Questões de Literatura - Literatura portuguesa
536 Questões
Questão 3 14433997
FAMERP Conhecimento Gerais 2025Para responder à questão abaixo, leia o poema “A cinta de Vênus”, do poeta árcade Silva Alvarenga.
Cai a cinta a Vênus1 bela,
Sem cautela recostada;
E turbada2 entre os pesares
Pede aos mares que lha deem.
O tesouro se procura,
Os desejos se interessam,
Os cuidados já se apressam,
E a ternura vai também.
Empenhou-se, ó Glaura, o zelo;
Mas em vão: que perda triste!
Só eu vi, sei onde existe;
E dizê-lo não convém.
Cai a cinta a Vênus bela,
Sem cautela recostada;
E turbada entre os pesares
Pede aos mares que lha deem.
Roubador do puro ornato
Foi Antero e foi Cupido3;
E o levaram escondido
Com recato, eu sei a quem.
Receosos pelo insulto,
Que traidores cometeram,
No teu seio se acolheram,
Onde oculto asilo têm.
Cai a cinta a Vênus bela,
Sem cautela recostada;
E turbada entre os pesares
Pede aos mares que lha deem.
Dos meus olhos não se escondem
Os meninos4, a quem amo:
Se os procuro, espreito e chamo,
Correspondem, mas não vêm.
Com acenos expressivos
De alegria suspeitosa
Mostram faixa preciosa,
Que atrativos mil contêm.
Cai a cinta a Vênus bela,
Sem cautela recostada;
E turbada entre os pesares
Pede aos mares que lha deem.
Se piedade aflito rogo,
E que cessem teus rigores,
(Ah cruéis, lindos Amores!)
Fogem logo e com desdém.
Abrandá-los não consigo,
E já deles tenho medo:
Guarda, Ninfa, este segredo,
Que não digo a mais ninguém.
Cai a cinta a Vênus bela,
Sem cautela recostada;
E turbada entre os pesares
Pede aos mares que lha deem.
(Silva Alvarenga. Obras poéticas: poemas líricos, 2005.)
1Vênus: deusa do Amor.
2 turbada: aflita, transtornada.
3Antero e Cupido: irmãos, filhos de Vênus.
4meninos: os filhos de Vênus, ou seja, Antero e Cupido.
Uma característica da estética árcade observada nesse poema é
Questão 10 14412211
Albert Einstein 2025Tais escritores pregavam e procuraram realizar a filosofia da objetividade: o que interessa é o objeto, o não eu. Para realizar seu objetivo, abandonaram as preocupações teológicas e metafísicas por considerá-las subjetivas, egocêntricas e aderiram à ciência. O dado positivo substitui o idealismo: só interessa o que pode ser observado, documentado, analisado, experimentado, inclusive a vida psíquica, porque sujeita às mesmas leis da vida fisiológica.
(Massaud Moisés. Literatura portuguesa, 1992. Adaptado.)
O texto refere-se aos escritores
Questão 28 14287969
UFRGS 1º dia 2025Leia o poema, a seguir, de Sophia de Mello Andresen.
Com fúria e raiva
Com fúria e raiva acuso o demagogo
E o seu capitalismo das palavras
Pois é preciso saber que a palavra é sagrada
Que de longe muito longe um povo a trouxe
E nela pôs sua alma confiada
De longe muito longe desde o início
O homem soube de si pela palavra
E nomeou a pedra a flor a água
E tudo emergiu porque ele disse
Com fúria e raiva acuso o demagogo
Que se promove à sombra da palavra
E da palavra faz poder e jogo
E transforma as palavras em moeda
Como se fez com o trigo e com a terra
Junho de 1974
Assinale a alternativa que se refere adequadamente ao poema “Com fúria e raiva”, considerando, também, a leitura integral da obra Coral e outros poemas.
Questão 5 14471971
EEAR 2° Etapa 2024Leia o poema de Fernando Pessoa.
Mar Português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Assinale a alternativa que explica o pensamento “Quem quer passar além do Bojador/ Tem que passar além da dor”.
Questão 7 12619535
UEA - SIS 1ª Etapa 2024/2026 2023Para responder à questão abaixo, leia o trecho do “Sermão do bom ladrão”, de Antônio Vieira, pregado na Igreja da Misericórdia de Lisboa, no ano de 1655.
Assim como Cristo, Senhor nosso, disse a Dimas1 : “Hoje serás comigo no Paraíso”, assim disse a Zaqueu2 : “Hoje entrou a salvação nesta tua casa”. Mas o que muito se deve notar, é que a Dimas prometeu-lhe o Senhor a salvação logo, e a Zaqueu não logo, senão muito depois. E por que, se ambos eram ladrões, e ambos convertidos? Porque Dimas era ladrão pobre, e não tinha com que restituir o que roubara; Zaqueu era ladrão rico, e tinha muito com que restituir, diz o evangelista. E ainda que ele o não dissera, o estado de um e outro ladrão o declarava assaz. Por quê? Porque Dimas era ladrão condenado e se ele fora rico, claro está que não havia de chegar à forca; porém Zaqueu era ladrão tolerado, e a sua mesma riqueza era a imunidade que tinha para roubar sem castigo, e ainda sem culpa. E como Dimas era ladrão pobre, e não tinha com que restituir, também não tinha impedimento a sua salvação, e por isso Cristo lha concedeu no mesmo momento. Pelo contrário: Zaqueu como era ladrão rico, e tinha muito com que restituir, não lhe podia Cristo segurar a salvação antes que restituísse, e por isso lhe dilatou a promessa. A mesma narração do Evangelho é a melhor prova desta diferença.
(Antônio Vieira. Essencial, 2011. Adaptado.)
1 Dimas, conhecido como “o bom ladrão”, foi um dos ladrões crucificados ao lado de Jesus Cristo.
2 Zaqueu era um coletor de impostos corrupto. Os coletores de impostos eram odiados pelos seus compatriotas judeus, que os viam como traidores trabalhando para o Império Romano.
Por razões estilísticas, Antônio Vieira recorre a várias inversões (ou seja, a alterações da ordem direta da frase). Em ordem direta, o trecho “a Dimas prometeu [...] o Senhor a salvação” assume a seguinte redação:
Questão 5 12619516
UEA - SIS 1ª Etapa 2024/2026 2023Para responder à questão abaixo, leia o trecho do “Sermão do bom ladrão”, de Antônio Vieira, pregado na Igreja da Misericórdia de Lisboa, no ano de 1655.
Assim como Cristo, Senhor nosso, disse a Dimas1 : “Hoje serás comigo no Paraíso”, assim disse a Zaqueu2 : “Hoje entrou a salvação nesta tua casa”. Mas o que muito se deve notar, é que a Dimas prometeu-lhe o Senhor a salvação logo, e a Zaqueu não logo, senão muito depois. E por que, se ambos eram ladrões, e ambos convertidos? Porque Dimas era ladrão pobre, e não tinha com que restituir o que roubara; Zaqueu era ladrão rico, e tinha muito com que restituir, diz o evangelista. E ainda que ele o não dissera, o estado de um e outro ladrão o declarava assaz. Por quê? Porque Dimas era ladrão condenado e se ele fora rico, claro está que não havia de chegar à forca; porém Zaqueu era ladrão tolerado, e a sua mesma riqueza era a imunidade que tinha para roubar sem castigo, e ainda sem culpa. E como Dimas era ladrão pobre, e não tinha com que restituir, também não tinha impedimento a sua salvação, e por isso Cristo lha concedeu no mesmo momento. Pelo contrário: Zaqueu como era ladrão rico, e tinha muito com que restituir, não lhe podia Cristo segurar a salvação antes que restituísse, e por isso lhe dilatou a promessa. A mesma narração do Evangelho é a melhor prova desta diferença.
(Antônio Vieira. Essencial, 2011. Adaptado.)
1 Dimas, conhecido como “o bom ladrão”, foi um dos ladrões crucificados ao lado de Jesus Cristo.
2 Zaqueu era um coletor de impostos corrupto. Os coletores de impostos eram odiados pelos seus compatriotas judeus, que os viam como traidores trabalhando para o Império Romano.
Em “ainda que ele o não dissera, o estado de um e outro ladrão o declarava assaz”, a locução sublinhada pode ser substituída, sem qualquer prejuízo para o sentido da frase, por:
Pastas
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