Questões de Literatura - Classicismo
50 Questões
Questão 54 15014025
UNIFOR Demais Cursos 2024/1
Disponível em: https://www.portaldapropaganda.com.br. Acesso em: 10 out 2023
Por meio da recriação de uma ilustração clássica de Inferno, primeira parte da obra A Divina Comédia, do italiano Dante Alighieri, essa peça publicitária, que integra uma campanha dos Médicos sem Fronteiras, apela para
Questão 35 14740772
UEM Pas 1 Etapa 2024Sobre o poema a seguir, e correlações, assinale o que for correto.
Alma minha gentil, que te partiste
tão cedo desta vida descontente,
repousa lá no Céu eternamente
e viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento etéreo, onde subiste,
memória desta vida se consente,
não te esqueças daquele amor ardente
que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
alguma cousa a dor que me ficou
da mágoa, sem remédio, de perder-te,
roga a Deus, que teus anos encurtou,
que tão cedo de cá me leve a ver-te,
quão cedo de meus olhos te levou.
CAMÕES, L. V. de. Sonetos. São Paulo: Ática, 2012.
Assim como a poesia de Cláudio Manuel da Costa, caracterizada pela produção de poemas identificados com o locus horrendus, Camões compõe uma poesia agitada e nervosa, marcada pelo movimento futurista. O poema, cujo tema central consiste na evocação do mar, revela a crença na grandeza do povo português, capaz de superar as piores adversidades. O eu lírico cultua a morte porque ela o levará a se unir, para sempre, à sua amada
Com o estabelecimento do Classicismo em Portugal, Camões abandona em definitivo as marcas teocêntricas para dedicar-se apenas ao cultivo das características antropocêntricas, tônicas do Renascimento. Daí a exclusividade de temáticas alegres, venturosas, positivas. No poema, o neoplatonismo amoroso assumido pelo eu lírico canta o amor profano e carnal.
O poema privilegia uma literatura agressiva e provocadora em que se percebe o lado sombrio da literatura portuguesa palaciana, que buscava chocar. O eu lírico inspirava-se no pensamento iluminista, cujos representantes eram, em Portugal, Fernando Pessoa e Olavo Bilac. O poema evoca o lado mais sofrido da humanidade, a angústia existencial extrema.
Com caráter antitético e um enfoque também religioso, perceptível especialmente na quarta estrofe, o soneto apresenta rimas interpoladas (“partiste”/“triste”), emparelhadas (“descontente”/“eternamente”), cruzadas (nos dois tercetos), métrica decassilábica, linguagem culta e respeitosa, delicadeza afetiva (“não te esqueças daquele amor ardente”). Embora com traços maneiristas, o poema pertence ao Classicismo português.
O poema apresenta inversão da ordem natural de termos na frase (hipérbato), como se pode verificar no verso (“que já nos olhos meus tão puro viste.”). Além de ser apostrófico, trazendo o vocativo já no primeiro verso, apresenta advérbios de lugar cuja principal função é patentear a separação dos amantes. O uso de eufemismos (“partiste / tão cedo desta vida descontente,”; “repousa lá no Céu eternamente”) ameniza, para o eu lírico, a dor da perda da “Alma” “gentil” (sua amada).
Questão 33 14750537
UEM Pas 1 Etapa 2023Assinale o que for correto.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e enfim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto:
que não se muda já como soía.
CAMÕES, L. V. de. Sonetos.
Vocabulário
vontades: desejos, afetos.
mor: maior
soía: costumava
Há no soneto uma ruptura com a estética clássica, consequência da exploração de elementos da religiosidade cristã e da experiência com o mundo exterior. O poema explora os estilos cultista e conceptista, especialmente no que se refere ao desequilíbrio e ao ambiente fantasmagórico ultrarromântico. A recriação da paisagem ocorre por meio de descrição, e a natureza acaba por se tornar o único refúgio para o eu lírico.
Construído com versos decassílabos, rimas emparelhadas, interpoladas e predominantemente pobres, o poema tematiza os destinos do homem e do mundo nos quais nada permanece estático. O verso “diferentes em tudo da esperança;” é indício de que as mudanças não correspondem àquilo que o eu lírico esperava.
Além das anáforas presentes na primeira estrofe, o poema apresenta, na terceira estrofe, duas prosopopeias: na primeira, há referência a duas estações do ano: inverno e primavera; na segunda, como as mudanças não correspondem às expectativas do eu lírico, “o doce canto” é convertido “em choro”. Confluem no texto elementos procedentes da memória dinâmica (automática) e da memória contemplativa (olhar atento).
Nas três primeiras estrofes, o eu lírico desenvolve argumentações referentes a diversos tipos de mudança que ocorrem no mundo. No fim do poema, ele reconhece, espantado, que, além de todas as mudanças perceptíveis, há uma mudança no interior da própria mudança: as coisas mudam, mas não mais como se modificavam antes.
Inspirada em Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga, a composição pode ser classificada como poesia árcade devido a marcas neoclássicas: aproveitamento do instante, bucolismo, lugar aprazível, corte dos exageros. O eu lírico, ao mencionar a relva esverdeada, remete à falta de esperança, às mágoas deixadas pelo mal na lembrança, às saudades dos momentos alegres junto de sua musa (a pastora Marília) e à desesperança na possibilidade de mudança para uma vida mais tranquila.
Questão 22 9472880
UnB - PAS 2019/1No que se refere ao poema Triste Bahia, de Gregório de Matos, e aos múltiplos aspectos a ele relacionados, julgue o item.
Triste Bahia
Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.
[5] A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.
Deste em dar tanto açúcar excelente
[10] Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.
Oh se quisera Deus que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!
Gregório de Matos.
A forma do poema é fixa, percebendo-se nele regularidades em termos de métrica e rima que são muito utilizadas tanto no Barroco quanto no Classicismo.
Questão 42 396216
URCA 2° Dia 2018/1São os principais representantes, na literatura portuguesa, do Classicismo:
Questão 14 305999
ESPM 2018/3Considere os dois textos que seguem:
Porém já cinco sóis eram passados
Que dali nos partíramos, cortando
Os mares nunca doutrem navegados,
Prosperamente os ventos assoprando,
Quando uma noite, estando descuidados
Na cortadora proa vigiando,
Uma nuvem, que os ares escurece,
Sobre nossas cabeças aparece. (...)
(Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, 1572)
Nem cinco sóis eram passados que de vós nos partíramos, quando a mais temerosa desdita pesou sobre Nós. Por uma bela noite dos idos de maio do ano translato, perdíamos a muiraquitã (...).
(Macunaíma, de Mário de Andrade, 1928)
Observando que o segundo texto é posterior ao primeiro, pode-se dizer que Mário de Andrade utilizou o seguinte recurso em relação a Camões:
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