Não posso escrever enquanto estou ansiosa ou espero soluções porque em tais períodos faço tudo para que as horas passem; e escrever é prolongar o tempo, é dividi-lo em partículas de segundos, dando a cada uma delas uma vida insubstituível.”

LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1977.

Segundo a leitura do trecho acima de Clarice Lispector, podemos inferir que

Não posso escrever enquanto estou ansiosa ou espero soluções porque em tais períodos faço tudo para que as horas passem; e escrever é prolongar o tempo, é dividi-lo em partículas de segundos, dando a cada uma delas uma vida insubstituível.

LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1977.

Segundo a leitura do trecho acima de Clarice Lispector, podemos inferir que

- Se um dia soubesse de seu pai, o que você faria?

O rapaz encarou esse homem, fuzilando-o com severidade. Então, ele havia de decifrar mais essa chave? Um vazio o devorava por dentro, amargava-lhe a boca. Seu Epifânio reencenou a pergunta enfrentando-o com um olhar ainda mais grave.

- Se souber do seu opai agora, o que você fará?

O rapaz tentou feri-lo com a ponta seca do silêncio, mas não conseguiu sustentar o duelo. Mesmo sem querer, baixou o olhar e encarou uma página em branco no chão. Mas aí não estava, as linhas sobrescritas, e as lágrimas afogavam seus olhos. Ele se equilibrou sobre o horizonte longínquo e foi recuando até encontrar de novo o balanço das roseiras. De lá, veio-lhe um sentido de busca. Respirou fundo e apontou a resposta pendendo dos galhos:

- Eu lhe dava aquele ramo de rosas vermelhas, com os espinhos que carreguei por todos esses anos.

Seu Epifânio, num ato solene, recomendou-lhe, com o olhar mergulhado nas distâncias:

- Amanhã cedinho, colha o ramo de rosas vermelhas.

Ele disse isso, voltou-se para o rapaz. Completou a frase, apontando:

- E olha o ramo de rosas também.

Virou as costas e entrou na casa. O rapaz ficou matutando com as roseiras. Aquele dia mergulhou no mais completo silêncio entre os dois. Era de novo um sábado. E foi o dia mais longo que o rapaz conheceu na vida, que se prolongou pela noite, pela madrugada. De hora em hora, ele se assustava, sem acertar os passos do sono nem do sonho.

(FONSECA, Aleilton. Desterro dos mortos) - fragmento

"Seu Epifânio, num ato solene , recomendou-lhe, com o olhar mergulhado nas distâncias..." A expressão sublinhada no fragmento destacado exerce igual função sintática daquela sublinhada em:

Assinale a alternativa correta sobre os elementos formais que compõem o romance Nove noites (2002), de Bernardo Carvalho.

    Passado muito tempo, resolvi tentar falar, porque estava sozinha me embrenhando na mesma vereda que Donana costumava entrar. Ainda recordo da palavra que escolhi: arado. Me deleitava vendo meu pai conduzindo o arado velho da fazenda carregado pelo boi, rasgando a terra para depois lançar grãos de arroz em torrões marrons e vermelhos revolvidos. Gostava do som redondo, fácil e ruidoso que tinha ao ser enunciado. “Vou trabalhar no arado.” “Vou arar a terra.” “Seria bom ter um arado novo, esse arado tá troncho e velho.” O som que deixou minha boca era uma aberração, uma desordem, como se no lugar do pedaço perdido da língua tivesse um ovo quente. Era um arado torto, deformado, que penetrava a terra de tal forma a deixá-la infértil, destruída, dilacerada.

VIEIRA JR.,. Torto arado. São Paulo: Todavia, 2019.

Com a perda de parte da língua na infância, a narradora tenta voltar a falar.

Essa tentativa revela uma experiência que

Insubmissas lágrimas de mulheres, da escritora Conceição Evaristo, é um livro que apresenta questões relativas à vida de uma parte da população feminina brasileira.

Sobre essa obra, assinale a alternativa CORRETA: