Questões de Literatura - Literatura portuguesa - Escolas Literárias - Realismo
82 Questões
Questão 5 14559319
UEPG Conhecimentos Gerais 2025Sobre as obras literárias indicadas para leitura, assinale o que for correto.
O livro Ay Kakiri Tama, de autoria de Márcia Wayna Kambeba, consiste em um compilado de textos da autora, que poetiza suas vivências de mulher indígena no século XXI, além de uma pequena sessão com poemas de autoria de outros escritores. Em meio aos poemas, a obra apresenta também fotografias que retratam o cotidiano dos indígenas Kambeba, de modo a ilustrar e contextualizar os textos reproduzidos.
Clara dos Anjos, de Lima Barreto, traz à tona temas importantes, como o papel das mulheres na sociedade brasileira do princípio do século XX. Na obra, Clara, a protagonista, é uma menina negra, pobre e ingênua cuja vida muda radicalmente ao conhecer Cassi, rapaz branco de classe média, malandro, que a seduz, tirando-lhe a virtude e desaparecendo quando a menina engravida.
Os contos de Olhos d’água apresentam personagens que ocupam posições periféricas na sociedade. As narrativas buscam aproximar o leitor de experiências de violência, exclusão, preconceito e opressão a partir do olhar de quem vivencia tudo isso diariamente, o que traz aos textos um tom passivo e melancólico. Os personagens dos textos aceitam sua posição na sociedade sem questionar ou resistir, pois a dureza de suas vivências não deixa espaço para a luta nem para a esperança.
O romance Torto Arado narra a história de uma pequena comunidade, com foco na família das protagonistas, Bibiana e Belonísia. As personagens principais são ricas proprietárias de terra que exploram seus funcionários, pessoas que trabalham pelo direito de ter um lugar para morar e algo para comer, não por um salário e por condições dignas de trabalho.
Questão 10 14412211
Albert Einstein 2025Tais escritores pregavam e procuraram realizar a filosofia da objetividade: o que interessa é o objeto, o não eu. Para realizar seu objetivo, abandonaram as preocupações teológicas e metafísicas por considerá-las subjetivas, egocêntricas e aderiram à ciência. O dado positivo substitui o idealismo: só interessa o que pode ser observado, documentado, analisado, experimentado, inclusive a vida psíquica, porque sujeita às mesmas leis da vida fisiológica.
(Massaud Moisés. Literatura portuguesa, 1992. Adaptado.)
O texto refere-se aos escritores
Questão 2 14764967
UNISA PROVA II 2021/2Leia o trecho inicial do conto “No moinho”, de Eça de Queirós, para responder à questão.
D. Maria da Piedade era considerada em toda a vila como “uma senhora modelo”. O velho Nunes, diretor do correio, sempre que se falava nela, dizia, acariciando com autoridade os quatro pelos da calva:
— É uma santa! É o que ela é!
A vila tinha quase orgulho na sua beleza delicada e to cante; era uma loura, de perfil fino, a pele ebúrnea, e os olhos escuros de um tom de violeta, a que as pestanas longas escureciam mais o brilho sombrio e doce. Morava ao fim da estrada, numa casa azul de três sacadas; e era, para a gente que às tardes ia fazer o giro até ao moinho, um encanto sempre novo vê-la por trás da vidraça, entre as cortinas de cassa, curvada sobre a sua costura, vestida de preto, recolhida e séria. Poucas vezes saía. O marido, mais velho que ela, era um inválido, sempre de cama, inutilizado por uma doença de espinha; havia anos que não descia à rua; avistavam-no às vezes também à janela murcho e trôpego, agarrado à bengala, encolhido na robe de chambre, com uma face macilenta, a barba desleixada e com um barretinho de seda enterrado melancolicamente até ao cachaço. Os filhos, duas rapariguitas e um rapaz, eram também doentes, crescendo pouco e com dificuldade, cheios de tumores nas orelhas, chorões e tristonhos. A casa, interiormente, parecia lúgubre. Andava-se nas pontas dos pés, porque o senhor, na excitação nervosa que lhe davam as insônias, irritava-se com o menor rumor; havia sobre as cômodas alguma garrafada da botica, alguma malga com papas de linhaça; as mesmas flores com que ela, no seu arranjo e no seu gosto de frescura, ornava as mesas, depressa murchavam naquele ar abafado de febre, nunca renovado por causa das correntes de ar; e era uma tristeza ver sempre algum dos pequenos ou de emplastro sobre a orelha, ou a um canto do canapé, embrulhado em cobertores com uma amarelidão de hospital.
Maria da Piedade vivia assim, desde os vinte anos. Mesmo em solteira, em casa dos pais, a sua existência fora triste. A mãe era uma criatura desagradável e azeda; o pai, que se empenhara pelas tavernas e pelas batotas, já velho, sempre bêbedo, os dias que aparecia em casa passava-os à lareira, num silêncio sombrio, cachimbando e escarrando para as cinzas. Todas as semanas desancava a mulher. E quando João Coutinho pediu Maria em casamento, apesar de doente já, ela aceitou, sem hesitação, quase com reconhecimento, para salvar o casebre da penhora, não ouvir mais os gritos da mãe, que a faziam tremer, rezar, em cima no seu quarto, onde a chuva entrava pelo telhado. Não amava o marido, de certo; e mesmo na vila tinha-se lamentado que aquele lindo rosto de Virgem Maria, aquela figura de fada, fosse pertencer ao Joãozinho Coutinho, que desde rapaz fora sempre entrevado. O Coutinho, por morte do pai, ficara rico; e ela, acostumada por fim àquele marido rabugento, que passava o dia arrastando-se sombriamente da sala para a alcova, ter-se-ia resignado, na sua natureza de enfermeira e de consoladora, se os filhos ao menos tivessem nascido sãos e robustos. Mas aquela família que lhe vinha com o sangue viciado, aquelas existências hesitantes, que depois pareciam apodrecer-lhe nas mãos, apesar dos seus cuidados inquietos, acabrunha vam-na. Às vezes só, picando a sua costura, corriam-lhe as lágrimas pela face: uma fadiga da vida invadia-a, como uma névoa que lhe escurecia a alma.
(No moinho, 2017.)
Considerando a temática e a linguagem do texto, pode-se vinculá-lo ao
Questão 5 6443286
UNIMES 2020Leia o poema “Deslumbramentos”, de Cesário Verde, publicado pela primeira vez em 1875, para responder a questão.
Milady, é perigoso contemplá-la,
Quando passa aromática e normal,
Com seu tipo tão nobre e tão de sala,
Com seus gestos de neve e de metal.
Sem que nisso a desgoste ou desenfade,
Quantas vezes, seguindo-lhe as passadas,
Eu vejo-a, com real solenidade,
Ir impondo toilettes1 complicadas!…
Ah! Como me estonteia e me fascina…
E é, na graça distinta do seu porte,
Como a Moda supérflua e feminina,
E tão alta e serena como a Morte!…
Eu ontem encontrei-a, quando vinha,
Britânica, e fazendo-me assombrar;
Grande dama fatal, sempre sozinha,
E com firmeza e música no andar!
O seu olhar possui, num jogo ardente,
Um arcanjo e um demônio a iluminá-lo;
Como um florete, fere agudamente,
E afaga como o pelo dum regalo2
Pois bem. Conserve o gelo por esposo,
E mostre, se eu beijar-lhe as brancas mãos,
O modo diplomático e orgulhoso
Que Ana d’Áustria mostrava aos cortesãos.
E enfim prossiga altiva como a Fama,
Sem sorrisos, dramática, cortante;
Que eu procuro fundir na minha chama
Seu ermo coração, como a um brilhante.
Mas cuidado, milady, não se afoite,
Que hão de acabar os bárbaros reais;
E os povos humilhados, pela noite,
Para a vingança aguçam os punhais.
E um dia, ó flor do Luxo, nas estradas,
Sob o cetim do Azul e as andorinhas,
Eu hei de ver errar, alucinadas,
E arrastando farrapos – as rainhas!
(Poemas reunidos, 2010.)
1 toilettes: vestuário em sentido amplo, que inclui, além de roupa, maquiagem, penteado e outros adereços pessoais.
2regalo: agasalho para as mãos, geralmente feito de pele.
Verifica-se o emprego de verbo no modo imperativo em:
Questão 3 6443275
UNIMES 2020Leia o poema “Deslumbramentos”, de Cesário Verde, publicado pela primeira vez em 1875, para responder a questão.
Milady, é perigoso contemplá-la,
Quando passa aromática e normal,
Com seu tipo tão nobre e tão de sala,
Com seus gestos de neve e de metal.
Sem que nisso a desgoste ou desenfade,
Quantas vezes, seguindo-lhe as passadas,
Eu vejo-a, com real solenidade,
Ir impondo toilettes1 complicadas!…
Ah! Como me estonteia e me fascina…
E é, na graça distinta do seu porte,
Como a Moda supérflua e feminina,
E tão alta e serena como a Morte!…
Eu ontem encontrei-a, quando vinha,
Britânica, e fazendo-me assombrar;
Grande dama fatal, sempre sozinha,
E com firmeza e música no andar!
O seu olhar possui, num jogo ardente,
Um arcanjo e um demônio a iluminá-lo;
Como um florete, fere agudamente,
E afaga como o pelo dum regalo2
Pois bem. Conserve o gelo por esposo,
E mostre, se eu beijar-lhe as brancas mãos,
O modo diplomático e orgulhoso
Que Ana d’Áustria mostrava aos cortesãos.
E enfim prossiga altiva como a Fama,
Sem sorrisos, dramática, cortante;
Que eu procuro fundir na minha chama
Seu ermo coração, como a um brilhante.
Mas cuidado, milady, não se afoite,
Que hão de acabar os bárbaros reais;
E os povos humilhados, pela noite,
Para a vingança aguçam os punhais.
E um dia, ó flor do Luxo, nas estradas,
Sob o cetim do Azul e as andorinhas,
Eu hei de ver errar, alucinadas,
E arrastando farrapos – as rainhas!
(Poemas reunidos, 2010.)
1 toilettes: vestuário em sentido amplo, que inclui, além de roupa, maquiagem, penteado e outros adereços pessoais.
2regalo: agasalho para as mãos, geralmente feito de pele.
Considerando o contexto de produção do poema, o tom empregado pelo eu lírico nas duas últimas estrofes permite aproximar o poema da estética
Questão 38 163771
ENEM 1ª Aplicação - 1° Dia (Amarela) 2017O homem disse, Está a chover, e depois, Quem é você,,Não sou daqui, Anda à procura de comida, Sim, há quatro dias que não comemos, E como sabe que são quatro dias, E um cálculo, Está sozinha, Estou com o meu marido e uns companheiros, Quantos são, Ao todo, sete, Se estão a pensar em ficar conosco, tirem daí o sentido, já somos muitos, Só estamos de passagem, Donde vêm, Estivemos internados desde que a cegueira começou, Ah, sim, a quarentena, não serviu de nada, Por que diz isso, Deixaram-nos sair, Houve um incêndio e nesse momento percebemos que os soldados que nos vigiavam tinham desaparecido, E saíram, Sim, Os vossos soldados devem ter sido dos últimos a cegar, toda a gente está cega, Toda a gente, a cidade toda, o país,
SARAMAGO, J. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.
A cena retrata as experiências das personagens em um país atingido por uma epidemia.
No diálogo, a violação de determinadas regras de pontuação
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