Questões de Literatura - Literatura brasileira - Escolas Literárias - Pré-Modernismo
520 Questões
Questão 50 14535262
FATEC 2025/1O HOMEM
O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.
A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas.
É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente. A pé, quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo sobre um dos estribos, descansando sobre a espenda da sela. Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear característico, de que parecem ser o traço geométrico os meandros das trilhas sertanejas. (...)
É o homem permanentemente fatigado.
Os Sertões. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003. CUNHA, Euclides.
Os Sertões é um clássico da literatura pré-modernista que narra os acontecimentos sangrentos da
Questão 26 14529990
UEMA PAES 2025Os fragmentos, a seguir, descrevem, de alguma forma, configurações socioespaciais que influenciam ações dos personagens e a constituição do espaço ficcional.
TEXTO I
Há muito tempo ardia de impaciência por tal viagem: pensara nisso todos os dias; fizera cálculos, imaginara futuras felicidades. Queria teatros bufos, ceias ruidosas ao lado de francesas, passeios fora de horas, a carro, pelos arrabaldes. Seu espírito, excessivamente romântico, como o de todo maranhense nessas condições, pedia uma grande cidade, velha, cheia de ruas tenebrosas, cheias de mistérios, de hotéis, de casas de jogo, de lugares suspeitos e de mulheres caprichosas [...].
AZEVEDO, Aluísio de. Casa de Pensão. Editora Ática, 1997.
TEXTO II
[...] alguém, que já estivera no Mutúm, tinha dito: ― "É um lugar bonito, entre morro e morro, com muita pedreira e muito mato, distante de qualquer parte; e lá chove sempre..."
Mas sua mãe, que era linda e com cabelos pretos e compridos, se doía de tristeza de ter de viver ali. Queixava-se, principalmente nos demorados meses chuvosos, quando carregava o tempo, tudo tão sozinho, tão escuro, o ar ali era mais escuro; ou, mesmo na estiagem, qualquer dia, de tardinha, na hora do sol entrar. — "Oê, ah, o triste recanto..." — ela exclamava.
ROSA, João Guimarães. Manuelzão e Miguilim. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
Considerando as paisagens culturais brasileiras, é correto afirmar que, no texto I,
Questão 28 14625457
FGV-SP Administração - UNIFICADO 2024Texto para a questão.
Capítulo VI
O fim
Não há relatar o que houve a 3 e a 4**.
A luta, que viera perdendo dia a dia o caráter militar, degenerou, ao cabo*, inteiramente. Foram-se os últimos traços de um formalismo inútil: deliberações de comando, movimentos combinados, distribuições de forças, os mesmos toques de cornetas, e por fim a própria hierarquia, já materialmente extinta num exército sem distintivos e sem fardas.
Sabia-se de uma coisa única: os jagunços não poderiam resistir por muitas horas. Alguns soldados se haviam abeirado do último reduto e colhido de um lance
a situação dos adversários. Era incrível: numa cava quadrangular, de pouco mais de metro de fundo, ao lado da igreja nova, uns vinte lutadores, esfomeados e rotos, medonhos de ver-se, predispunham-se a um suicídio formidável*. Chamou-se aquilo o “hospital de sangue” dos jagunços. Era um túmulo. De feito*, lá estavam, em maior número, os mortos, alguns de muitos dias já, enfileirados ao longo das quatro bordas da escavação e formando o quadrado assombroso dentro do qual uma dúzia de moribundos, vidas concentradas na última contração dos dedos nos gatilhos das espingardas, combatiam contra um exército.
E lutavam com relativa vantagem ainda.
Pelo menos fizeram parar os adversários. Destes os que mais se aproximaram lá ficaram, aumentando a trincheira sinistra de corpos esmigalhados e sangrentos. Viam-se, salpintando o acervo de cadáveres andrajosos dos jagunços, listras vermelhas de fardas e entre elas as divisas do sargento ajudante do 39º que lá entrara, baqueando logo. Outros tiveram igual destino. Tinham a ilusão do último recontro* feliz e fácil: romperem pelos últimos casebres envolventes, caindo de chofre sobre os titãs combalidos*, fulminando-os, esmagando-os...
Mas eram terríveis lances, obscuros para todo o sempre. Raro tornavam os que os faziam. Aprumavam-se sobre o fosso e sopeava-lhes* o arrojo o horror de um quadro onde a realidade tangível* de uma trincheira de mortos, argamassada de sangue e esvurmando* pus, vencia todos os exageros da idealização mais ousada. E salteava-os a atonia* do assombro...
Canudos não se rendeu
Fechemos este livro.
Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado* palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.
Forremo-nos* à tarefa de descrever os seus últimos momentos. Nem poderíamos fazê-lo. Esta página, imaginamo-la sempre profundamente emocionante e trágica; mas cerramo-la vacilante e sem brilhos.
Vimos como quem vinga* uma montanha altíssima. No alto, a par de uma perspectiva maior, a vertigem...
Ademais, não desafiaria a incredulidade do futuro a narrativa de pormenores em que se amostrassem mulheres precipitando-se nas fogueiras dos próprios lares, abraçadas aos filhos pequeninos?...
E de que modo comentaríamos, com a só fragilidade da palavra humana, o fato singular de não aparecerem mais, desde a manhã de 3, os prisioneiros válidos* colhidos na véspera, e entre eles aquele Antônio Beatinho que se nos entregara, confiante – e a quem devemos preciosos esclarecimentos sobre esta fase obscura da nossa história?
Caiu o arraial a 5. No dia 6 acabaram de o destruir desmanchando-lhe as casas, 5.200 cuidadosamente contadas.
**as datas referem-se ao mês de outubro de 1897
Euclides da Cunha, Os sertões.
*Glossário
“ao cabo”: no fim
“formidável”: impressionante
“De feito”: De fato
“recontro”: combate
“combalidos”: enfraquecidos
“sopeava-lhes”: continha-lhes
“tangível”: concreta
“esvurmando”: espremendo
“atonia”: apatia
“Expugnado”: conquistado
“Forremo-nos”: livremo-nos
“vinga”: galga, sobe
“válidos”: sadios
Pleonasmo sintático é um recurso expressivo que consiste no emprego, numa mesma frase, de dois termos para exercer a mesma função.
Esse recurso ocorre na seguinte frase do texto:
Questão 16 14614370
UFAM PSC 2º etapa 2023O fragmento a seguir pertence ao livro Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto:
“Além disto, os subúrbios têm mais aspectos interessantes [...] as casas de cômodos (quem as suporia lá!) constituem um deles bem inédito. Casas que mal dariam para uma pequena família, são divididas, subdivididas, e os minúsculos aposentos assim obtidos, alugados à população miserável da cidade. Aí, nesses caixotins humanos, é que se encontra a fauna menos observada da nossa vida, sobre a qual a miséria paira com um rigor londrino.”
É CORRETO afirmar que:
Questão 13 9764816
IMEPAC Itumbiara 2023/1Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto
expediente protocolo e manifestações de apreço ao sr.
Diretor.
Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no
dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas.
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de
exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
BANDEIRA, Manuel. Poética. Disponível em: https://www. culturagenial.com/poemas-modernistas-brasileiros/. Acesso em: 2 set. 2022.
Esse poema dialoga com o contexto de sua produção ao
Questão 40 9498100
UNIFOR 1ª Fase Medicina 2023/1A Fundação Edson Queiroz (FEQ) inaugura, dia 22 de março de 2022, uma mega exposição sobre os “100 anos da Semana de Arte Moderna em acervos do Ceará”, em celebração ao centenário do movimento que teve papel fundamental na consolidação do modernismo no Brasil. Com curadoria de Regina Teixeira de Barros e consultoria de Aracy Amaral, a mostra ficará em cartaz no Espaço Cultural Unifor, com acesso grátis a toda a população. É mais uma ação da FEQ para compartilhar conhecimento neste momento em que comemora também 50 anos de fundação. "A Semana de Arte Moderna de 1922 foi um marco na história da arte brasileira e como uma grande entusiasta das artes e detentora de um belíssimo acervo de artistas modernistas, a Fundação Edson Queiroz não podia deixar de homenagear o movimento. A mostra é também uma oportunidade de lançar um olhar inédito sobre a produção artística do Ceará, exaltando a capacidade vanguardista dos nossos artistas, como temos feito ao longo dos nossos 50 anos de existência”, destaca a presidente da Fundação Edson Queiroz, Lenise Queiroz Rocha.
Disponível em https://www.unifor.br/-/fundacao-edson-queiroz-abre-grande-exposicao-em-homenagem-aos-100- anos-da-semana-de-arte-moderna. Acesso em: 08 out. 2022.
A partir da notícia acima, marque a alternativa correta referente ao centenário do Modernismo no Brasil.
Pastas
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