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Questão 5 14032436
UEA - Geral 2024Leia o texto de Debora Pazetto Ferreira para responder à questão abaixo.
Danto1 introduz o problema da interpretação de obras de arte propondo, como de costume, um experimento mental: imaginar duas obras de arte que sejam sensorialmente indiscerníveis, mas que foram produzidas em épocas e lugares diferentes. Esse experimento tem o objetivo de mostrar que, embora os objetos materiais que as corporificam sejam idênticos, as referidas obras são distintas, uma vez que têm significados diferentes. Danto concorda, portanto, com a tese wölffliniana2 de que nem tudo é possível em qualquer época, ou seja, os significados artísticos são condicionados pelo seu contexto histórico. Desse modo, o problema da interpretação está inserido no cerne da definição de arte
(Revista Kriterion, 2018. Adaptado.)
1Arthur Danto (1924-2013): filósofo e crítico de arte estadunidense.
2Heinrich Wölfflin (1864-1945): filósofo e crítico de arte suíço.
Está na voz passiva a oração:
Questão 54 12898805
UECE 2ª Fase 1° Dia 2022/2Texto
Pesquisadores detectam pela primeira vez microplásticos no sangue humano
Um estudo holandês relatou pela
primeira vez, mas com uma amostra
[95] reduzida, a presença de microplásticos no
sangue humano, descoberta que levanta
dúvidas sobre uma eventual penetração
dessas partículas nos órgãos.
Os autores do estudo, publicado
[100] nesta quinta-feira na Environment
International, analisaram amostras de
sangue de 22 doadores anônimos, todos
voluntários com boa saúde, e encontraram
microplásticos em 17 deles.
[105] Metade das amostras continha
vestígios de PET (polietileno tereftalato),
um dos plásticos mais usados no mundo,
principalmente na fabricação de garrafas e
fibras de poliéster. Mais de um terço tinha
[110] poliestireno, usado, entre outras coisas, em
embalagens de alimentos, e um quarto,
polietileno.
“Pela primeira vez, conseguimos
detectar e quantificar” esses microplásticos
[115] no sangue humano, declarou Dick Vethaak,
ecotoxicologista da universidade livre de
Amsterdã. “Isso prova que temos plástico
em nosso corpo, e não deveríamos”, disse à
AFP.
[120] De acordo com o estudo, os
microplásticos detectados puderam entrar
no corpo por múltiplas vias: aéreas,
aquáticas ou por meio da comida ou de
produtos de higiene e cosméticos. “É
[125] cientificamente provável que partículas de
sangue possam ser transportadas para os
órgãos através do sistema sanguíneo”,
observaram os autores.
O estudo foi financiado pela
[130] Organização Holandesa para a Pesquisa e o
Desenvolvimento em Saúde e pela Common
Seas, ONG ambiental com sede no Reino
Unido que busca reduzir a poluição por
plástico.
[135] Para Alice Horton, especialista em
contaminantes antropogênicos do centro
britânico de oceanografia, “apesar da
pequena amostra e das baixas
concentrações detectadas”, os métodos
[140] analíticos do estudo são “muito robustos”.
“Este estudo ajuda a mostrar que as
partículas de plástico não estão presentes
apenas no meio ambiente, mas também em
nossos corpos. As consequências a longo
[145] prazo ainda não são bem conhecidas”, disse
ao Science Media Center.
Disponível em: https://www.opovo.com.br/ Acesso em 25 de março de 2022.
A ligação, relação, ou conexão entre palavras, expressões e frases do texto chama-se coesão textual, que se manifesta por elementos formais marcadores do vínculo entre os componentes do texto, contribuindo para a construção do sentido intentado pelo autor. Considerando a relação entre os elementos coesivos do texto, atente para as seguintes afirmações:
I. Em “As consequências a longo prazo” (linhas 144-145), os termos destacados relacionam-se com “amostras de sangue” (linhas 101-102).
II. O termo destacado em “descoberta que levanta dúvidas” (linhas 96-97) refere-se à “presença de microplásticos no sangue humano” (linhas 95-96).
III. No trecho “encontraram microplásticos em 17 deles” (linhas 103-104), o termo destacado relaciona-se com “22 doadores” em “analisaram amostras de sangue de 22 doadores” (linhas 101-102).
IV. Em “De acordo com o estudo” (linha 120), os termos em destaque relacionam-se com “centro britânico de oceanografia” (linhas 136-137).
É correto o que se afirma somente em
Questão 8 6666808
FEMA 2022Leia o trecho do ensaio “Ondulações paranoides de uma época”, de Pascal Dibie, para responder à questão.
Meu fascínio pela juventude atual, movida por aquilo que podemos chamar de natureza cibernética, está ligado ao fato de que ela nos escapa sem precisar fugir nem se esconder. Os jovens são capazes de partir, sob nossos olhos, para lugares projetados apenas por eles, aos quais não temos verdadeiramente acesso. Nós, os adultos de hoje, não temos disciplina e, talvez, nem mesmo concentração para entrar na medida cibernética. Isso não impede que a informática seja para as nossas crianças um prolongamento indispensável ao seu equilíbrio e à apreensão do mundo no qual elas vivem.
Parece evidente que as crianças de hoje não repetem mais os nossos jogos em grupo; jogos que se pareciam com aqueles que nossos pais tinham eles mesmos repetido de seus pais: bichinhos de massa de modelar, vida da fazenda, soldadinhos, jogos de montar, trens elétricos, etc., enfim, todos os brinquedos saídos do neolítico, explicitamente desinteressantes para crianças de 4 ou 5 anos que já usam o computador só com um dedo.
Idem para nossas exigências domésticas: as crianças parecem cada vez menos compreender as razões que nos levam a sentar à mesa em horas fixas (isso se chamava “comensalidade”), a mandá-las dormir cedo (era uma questão de higiene de vida). Enfim, as crianças resistem às nossas tentativas de impor a elas um ritmo de vida familiar que fazia parte da normalidade que limitava nossa própria infância; ritmos (e pais) um pouco tirânicos — falo dos anos 1960.
Elas entraram em um futuro quase alcançável, no qual as noções de tempo e de espaço foram definitivamente embaralhadas. As “cibercrianças” inventam novas formas de solidariedade e organizam-se em comunidades lúdicas numa escala que chega a ser planetária. No universo dos jogos em rede, as crianças ficam sentadas durante horas para resolver um enigma e, de passagem, livrar-se de armadilhas, tomar decisões a todo instante, preencher vazios de informação, enfim, explorar a lógica da simulação. Temos de reconhecer que, durante tais atividades, essas crianças desenvolvem operações cognitivas extremamente complexas, certamente mais complexas do que aquelas que tínhamos de resolver na idade delas.
(https://artepensamento.com.br. Adaptado.)
Mantêm-se a correção gramatical e a coerência caso se substitua o trecho sublinhado em “as crianças parecem cada vez menos compreender as razões que nos levam a sentar à mesa em horas fixas” (3º parágrafo) pelo que se encontra em:
Questão 8 6761269
UFRR 3° Etapa 2021Em relação à frase “... Macunaíma correu pela praia e pranteou-se.”, é CORRETO afirmar que:
Questão 22 6088157
ENEM 1° Dia (Prova Azul) 2021Os linguistas têm notado a expansão do tratamento informal. “Tenho 78 anos e devia ser tratado por senhor, mas meus alunos mais jovens me tratam por você”, diz o professor Ataliba Castilho, aparentemente sem se incomodar com a informalidade, inconcebível em seus tempos de estudante. O você, porém, não reinará sozinho. O tu predomina em Porto Alegre e convive com o você no Rio de Janeiro e em Recife, enquanto você é o tratamento predominante em São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte e Salvador. O tu já era mais próximo e menos formal que você nas quase 500 cartas do acervo on-line de uma instituição universitária, quase todas de poetas, políticos e outras personalidades do final do século XIX e início do XX.
Disponível em hap irevatapesquisa fapesp br Acesso em 21 aér 2015 (adaptado)
No texto, constata-se que os usos de pronomes variaram ao longo do tempo e que atualmente têm empregos diversos pelas regiões do Brasil.
Esse processo revela que
Questão 4 5948913
PUC-MG Medicina 2021/2A importância do ato de ler
Paulo Freire
Rara tem sido a vez, ao longo de tantos anos de prática pedagógica, por isso política, em que me tenho permitido a tarefa de abrir, de inaugurar ou de encerrar encontros ou congressos. Aceitei fazê-la agora, da maneira, porém, menos formal possível. Aceitei vir aqui para falar um pouco da importância do ato de ler.
Me parece indispensável, ao procurar falar de tal importância, dizer algo do momento mesmo em que me preparava para aqui estar hoje; dizer algo do processo em que me inseri enquanto ia escrevendo este texto que agora leio, processo que envolvia uma compreensão crítica do ato de ler, que não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. Ao ensaiar escrever sobre a importância do ato de ler, eu me senti levado - e até gostosamente - a "reler" momentos fundamentais de minha prática, guardados na memória, desde as experiências mais remotas de minha infância, de minha adolescência, de minha mocidade, em que a compreensão crítica da importância do ato de ler se veio em mim constituindo.
Ao ir escrevendo este texto, ia "tomando distância” dos diferentes momentos em que o ato de ler se veio dando na minha experiência existencial. Primeiro, a “leitura” do mundo, do pequeno mundo em que me movia; depois, a leitura da palavra que nem sempre, ao longo de minha escolarização, foi a leitura da “palavramundo”.
A retomada da infância distante, buscando a compreensão do meu ato de “ler” o mundo particular em que me movia - e até onde não sou traído pela memória -, me é absolutamente significativa. Neste esforço a que me vou entregando, re-crio, e revivo, no texto que escrevo, a experiência vivida no momento em que ainda não lia a palavra. Me vejo então na casa mediana em que nasci, no Recife, rodeada de árvores, algumas delas como se fossem gente, tal a intimidade entre nós - à sua sombra brincava e em seus galhos mais dóceis à minha altura eu me experimentava em riscos menores que me preparavam para riscos e aventuras maiores.
A velha casa, seus quartos, seu corredor, seu sótão, seu terraço - o sítio das avencas de minha mãe -, o quintal amplo em que se achava, tudo isso foi o meu primeiro mundo. [...] Os "textos", as "palavras”, as "letras” daquele contexto - em cuja percepção experimentava e, quanto mais o fazia, mais aumentava a capacidade de perceber - se encarnavam numa série de coisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão eu ia apreendendo no meu trato com eles nas minhas relações com meus irmãos mais velhos e com meus pais.
Os “textos”, as “palavras”, as “letras” daquele contexto se encarnavam no canto dos pássaros - o do sanhaçu, o do olha-pro-caminho-quem-vem, o do bem-te-vi, o do sabiá; na dança das copas das árvores sopradas por fortes ventanias que anunciavam tempestades, trovões, relâmpagos; as águas da chuva brincando de geografia: inventando lagos, ilhas, rios, riachos. Os “textos”, as “palavras”, as “letras” daquele contexto se encarnavam também no assobio do vento, nas nuvens do céu, nas suas cores, nos seus movimentos; na cor das folhagens, na forma das folhas, no cheiro das flores - das rosas, dos jasmins -, no corpo das árvores, na casca dos frutos. Na tonalidade diferente de cores de um mesmo fruto em momentos distintos. [...]
Daquele contexto faziam parte igualmente os animais: os gatos da família, a sua maneira manhosa de enroscar-se nas pernas da gente, o seu miado, de súplica ou de raiva; Joli, o velho cachorro negro de meu pai, o seu mau humor toda vez que um dos gatos incautamente se aproximava demasiado do lugar em que se achava comendo [...].
Daquele contexto - o do meu mundo imediato - fazia parte, por outro lado, o universo da linguagem dos mais velhos, expressando as suas crenças, os seus gostos, os seus receios, os seus valores. Tudo isso ligado a contextos mais amplos que o do meu mundo imediato e de cuja existência eu não podia sequer suspeitar. No esforço de re-tomar a infância distante, a que já me referi, buscando a compreensão do meu ato de ler o mundo particular em que me movia, permitam-me repetir, re-crio, re-vivo, no texto que escrevo, a experiência vivida no momento em que ainda não lia a palavra. E algo que me parece importante, no contexto geral de que venho falando, emerge agora insinuando a sua presença no corpo destas reflexões. [...]
Mas, é importante dizer, a “leitura” do meu mundo, que me foi sempre fundamental, não fez de mim um menino antecipado em homem, um racionalista de calças curtas. A curiosidade do menino não iria distorcer-se pelo simples fato de ser exercida, no que fui mais ajudado do que desajudado por meus pais. E foi com eles, precisamente, em certo momento dessa rica experiência de compreensão do meu mundo imediato, sem que tal compreensão tivesse significado malquerenças ao que ele tinha de encantadoramente misterioso, que eu comecei a ser introduzido na leitura da palavra.
A decifração da palavra fluía naturalmente da “leitura” do mundo particular. Não era algo que se estivesse dando superpostamente a ele. Fui alfabetizado no chão do quintal de minha casa, à sombra das mangueiras, com palavras do meu mundo e não do mundo maior dos meus pais. O chão foi o meu quadro-negro; gravetos, o meu giz. Por isso é que, ao chegar à escolinha particular de Eunice Vasconcelos [...] já estava alfabetizado. Eunice continuou e aprofundou o trabalho de meus pais. Com ela, a leitura da palavra, da frase, da sentença, jamais significou uma ruptura com a "leitura" do mundo. Com ela, a leitura da palavra foi a leitura da “palavramundo”.
Atente para o excerto:
Rara tem sido a vez, ao longo de tantos anos de prática pedagógica, por isso política, em que me tenho permitido a tarefa de abrir, de inaugurar ou de encerrar encontros ou congressos. Aceitei fazê-la agora, da maneira, porém, menos formal possível. Aceitei vir aqui para falar um pouco da importância do ato de ler.
Sobre ele, a afirmação CORRETA encontra-se na opção:
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