).
A passagem que evidencia um juízo de valor do enunciador está indicada em:
SAÚDE É DEMOCRACIA
“Saúde é democracia” é uma expressão que decorre da ideia de que “Democracia é saúde”, defendida
pelo sanitarista Sergio Arouca em seu discurso de abertura na 8ª Conferência Nacional de Saúde (8ª CNS),
realizada em 1986. Naquele momento, em pleno processo de redemocratização do Brasil, discutia-se um
novo paradigma do conceito ampliado de saúde que se materializa, apesar de todas as resistências políticas
[5] e econômicas, na criação do Sistema Único de Saúde (SUS).
Em sua fala, Arouca explicou essa mudança de paradigma, a partir de sua interpretação do conceito de
saúde proposto pela Organização Mundial de Saúde, afirmando que saúde não é simplesmente ausência
de doença: “é um bem-estar social que pode significar que as pessoas tenham mais alguma coisa do que
simplesmente não estar doentes: que tenham direito à casa, ao trabalho, ao salário condigno, à água, à
[10] vestimenta, à educação, às informações sobre como dominar o mundo e transformá-lo. Que tenham direito
ao meio ambiente que não lhes seja agressivo, e que, pelo contrário, permita uma vida digna e decente. Direito
a um sistema político que respeite a livre opinião, a livre possibilidade de organização e autodeterminação
de um povo, e que não esteja todo tempo submetido ao medo da violência, daquela violência resultante da
miséria, e que resulta no roubo, no ataque. Que não esteja também submetido ao medo da violência de um
[15] governo contra o seu próprio povo, para que sejam mantidos interesses que não são do povo (...)”.
Essa definição de saúde está diretamente relacionada ao conceito de democracia, não sendo possível
melhorar a saúde das pessoas se não melhorar em paralelo a qualidade geral de vida, o que, por sua vez,
também não é possível enquanto persistir um modelo econômico concentrador de renda e excludente e um
modelo político autoritário.
[20] De acordo com Arouca: “era ponto de partida, antes, conseguir a democracia. E o lema que foi colocado no
sistema de saúde durante os últimos anos foi exatamente esse, democracia é saúde, significando que para
conseguir começar a melhorar timidamente as condições de saúde da população brasileira era fundamental
a conquista de um projeto de redemocratização desse país”.
Diante do cenário recente de ameaças à democracia brasileira, a direitos sociais estabelecidos pela
[25] Constituição Federal de 1988 e outras conquistas da população, o site PenseSUS relembra as expressões
“Saúde é democracia” e “Democracia é saúde”, ressaltando que, do mesmo modo que um processo
democrático foi fundamental para implantar o SUS, a resistência a partir do movimento sanitário que lhe
deu base e sustentabilidade se faz ainda mais necessária, em defesa da democracia em nosso país.
FIOCRUZ. Disponível em: https://pensesus.fiocruz.br/sa%C3%BAde-%C3%A9-democracia. Acesso em 19 dez. 2023.
O jogo entre os conceitos “Saúde é democracia” e “Democracia é saúde” (l. 26) sugere que neles há uma relação de:
O fordismo-taylorismo, enquanto sistema de produção e de administração identificado no século XX, foi o ápice de um processo em que o trabalho humano pode ser reduzido a um conjunto de gestos simples, observáveis, previsíveis e repetitivos que permitiram em muitos casos a sua realização por máquinas. Essa percepção fez com que se difundisse a crença e, muitas vezes o temor, de que o ser humano fosse substituído por robôs.
Assinale a alternativa que denomina o processo de substituição por máquinas do trabalho do ser humano, incluindo as diversas habilidades, no âmbito da produção:
Para o historiador estadunidense Frederick Cooper, “o comércio de escravos significou diferentes coisas para diferentes parceiros” (COOPER, 2001).
(I) Para os impérios ultramarinos foi o meio pelo qual se concentraram capitais e mão-de-obra necessários para seu desenvolvimento.
(II) Para os povos originários do Novo Mundo, criou oportunidades singulares de contato étnico e cultural amplamente positivos em todos os aspectos.
(III) Para os escravizados, estabeleceu melhores condições de vida e trabalho em mercados maiores e mais dinâmicos como a Europa e os Estados Unidos.
(IV) Para os dirigentes africanos significou a possibilidade de obtenção de recursos e bens de elevado potencial redistributivo com os quais poderiam conquistar mais aliados e vassalos.
(V) Para os homens e mulheres submetidos ao sistema escravagista, significou a violência, o trabalho extenuante e a morte precoce ou antecipada.
Assinale a alternativa correta