Questões de Português - Gramática - Versificação - Rima

Leia o trecho da canção “Se eu soubesse”, transcrita a seguir, e faça o que se pede.

 

Ah, se eu soubesse não andava na rua 
Perigos não corria 
Não tinha amigos, não bebia, já não ria à toa

Não ia enfim 
Cruzar contigo jamais 

 

Ah, se eu pudesse te diria, na boa 
Não sou mais uma das tais 
Não vivo com a cabeça na lua 
Nem cantarei: eu te amo demais 
Casava com outro, se fosse capaz

 

Autor da música: Chico Buarque 
Interpretada por: Chico Buarque e Thais Gulin 

 

Da estrofe acima, é possível afirmar:

Considere o poema “A um poeta”, de Olavo Bilac.

 

 Longe do estéril turbilhão da rua,
 Beneditino , escreve! No aconchego
 Do claustro, na paciência e no sossego,
 Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

 

 Mas que na forma se disfarce o emprego
 Do esforço; e a trama viva se construa
 De tal modo, que a imagem fique nua,
 Rica mas sóbria, como um templo grego.

 

Não se mostre na fábrica o suplício
 Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
 Sem lembrar os andaimes do edifício:

 

Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
 Arte pura, inimiga do artifício,
 É a força e a graça na simplicidade.

(Olavo Bilac. Antologia: poesias, 2002.)

 

¹Beneditino: referência aos monges beneditinos, conhecidos por sua dedicação à oração e ao trabalho.

Rima rica é aquela que ocorre entre palavras de classes gramaticais distintas.

Rima pobre, por oposição, é a que ocorre entre palavras de mesma classe gramatical.

 

É um exemplo de rima pobre:
 

(Lola, a andorinha, 2013. Adaptado.)

Ao final da tirinha, Lola diz que o microfone deu o recado (ou seja, reproduziu o conteúdo de sua fala), “mas sem a rima”.

 

A rima que não se manteve na fala do microfone é aquela que ocorre entre

Leia o soneto “XCIX”, do poeta Cláudio Manuel da Costa, para responder à questão abaixo.

 

Parece, ou eu me engano, que esta fonte
De repente o licor deixou turvado;
O Céu, que estava limpo e azulado,
Se vai escurecendo no horizonte:

Porque não haja horror, que não aponte
O agouro funestíssimo, e pesado,
Até de susto já não pasta o gado,
Nem uma voz se escuta em todo o monte.

Um raio de improviso na celeste
Região rebentou: um branco lírio
Da cor das violetas se reveste;

Será delírio! não, não é delírio.
Que é isto, Pastor meu? que anúncio é este?
Morreu Nise (ai de mim!), tudo é martírio.

(Domício Proença Filho (org.). A poesia dos inconfidentes, 1996.)

O eu lírico recorre às chamadas “rimas ricas” (ou seja, aquelas entre palavras de classes gramaticais diferentes) em

A canção do africano

Castro Alves

 

O escravo então foi deitar-se,

Pois tinha de levantar-se

Bem antes do sol nascer,

E se tardasse, coitado,

Teria de ser surrado,

Pois bastava escravo ser.

 

No que se refere ao excerto apresentado anteriormente e aos múltiplos aspectos a ele relacionados, julgue o item.

A estrofe do poema apresentada

Para responder à questão, leia a letra da canção “Bom conselho”, de Chico Buarque, composta em 1972.

Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado:
Quem espera nunca alcança

Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar

Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio vento na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade

(www.chicobuarque.com.br)

Observa-se rima entre palavras de classes gramaticais diferentes em