Questões de Português - Gramática - - Estrutura das palavras
99 Questões
Questão 14 14473847
UNEB Dia 1° 2024O Largo da Palma, em junho, sempre espera o sol para vencer o frio que sobra da noite. As ruas pequenas e estreitas, que o cercam, tentam se ocultar com envergonhadas. Quando começa a subir, porém, o sol cria tamanha claridade que logo vence o resto da neblina. É essa luz- os rádios abertos no sobrado de azulejos, os vendedores de legumes e frutas já subindo a Ladeira da Palma- que faz da manhã a melhor hora para se andar no Largo da Palma.
Ninguém observa ninguém, porque, no largo, todos têm o direito de ser como são. Não foi por outro motivo que Eliane cortou a pressa para avançar, agora, em seu passo miúdo e lento. Na esquina, depois de um prédio que parece doente de velhice, vê o homem que, no pátio da igreja, recolhe o dinheiro das esmolas numa caixa de charutos. A vontade é de cortar o largo ao meio para, alcançando a igreja, dar dinheiro ao homem como deu farelo aos pombos.
file:///C:/Users/tnune/Downloads/O%20Largo%20da%20Palma%20-%2 0Adonias%20Filho%20(1).pdf - fragmento
As palavras "envergonhadas" e "claridade", em termos de processo de formação de palavras, podem ser classificadas, respectivamente, como:
Questão 35 13950718
UEA-Específico Biologicas 2024Ocorre uma palavra formada com um prefixo que expressa negação em:
Questão 4 12739688
UFAM PSI - CG 1 2023Das palavras a seguir, a única formada por derivação prefixal e sufixal é:
Questão 6 11326582
FAMEMA 2023/2Leia o poema em prosa “Conto cruel”, de Mário Quintana, para responder à questão
Conto cruel
I
De repente, o leite talhou nos vasilhames. Foi um raio? Foi Leviatã? Foi o quê?
O burgomestre1, debaixo das cobertas, resfolegava orações meio esquecidas.
E os negros monstros das cornijas2, com as faces zebradas de relâmpagos, silenciosamente gargalhavam por suas três ou quatro bocas superpostas.
II
E amanheceu um enorme ovo, em pé, no meio da praça, três palmos mais alto que os formosos alabardeiros3 que lhe puseram em torno para evitar a aproximação do público. Foi chamado então o velho mágico, que escreveu na casca as três palavras infalíveis. E o ovo abriu-se ao meio e dele saiu um imponente senhor, tão magnificamente vestido e resplandecente de alamares e crachás que todos pensaram que fosse o Rei de Ouros. E ei-lo que disse, encarando o seu povo: “Eu sou o novo burgomestre!” Dito e feito. Nunca houve tanta dança e tanta bebedeira na cidade. Quanto ao velho burgomestre, nem foi preciso depô-lo, pois desapareceu tão misteriosamente como havia aparecido o novo, ou o ovo. E os menestréis compuseram divertidas canções, que o populacho berrava nas estalagens, entre gargalhadas e arrepios de medo.
III
Mas por onde andaria o burgomestre?
O seu cachimbo de porcelana, em cujo forno se via um Cupido de pernas trançadas, tocando flauta, foi encontrado à beira-rio. E apesar de todos os esforços, só conseguiram pescar um baú, que não tinha nada a ver com a coisa, e uma sereiazinha insignificante e nada bonita, uma sereiazinha de água doce, que nem sabia cantar e foi logo devolvida ao seu elemento.
Mas quando casava a filha do mestre-escola, encontrou- -se dentro do bolo de noiva a dentadura postiça do burgomestre, o que deu azo a que desmaiassem, no ato, duas gerações inteiras de senhoras, e ao posterior suicídio do pasteleiro.
E a caixa de rapé do burgomestre, que era inconfundível e única, multiplicou-se estranhamente e começou a ser achada em todas as salas de espera desertas, pelos varredores verdes de terror, depois que era encerrado o expediente nas repartições públicas e começava a ouvir-se, na rua, o passo trôpego do acendedor de lampiões.
(Melhores poemas, 2005.)
1 burgomestre: prefeito.
2 cornija: moldura sobreposta, formando saliências, que arremata a parte
superior de uma parede, porta.
3 alabardeiro: soldado armado de alabarda (antiga arma composta de longa
haste, que é rematada por peça pontiaguda de ferro).
Verifica-se o emprego de palavra formada com prefixo que exprime ideia de negação em:
Questão 42 10189855
URCA 2º Dia 2023/1EXTERMÍNIO DO POVO YANOMAMI E REPERCUSSÕES NO DIREITO PENAL INTERNACIONAL
O filósofo francês Edgar Morin escreveu em um de seus clássicos, Cultura e barbárie europeias (Bertrand Brasil, 2009,p.38) que foi com a expansão mundial da civilização ocidental que se deu a destruição dos povos sem Estado. A visão de Morin bem poderia levar a um questionamento aparentemente paradoxal: como o avanço da “civilização” poderia conduzir a história humana à “destruição” de algum povo? Para Morin, a “barbárie” é elemento da “civilização” e que produz “conquista” e “dominação”.
É interessante uma rápida revisitação ao passado, mais especificamente ao início do século XX, período no qual um jovem nascido em 24 de junho de 1900, na Bielorrússia, chamado Raphael Lemkin, emocionara-se ao ler o clássico Quo Vadis?, ainda no ano de 1913, de autoria do prêmio Nobel de Literatura de 1905, o polaco Henryk Sienkiewicz, e que relata os massacres dos cristãos convertidos no Século I pelo imperador romano Nero.
Chocado com a reação festiva dos cidadãos de Roma ao testemunharem à carnificina dos cristãos, após questionar como seria possível tal crueldade, ouviu de Bella, sua mãe, intelectual de primorosa formação como pintora, linguista e estudante de filosofia, que “quando o Estado resolvia exterminar um grupo étnico ou religioso, a polícia e os cidadãos tornavam-se cúmplices, e não guardiões da vida humana”, lição de impressionante atualidade.
Da marcante experiência intelectual e reflexiva de Lemkin brotaria um compromisso que tomaria toda sua vida, quando já graduado em Direito e Linguística: a luta pela criminalização dos atos de extermínios de grupos humanos, então denominados por ele como “genocídio”, termo por ele próprio cunhado a partir da junção dos termos grego Genos (clã, grupo etc.) e do latim Cides (matar, destruir) em sua clássica obra Regra do Eixo na Europa Ocupada: Leis de Ocupação, Análise do Governo, Propostas de Reparação.
A criminalização da destruição intencional de grupos humanos, total ou parcialmente, por motivações de nacionalidade, religião, etnia ou raça, conforme tipificado pela Convenção para Prevenção e Repressão ao Crime de Genocídio das Nações Unidas, de 1948, é resultado da luta solitária de Raphael Lemkin, ele próprio uma vítima direta do nazismo, uma vez que sua família, de religião judaica, foi exterminada em boa parte pela política genocida de Hitler. Lemkin se refugiaria nos Estados Unidos, onde viveu e morreu em 1959, na cidade de Nova York. Em seu epitáfio consta: “pai da convenção do genocídio”.
A terrível situação humanitária sob a qual se encontra o povo Yanomami no Brasil, conforme noticiado amplamente em janeiro de 2023, e que vem chocando grande parte do país e do mundo, parece encontrar eco no passado: uma nação indígena (Yanomami), portanto, que já vivia em território brasileiro antes do surgimento do próprio Brasil, é deixada sob abandono pelo Estado, regido por uma Constituição que impõe sua proteção, enquanto órgãos do governo e milhares de garimpeiros ilegais decretam a morte de todo um povo por meio do envenenamento das águas e do solo; pela propagação da malária; pelas invasões e assassinatos. Os fatos falam por si e sugerem certa sistematização na proposição e adoção de medidas e “omissões” capazes de levar o povo indígena ao seu extermínio, tal como vem sendo denunciado há anos pelos próprios Yanomamis, pelos indigenistas, defensores dos direitos humanos e especialistas.
Disponível em: Extermínio do povo Yanomami e repercussões no direito penal internacional (diplomatique.org.br)
Assinale a alternativa em que ocorre uma palavra formada por hibridismo:
Questão 12 12532250
Barão de Mauá Maio 2022A questão abaixo baseia-se no texto a seguir, “A sofisticação das línguas indígenas”, extraído da revista Superinteressante.
Você provavelmente já encontrou pelas redes sociais o famigerado #sqn, aquele jeito telegráfico de dizer que tal coisa é muito legal, “só que não”. Agora, imagine uma língua totalmente diferente do português que deu um jeito de incorporar um conceito parecido na própria estrutura das palavras, criando o que os linguistas apelidaram de “sufixo frustrativo” – um #sqn que faz parte da própria história do idioma.
Bom, é exatamente assim que funciona no kotiria, um idioma da família linguística tukano que é falado por indígenas do Alto Rio Negro, na fronteira do Brasil com a Colômbia. Para exprimir a função “frustrativa”, o kotiria usa um sufixo (ou seja, alguns sons colocados no fim da palavra) com a forma -ma. Você quer dizer que foi até um lugar sem conseguir o que queria indo até lá? Basta pegar o verbo “ir”, que é wa’a em kotiria, e acrescentar o sufixo: wa’ama, “ir em vão”.
Dá para encontrar detalhes surpreendentes como esse em todas as mais de 150 línguas indígenas ainda faladas no território brasileiro. Elas são apenas a ponta do iceberg do que um dia existiu por aqui, diga-se. Como mostra o livro Índio Não Fala Só Tupi, lançado neste ano pelas linguistas Bruna Franchetto e Kristina Balykova, calcula-se que pelo menos 80% dos idiomas que eram falados no Brasil desapareceram de 1500 para cá. (O exemplo acima e os outros que você vai conhecer nesta reportagem vêm do livro de Franchetto e Balykova.)
Mesmo assim, o país continua abrigando uma das maiores diversidades linguísticas do planeta, com a presença de idiomas tão diferentes entre si quanto o alemão do árabe ou os idiomas do Congo em relação ao mandarim (aliás, algumas das línguas “made in Brazil” usam tons, semelhantes a notas musicais, para diferenciar o significado de algumas sílabas, algo que o mandarim também faz).
Disponível em: https://super.abril.com.br/historia/a-sofisticacao- -das-linguas-indigenas/. Acesso em: 12 mar. 2022.
A leitura do texto permite concluir que
Pastas
06