Questões de Português - Gramática - Linguagem
38 Questões
Questão 64 14771353
UECE Específicas 2 Fase 1 Dia 2025/1Rede cearense é a mais avançada das tecnologias da humanidade
[1] No momento em que o Ministério da
Educação debate o possível veto do aparelho
celular nas escolas, vejo aqui uma imagem
comovente de São Gonçalo do Amarante, na
[5] Região Metropolitana de Fortaleza. Dá pra sentir
até a brisa do mar no rosto daquelas pequenas
criaturas.
Deitados em redes coloridas, com livros
nas mãos, os meninos e meninas da creche pública
[10] municipal viajam nas histórias e estórias oferecidas
na cidade cearense. Uma iniciativa tão simples,
mas que pode significar uma experiência marcante
na vida desses miúdos.
O balanço das “fiangas” embala a leitura e
[15] as brincadeiras da Creche Viva Criança, tema de
reportagem de Theyse Viana aqui no Diário do
Nordeste. É uma resposta digna e prática que bate
todas as tentações das telas e outras bugigangas
modernas.
[20] Na aldeia dos Anacés, a mais avançada
das tecnologias para a meninada é o projeto Redes
do Saber. A invenção indígena brasileira, citada
por Pero Vaz de Caminha desde a invasão
portuguesa de 1500, segue mais lúdica e
[25] necessária do que nunca.
O gênio potiguar Câmara Cascudo, autor
do clássico “Rede de Dormir – Uma pesquisa
Etnográfica” (Global Editora) aplaudiria de pé essa
ideia do litoral do Ceará. A civilização nordestina, é
[30] bom que se diga, foi praticamente inventada no
balanço da “mãe veia”, como os mais antigos
chamavam suas redinhas.
O livro de Cascudo nos conta toda essa
longa história, com passagens curiosas sobre o
[35] olhar estrangeiro. Repare as impressões de Jean
Nieuhof, holandês que morou no Nordeste entre
1640 a 1649: “Os brasileiros não possuem grande
variedade de utensílios domésticos e seu maior
cuidado é com a rede a que dão o nome de Ini”,
[40] descreveu. “Quando vão dormir, amarram a rede a
duas traves de sua tenda, ou em duas árvores, ao
ar livre, a certa altura do chão, para evitar os
animais daninhos e as exalações pestíferas da
terra”.
[45] Para dormir, para descansar, tirar uma
sesta ou para o prazer da leitura, como a meninada
de São Gonçalo do Amarante, estão para inventar
um utensílio mais incrível e mais evoluído no
planeta. Não existe, a rede cearense é imbatível.
[50] Foi numa fianga que me tornei leitor. Um
leitor improvável no sítio das Cobras, no município
de Santana do Cariri, já nas proximidades de
Aratama. Um redário faz milagres.
Imagina se o doutor Sigmund Freud
[55] tivesse tido a sorte de conhecer esse utensílio com
a marca estilosa do Nordeste. O divã teria sido
trocado na hora. Em uma boa rede de Jaguaruana,
a gente confessa as mais distantes lembranças
encobridoras do fundo da alma.
SÁ, Xico. Rede cearense é a mais avançada das tecnologias da humanidade. Diário do Nordeste. Fortaleza, 26 de out. 2024. Adaptado.
Para referir-se à rede de dormir como “fiangas” (linha 14) e “Ini” (linha 39), o autor está utilizando-se da
Questão 23 14440753
ENEM PPL 1° Dia (Amarelo) 2024Dois países, três cidades, uma só comunidade
Cidades separadas por fronteira seca reúnem paranaenses, catarinenses e argentinos em uma integração. Essa irmandade entre os municípios é perceptível não apenas pela relação geográfica. Nas ruas ou no comércio, é fácil encontrar quem trabalhe em uma cidade e viva na outra. É comum perceber um sotaque quase indefinido, misturando português e espanhol, resultado da convivência entre brasileiros e argentinos. Palavras como camiáu (caminhão) não são encontradas nem no espanhol nem no português vernáculos, apenas no portunhol. Tal situação, de contato linguístico, é muito comum nas fronteiras de países ou até mesmo dentro de um país em que duas línguas coexistem, em regiões próximas a países fronteiriços ou em comunidades bilíngues.
Disponível em: www.gazetadopovo.com.br. Acesso em: 12 dez. 2023 (adaptado).
De acordo com esse texto, a palavra “camiáu” é um exemplo de fenômeno que revela a
Questão 10 15030489
UNESPAR 2023Texto para a questão.
Palavras, expressões e tecnologias que odeio!
Por Mouzar Benedito – Revista Fórum
[1] De vez em quando pego raiva de algumas palavras ou expressões, que me ferem os
ouvidos ou a consciência. A moda dos gerúndios está passando (ói ele aí), ou "vai
estar passando", para ser mais de acordo com a fala desse pessoal do telemarketing
e de atendimentos telefônicos em geral.
[5] Um pessoal da área de treinamento de pessoal era especialista em criar certas
expressões muito bestas. Houve uma época em que não se podia dizer que "o fulano
falou‖ ... Usar o verbo falar nessas circunstâncias era chamar esse pessoal pra briga.
Tinha que ser "o fulano verbalizou". E tem muitas outras mais, mas fiquemos nas
coisas dos dias de hoje, umas entre as muitas que eu nem registrei, pois foram
[10] "canceladas" (ói outra modernidade aí) da minha memória.
E falando em vender, tenho uma ojeriza pela palavra atacarejo. O conceito até que
não é ruim: estabelecimentos que vendem por atacado e no varejo, teoricamente por
preços melhores. A palavra atacarejo me incomoda, acho feia, e comecei a pegar
raiva dela depois de ver que seguranças de uma loja dessas entregaram para serem
[15] assassinados sob tortura, em Salvador, dois homens que furtaram uns bifes. A loja,
como em todos os casos semelhantes, afirmou que não aprova isso etc. e tal, mas
uma adolescente de 15 anos já tinha sido torturada antes por seus seguranças, e
denunciada, por ter furtado alguma coisa.
Continuo falando de coisas relacionadas ao dinheiro... Esta ouço sempre se
[20] relacionando a "influenciadores digitais" ("influencers", como preferem os que
lamentam não serem gringos).
Mas o que eu queria falar dos "influenciadores" é que eles "monetizam" o que fazem,
quer dizer, transformam em dinheiro cada fala ou sugestão que apresentam. Vivem
disso, utilizam suas aparições e falas como fonte de rendimento, e admiro que pagam
[25] por isso. Ah... Mas de vez em quando alguém perde essa fonte de renda, e para isso
já existe o verbo "desmonetizar".
E tem uma coisa mais: na hora de monetizar (ou em outras circunstâncias) eles têm
que "precificar" as coisas. Precificar! Isso me lembra, não sei porquê, aquelas
pessoas que dizem que todo mundo tem um preço. Horrível.
[30] Agora um verbo dos tempos de Covid. Eu poderia dizer que peguei a maldita duas
vezes, mas digo que ela me pegou duas vezes. Mas ouço dizer é que o "fulano
positivou". Errado? Não sei. Mas acho feio.
Ia parar por aqui, mas me lembrei de um modismo que não tem nada a ver com o uso
da linguagem, palavras ou expressões que a gente pode achar feias ou
[35] desagradáveis. É acharem que todo mundo tem a obrigação de ter computadores e
celulares programados com tudo quanto é aplicativo.
Velho ranheta! Ultrapassado! Acho que não falam, mas pensam isso. E eu fico aqui
resmungando sobre isso tudo, contra certas modernidades da linguagem e, pior
ainda, da tecnologia que julgam ser de uso obrigatório.
Adaptado do original disponível em: https://revistaforum.com.br/opiniao/2022/8/2/palavras-expressestecnologias-que-odeio-por-mouzar-benedito-121085.html - Acesso em: 03 ago. 2022
Assinale a alternativa que contenha possíveis sinônimos para todos os termos destacados e numerados nas passagens abaixo, no contexto em que ocorrem no texto "Palavras, expressões e tecnologias que odeio!":
"(1) Um pessoal da área de treinamento (2) de pessoal era especialista em criar certas expressões muito bestas". (linhas 5-6)
"E tem muitas outras mais, mas fiquemos nas coisas (3) dos dias de hoje, umas entre as muitas que eu nem registrei, pois foram (4) "canceladas" (ói outra modernidade aí) da minha memória." (linhas 8-10)
Questão 9 14750161
UFMS PASSE - 2 Etapa 2022-2024Leia o trecho do conto “Famigerado”, da obra Primeiras Estórias, de João Guimarães Rosa, e responda à questão.
— Famigerado é inóxio, é “célebre”, “notório”,
“notável”...
— Vosmecê mal não veja em minha grossaria
no não entender. Mais me diga: é desaforado? É
caçoável? É de arrenegar? Farsância? Nome de
ofensa?
— Vilta nenhuma, nenhum doesto. São
expressões neutras, de outros usos...
— Pois... e o que é que é, em fala de pobre,
linguagem de em dia de semana?
— Famigerado? Bem. É: “importante”, que merece
louvor, respeito...
(ROSA, João Guimarães. Famigerado. In: Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001)
Assinale a alternativa em que os termos apresentados substituem, respectivamente, os neologismos “caçoável” e “farsância”, sem alterar o sentido das frases no texto transcrito.
Questão 1 9169048
USCS Medicina 2022/2Examine o quadrinho de André Dahmer.

O neologismo “smartphonismo” contribui para o humor do quadrinho.
No contexto apresentado, o sufixo “–ismo” atribui a essa nova palavra efeito de sentido semelhante ao da palavra
Questão 9 9530584
UEG 2021/1Leia o texto
Filosofia Africana e Saberes Ancestrais Femininos: útero do mundo
Um dia, quando ainda morava no sertão cearense, a menina que me habita acreditou que a
filosofia fosse possibilidade de construir pensamentos e práxis de libertação, onde a pluralidade de
saberes, de culturas, de povos fosse fonte para suas tessituras. Entretanto, ao chegar à Universidade,
encontrei uma filosofia sem poéticas de libertação, patriarcal e racista! No
[5] pensamento universal apresentado nas histórias da filosofia, nas metafísicas, éticas, teorias do
conhecimento, dentre outras “disciplinas”, não se viam / conheciam filosofias negras, femininas... ou seja,
o pensamento ocidental se instituía como universal, colocando os povos africanos e seus descendentes à
margem do pensamento. Dizia-se que só era (é) possível filosofar em alemão! E esse alemão é branco,
[10] masculino e heteronormativo.
O desencantamento do mundo provocado pela filosofia que se aprende nas universidades me
levou a um questionamento que mudou todo o meu percurso e acabou por me trazer, finalmente, o
encantamento do mundo... Perguntei-me: como será a filosofia em África? Como filosofar em “pretuguês”,
como nos ensina a pensadora Lélia Gonzalez?
[15] A filosofia africana traz encantamento. É vital tornar visível o pensamento africano,
afrorreferenciado. Compreendo que a(s) filosofia(s) africana(s), africano-brasileira, afrorreferenciada,
implica(m) a busca do rompimento com a colonialidade, que não acabou com o fim das diversas
colonizações de países europeus no continente africano e no Brasil. Implica a valorização e re-
[20] conhecimento de nossos saberes, de nossas culturas, de nossas filosofias, de nossos corpos. Re-
conhecimento de nossas escrevivências. Pois, como nos ensina Conceição Evaristo, nada nasce imune
ao que somos, às nossas vivências e experiências. Negar nossas escrevivências é seguir negando
nossas filosofias, nossos saberes produzidos por corpos vivos, produtores de conhecimentos.
[25] Quero seguir o texto dialogando com os saberes ancestrais femininos; dialogando com a filosofia
africana desde e com vozes de mulheres e do feminino que habita em todas as pessoas. Esses saberes
se apresentam como fonte de potencialização de nossas existências, de pertencimento, de ancestralidade
e de encantamento.
[30] Partindo dessa perspectiva, cada pessoa é constituída pelas energias femininas e masculinas. É
importante trabalharmos para mantê-las em harmonia. Entretanto, é a energia feminina que contém a
cabaça da existência, cabaça que gera, cria, co-cria. O feminino é o útero do mundo, potência da vida
comunitária, coletiva, pautada pela justiça e pelo bem viver. Carregamos toda uma ancestralidade que nos
[35] permite ser, existir, resistir, re-existir. Assim, somos ancestrais; nossos corpos são ancestrais e, portanto,
sagrados. Desse modo, nossa existência só é possível em contato com a natureza. Sem ela não somos. A
ancestralidade é a natureza. Os saberes ancestrais femininos nos ensinam que devemos voltar à terra,
pois ela é o centro da vida. Voltarmos ao centro da terra é ouvirmos nossa ancestralidade e nos
[40] encantarmos com essa escuta, uma escuta sensível que tece nosso ser-tão. É a escuta de nosso útero.
A escuta sensível se inicia com a escuta de nossa intimidade, portanto, de nossa ancestralidade,
de nossos corações. Essa escuta privilegia o corpo como produtor de sentidos, de conhecimentos, corpo
ancestral. Assim re-conhecemos suas singularidades diante do coletivo que permite nossa existência.
Nosso corpo é suporte de nossas vivências, experiências e sabedorias, de nossos sentidos; ele cria
[45] textualidades, reinventando a vida, potencializando o encantamento.
Os saberes ancestrais femininos são tecidos pelo conhecimento de nossa natureza, da natureza
que há em nós, conhecimento de nossos ciclos, da nossa potência criativa, do nosso poder de permitir e
potencializar a vida. Os saberes ancestrais femininos são a escuta da água que há em nosso útero, pois é
[50] escuta de nossa ancestralidade.
As filosofias da ancestralidade e do encantamento que tecem as filosofias africanas são bordadas
pelo pertencimento. Pertencimento é construção, formação e escuta uterina e, assim, descoberta do que
está inscrito em nosso íntimo; é ouvir o ritmo de nossos corações. É entender nosso eu interior e
[55] compreender o mundo, a vida desde esse pertencimento que é coletivo, enraizado, que é ser-tão.
Definimos nossa existência pelo comunitarismo e pela justiça social, ou seja, pela ancestralidade e pelo
encantamento.
Os saberes ancestrais femininos propõem que nos autorizemos a contar nossas histórias, a
[60] construí-las, reconstruí-las, contar sobre nossos valores, nossos saberes, nossas lógicas de
pertencimento, de sociedade, de partilha, contar sobre nós mesmas, desde
nossas escrevivências. Filosofar anunciando, resistindo, re-existindo, em um desafio cotidiano de
descolonização, desconstruções, transformAções e encantamento! Aprender a ouvir / sentir / conhecer /
[65] filosofar de corpo inteiro, desde o chão que pisamos e que nos fortalece, é enraizar-se. O enraizamento é
um movimento de expansão, fixação, movimento e profundidade, absorção da água para manter a energia
vital... não há vida sem a água. O feminino é o útero, a cabaça, a água que permite a existência.
MACHADO, Adilvênia Freire. Filosofia Africana e Saberes Ancestrais Femininos: útero do mundo. Disponível em: https://diplomatique.org.br/filosofia- africana-e-saberes-ancestrais-femininos-utero-do-mundo/ Acesso em: 06 nov. 2020. (Adaptado).
O uso dos termos “pretuguês” (linha 12) e “escrevivências” (linha 19) revela a
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