Questões de Literatura - Literatura brasileira - Escolas Literárias
8.772 Questões
Questão 31 14650234
UECE Específicas 2ª Fase 1° Dia 2025/2Todo camburão tem um pouco de navio negreiro
O Rappa
[1] Tudo começou quando a gente conversava
Naquela esquina ali
De frente àquela praça
Veio os homens
[5] E nos pararam
Documento por favor
Então a gente apresentou
Mas eles não paravam
Qual é negão? Qual é negão?
[10] O que que tá pegando?
Qual é negão? Qual é negão?
É mole de ver
Que em qualquer dura
O tempo passa mais lento pro negão
[15] Quem segurava com força a chibata
Agora usa farda
Engatilha a macaca
Escolhe sempre o primeiro
Negro pra passar na revista
[20] Pra passar na revista
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro
É mole de ver
Que para o negro
[25] Mesmo a AIDS possui hierarquia
Na África a doença corre solta
E a imprensa mundial
Dispensa poucas linhas
Comparado, comparado
[30] Ao que faz com qualquer
Figurinha do cinema
Comparado, comparado
Ao que faz com qualquer
Figurinha do cinema
[35] Ou das colunas sociais
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro
O RAPPA. Todo camburão tem um pouco de navio negreiro. In: O Rappa. Rio de Janeiro: Warner Music, 1994. Disponível em: https://open.spotify.com/intl-pt/track/3csVVy81hO5HeGLSNgb7P7. Acesso em: 1º maio 2025.
Assinale a alternativa correta em relação ao trecho “É mole de ver / Que em qualquer dura / O tempo passa mais lento pro negão” (linhas 12-14).
Questão 11 14644720
UECE 1ª Fase 2025/2O amor acaba
Paulo Mendes Campos
[46] O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num
domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba
em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro
onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro
[50] que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela
esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o
escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois
duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e
acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como
[55] tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro
como dois polvos de solidão; como se as mãos
soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia
dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas
sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de
[60] alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro
errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor
nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas
as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe
faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de
[65] casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão
ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e
nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às
províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser
outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da
[70] simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três
goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas
vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas
que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio
inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em
[75] apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de
delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor
acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo
imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas
com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para
[80] o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada
para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o
amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na
usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar
pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em
[85] São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o
amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor
acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba
na mesma música que começou, com o mesmo drinque,
diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro
[90] e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas
encruzilhadas de Paris, Londres, Nova York; no coração
que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável
para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos
os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba
[95] depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela
que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e
é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa,
que continua reverberando sem razão até que alguém,
humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como
[100] se fosse melhor nunca ter existido; mas pode acabar com
doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e
acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde,
de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do
verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno;
[105] em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o
amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para
recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o
amor acaba.
CAMPOS, Paulo Mendes. O amor acaba. In: CAMPOS, Paulo Mendes. O amor acaba: crônicas líricas e existenciais. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
No trecho “[...] no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor [...]” (linhas 91-93), a elipse de um termo contribui para a construção de sentido.
Assinale a alternativa em que esse termo está corretamente relacionado ao efeito de sentido construído com a elipse.
Questão 56 14615155
ACAFE Medicina - Inverno 2025/2Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis critica a elite brasileira do século XIX por meio da sátira à figura do "defunto-autor", que relata sua vida de privilégios e inutilidade.
Sobre as relações entre o contexto histórico e as características da saúde, no Brasil oitocentista, presentes na obra machadiana, assinale a alternativa CORRETA.
Questão 46 14594293
Campo Real Medicina 2025O trecho a seguir é referência para a questão abaixo.
15 DE JULHO DE 1955. Aniversário de minha filha Vera Eunice. Eu pretendia comprar um par de sapatos para ela. Mas o custo dos generos alimenticios nos impede a realização dos nossos desejos. Atualmente somos escravos do custo de vida. Eu achei um par de sapatos no lixo, lavei e remendei para ela calçar.
Eu não tinha um tostão para comprar pão. Então eu lavei 3 litros e troquei com o Arnaldo. Ele ficou com os litros e deu-me pão. Fui receber o dinheiro do papel. Recebi 65 cruzeiros. Comprei 20 de carne. 1 quilo de toucinho e 1 quilo de açucar e seis cruzeiros de queijo. E o dinheiro acabou-se.
Passei o dia indisposta. Percebi que estava resfriada. A noite o peito doia-me. Comecei a tussir. Resolvi não sair a noite para catar papel. Procurei meu filho João José. Ele estava na rua Felisberto de Carvalho, perto do mercadinho. O onibus atirou um garoto na calçada e a turba afluiu-se. Ele estava no nucleo. Dei-lhe uns tapas e em cinco minutos ele chegou em casa.
Ablui as crianças, aleitei-as e ablui-me e aleitei-me. Esperei até as 11 horas, um certo alguem. Ele não veio. Tomei um melhoral e deitei-me novamente. Quando despertei o astro rei deslisava no espaço. A minha filha Vera Eunice dizia: – Vai buscar agua mamãe!
Jesus, C. M. de. Quarto de despejo. Diário de uma favelada. São Paulo: Editora Ática, 1995. p. 9.
Em relação à(s) temática(s) abordada(s) em Quarto de despejo (1960), é correto afirmar que o diário está centrado:
Questão 25 14567681
Unioeste 1° Etapa Manhã 2025O poema “Descreve naquele tempo o que era a cidade da Bahia” de autoria de Gregório de Matos é um exemplo significativo da poesia do autor denominado como Boca do Inferno.
Quanto à poesia do autor, trata-se de um soneto que se enquadra em seu seguinte estilo
Questão 21 14567659
Unioeste 1° Etapa Manhã 2025Acerca do poema “Buscando a Cristo”, de Gregório de Matos, assinale a alternativa INCORRE TA.
Pastas
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