Questões de Português - Gramática - Pontuação
Como é bom reencontrar os leitores da Revista da Cultura por meio de uma publicação com outro visual, conteúdo de qualidade e interesses ampliados! ]cultural[, este nome simples, e eu diria mesmo familiar, nasce entre dois colchetes voltados para fora. E não é por acaso: são sinais abertos, receptivos, propícios à circulação de ideias. O DNA da publicação se mantém o mesmo, afinal, por longos anos montamos nossas edições com assuntos saídos das estantes de uma grande livraria — e assim continuará sendo. Literatura, sociologia, filosofia, artes... nunca será difícil montar a pauta da revista porque os livros nos ensinam que monotonia é só para quem não lê.
HERZ, P. Jcultural, n. 1, jun. 2018 (adaptado).
O uso não padrão dos colchetes para nomear a revista atribui-lhes uma nova função e está correlacionado ao(a)
As alternativas abaixo compõem um texto.
Assinale a que apresenta um erro de pontuação.
Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinha divertida hoje. Simplesmente não dá. Não tem como disfarçar: esta é uma típica manhã de segunda-feira. A começar pela luz acesa da sala que esqueci ontem à noite. Seis recados para serem respondidos na secretária eletrônica. Recados chatos. Contas para pagar que venceram ontem. Estou nervoso. Estou zangado.
Disponível em: CARNEIRO, J. E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento).
A explicação para o uso dos dois pontos no trecho: “Não tem como disfarçar” é esta:
Leia o texto para responder a questão
O médico que não estava lá
Na semana passada, foi publicada a Resolução Nº 2.314 do Conselho Federal de Medicina, que define e regulamenta a telemedicina, designando-a como o exercício da medicina mediado por Tecnologias Digitais, de Informação e de Comunicação. […] Agora, aquilo que gerava insegurança em alguns médicos e pacientes e causava furor em visionários e entusiastas de várias startups ficou muito mais claro e seguro para todas as partes envolvidas.
Havia várias ressalvas ao uso da telemedicina, seja por desconhecimento, seja por ainda permanecerem arraigados os velhos preceitos da academia médica. Contudo, veio a pandemia e nos vimos obrigados a mudar conceitos e a quebrar preconceitos. […]
O fascinante é que a telemedicina não consiste somente na realização de uma consulta por meio de um software de conferência on-line. Ela abrange da conexão de sua casa com o serviço de saúde de sua referência ou com seu home care até projetos de hospitais híbridos. Isso mesmo. Assim como o trabalho em regime híbrido, dividido entre casa e empresa, o futuro prevê hospitais híbridos.
Um estudo piloto realizado […] procurou validar o conceito desse tipo de serviço. O paciente tem alta antes do habitual, seguindo rigorosos critérios para tal, e fica em sua casa, onde está instalado um totem conectado diretamente à equipe hospitalar multiprofissional que lhe presta assistência. O sistema permite transferência de dados vitais, relato de sintomas, retirada de dúvidas, confirmação do uso correto das medicações etc. Caso necessário, é ativada uma cadeia de ações, incluindo acesso venoso, entrega e administração de medicação, fisioterapia e enfermagem na casa do paciente. […]
Não há dúvida, até o momento, de que tocar o paciente é insubstituível. Ao palpar o pulso, em poucos segundos se percebe se está cheio enquanto já se observa sua frequência cardíaca, se a pele está fria e pegajosa, se a perfusão e circulação estão adequadas, se a pessoa está ofegante. No entanto, isso também está sendo revisto, com startups engajadas na criação de dispositivos que permitem exame físico a distância. As novas tecnologias não irão substituir os médicos. Da mesma forma, nenhum aplicativo conseguirá transformar alguém com formação deficitária em um ótimo médico com o teclar de alguns dados. Elas irão somar, como sempre fizeram. Mas os médicos que não quiserem usá-las correm o risco de serem substituídos por aqueles que as utilizam e de se tornarem obsoletos.
BUENO, B. V. K. O médico que não estava lá. Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/letra-de-medico/o-medico-quenao-estava-la/ Acesso 09 mai 2022. Adaptado.
Observe os seguintes trechos, retirados do texto:
I. “O sistema permite transferência de dados vitais, relato de sintomas, retirada de dúvidas, confirmação do uso correto das medicações etc.”
II. “Assim como o trabalho em regime híbrido, dividido entre casa e empresa, o futuro prevê hospitais híbridos.”
Em relação ao uso das vírgulas, nos dois casos, assinale a alternativa CORRETA:
O medo é um sentimento conhecido de toda criatura viva. Os seres humanos compartilham essa experiência com os animais. Os estudiosos do comportamento animal descrevem, de modo altamente detalhado, o rico repertório de reações dos animais à presença imediata de uma ameaça que ponha em risco suas vidas. Os humanos, porém, conhecem algo mais além disso: uma espécie de medo de “segundo grau”, um medo, por assim dizer, social e culturalmente “reciclado”, um “medo derivado” que orienta seu comportamento, haja ou não uma ameaça imediatamente presente. O medo secundário pode ser visto como um rastro de uma experiência passada de enfrentamento de uma ameaça direta — um resquício que sobrevive ao encontro e se torna um fator importante na modelagem da conduta humana mesmo que não haja mais uma ameaça direta à vida ou à integridade.
Zygmunt Bauman. Medo líquido. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008, p. 9 (com adaptações).
Seria gramaticalmente correta a inserção de uma vírgula logo após a palavra “humana” (último período).
Texto
“Slam” é voz de identidade e resistência dos poetas contemporâneos
A poesia falada e apresentada para
grandes plateias não é um fato novo,
porém, a grande diferença é que hoje a
poesia falada se apresenta para o povo e
[150] não para uma elite — estamos falando da
poesia slam. Essa palavra surgiu em
Chicago, em 1984, e hoje a poetry slam,
como é chamada, é uma competição de
poesia falada que traz questões da
[155] atualidade para debate. slam é uma
expressão inglesa cujo significado se
assemelha ao som de uma “batida” de porta
ou janela, “algo próximo do nosso ‘pá!’ em
língua portuguesa”, explica Cynthia Agra de
[160]Brito Neves, em artigo recém-publicado na
revista Linha D’Água. Nas apresentações de
slam o poeta é performático e só conta com
o recurso de sua voz e de seu corpo.
A poetry slam, também chamada
[165] “batalha das letras”, tornou-se, além de um
acontecimento poético, um movimento
social, cultural e artístico no mundo todo,
um novo fenômeno de poesia oral em que
poetas da periferia abordam criticamente
[170] temas como racismo, violência, drogas,
entre outros, despertando a plateia para a
reflexão, tomada de consciência e atitude
política em relação a esses temas. Os
campeonatos de poesias passam por etapas
[175] ao longo do ano, de fevereiro a novembro,
são compostos de três rodadas e o
vencedor, escolhido por cinco jurados da
plateia, é premiado com livros e participa
do Campeonato Brasileiro de Slam (Slam
[180] Br). O poeta vencedor dessa etapa
competirá na Copa do Mundo de Slam,
realizada todo ano em dezembro, na
França.
Os campeonatos de slam no Brasil
[185] foram introduzidos por Roberta Estrela
D’Alva, a slammer (poetisa) brasileira mais
conhecida pela mídia e que conquistou o
terceiro lugar na Copa do Mundo de Poesia
Slam 2011, em Paris. Outra presença
[190] expressiva no assunto é Emerson Alcalde,
fundador do Slam da Guilhermina,
entrevistado pela autora em maio deste ano
na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas (FFLCH) da USP. Segundo ele,
[195] “promover a poesia oral, falar poesias, ler,
escrever, promover batalhas de
performances poéticas, é transformar os
slams em linguagem” e, pensando nisso,
levou o slam às escolas, pois “poesia é
[200] educação”.
(...) O slam é um grito, atitude de
“reexistência”, termo criado com a fusão
das palavras existência e resistência, de
acordo com a professora Ana L. S. Souza. O
[205] artigo ressalta também a importância de se
levar os slams para as escolas, na medida
em que forma alunos leitores e escritores
conscientes, dispostos a reivindicarem
mudanças educacionais e sociais.
[210] É fundamental o papel da escola na
disseminação dos “slams”, pois por meio
deles os alunos expressam “seus modos de
existir” e suas reivindicações por “uma
cultura jovem, popular, negra e pobre, de
[215] moradores da periferia, bem diferentes do
gosto canônico, branco e de classe média”.
Ao recriarem a cultura oficialmente escolar
letrada, esses alunos se tornam “agentes de
letramentos de reexistência”, e os slams,
[220] dessa maneira, são seus porta-vozes, pelos
quais demonstram sua revolta, sua
identidade e resistência. A autora finaliza
afirmando que “é preciso resistir para
existir. Poesia é reexistência”, enfatizando o
[225] desafio com que se deparam as escolas
diante dessa nova poesia contemporânea.
Adaptado de NEVES, Cynthia Agra de Brito. “Slam” é voz de identidade e resistência dos poetas contemporâneos. Disponível em https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/slam-evoz-de-identidade-e-resistencia-dos-poetascontemporaneos/ Acesso em 14 de setembro de 2021.
Atente para o seguinte trecho: “‘promover a poesia oral, falar poesias, ler, escrever, promover batalhas de performances poéticas, é transformar os slams em linguagem’ e, pensando nisso, levou o slam às escolas, pois ‘poesia é educação’” (linhas 195-200).
Quanto ao uso das aspas, é correto afirmar que indica
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